Unicamp cria método que analisa danos dos xampus aos cabelos Metodologia para medir os danos causados aos cabelos por substâncias presentes em produtos é criada na Unicamp e pode ajudar a indústria a melhorar processo de fabricação. | |
Metodologia consiste em expor mechas de cabelo em frascos contendo cada tensoativo por 96 horas. |
A maioria das mulheres e, no contexto atual da sociedade, homens também, preocupam-se consideravelmente com os cabelos. Para manter o visual aprumado, as madeixas são tratadas à base de diversos produtos químicos que, se não usados com parcimônia, podem prejudicar em demasia os fios no futuro. Pensando numa cabeleira saudável, o químico Rafael Pires de Oliveira desenvolveu uma metodologia que calcula os danos causados por substâncias tensoativas presentes em fórmulas de variados cosméticos, especialmente xampus, dos mais baratos aos de marcas luxuosas.
A dissertação de mestrado do pesquisador da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), sob o título "Degradação de cabelo causada por tensoativos: quantificação por meio da análise das soluções de lavagem por espectrofotometria UV-VIS", avalia os surfactantes, moléculas que têm atividade detergente, responsáveis pela limpeza dos cabelos, e o seu poder em provocar perda de proteínas e de melanina, substâncias de grande importância para a manutenção dos fios, que são fibra natural composta de quatro principais camadas diretamente atingidas por substâncias danosas. Cutícula e córtex são as áreas mais afetadas. A primeira é a parte mais externa do fio, enquanto a segunda reúne macrofibrilas de queratina – proteína fibrosa composta por aminoácidos.
Tensoativos
Sendo assim, segundo Oliveira, a indústria poderá escolher os tensoativos menos danosos. "O método que desenvolvi pode ser incorporado às práticas de pesquisa dentro das empresas, possibilitando a avaliação e quantificação de danos que as substâncias tensoativos causam nos cabelos", frisa. Ademais, surfactantes menos nocivos podem ser incluídos na formulação dos xampus, que não necessitarão de tamanha quantidade de componentes condicionadores, "que conferem o aspecto dito saudável do cabelo".
Oliveira comenta que a indústria faz constantes estudos sobre a utilização de várias fórmulas em seus produtos. No entanto, como não há a publicação em periódicos científicos, na maioria das vezes não ocorre a validação das pesquisas por outros cientistas. "Em geral, as indústrias do setor cosmético requerem patentes das formulações para proteger as suas pesquisas em vez de publicá-las. Além disso, poucas empresas desse setor têm laboratórios de pesquisa científica alocados no Brasil", afirma. Segundo o pesquisador, o desenvolvimento científico advém de laboratórios localizados nos Estados Unidos e na Europa, onde se encontram as matrizes das multinacionais.
Quanto à segurança, Rafael Oliveira garante que as indústrias não usam quaisquer componentes que sejam prejudiciais à saúde dos usuários e seguem as normas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Apesar de causarem danos aos cabelos, os tensoativos utilizados são seguros à saúde, conforme as orientações da Anvisa. "Um bom xampu é aquele que melhora o aspecto dos cabelos do consumidor", exalta o pesquisador da Unicamp.
Fonte:http://www.em.com.br/app/noticia/tecnologia/2013/10/28/
A dissertação de mestrado do pesquisador da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), sob o título "Degradação de cabelo causada por tensoativos: quantificação por meio da análise das soluções de lavagem por espectrofotometria UV-VIS", avalia os surfactantes, moléculas que têm atividade detergente, responsáveis pela limpeza dos cabelos, e o seu poder em provocar perda de proteínas e de melanina, substâncias de grande importância para a manutenção dos fios, que são fibra natural composta de quatro principais camadas diretamente atingidas por substâncias danosas. Cutícula e córtex são as áreas mais afetadas. A primeira é a parte mais externa do fio, enquanto a segunda reúne macrofibrilas de queratina – proteína fibrosa composta por aminoácidos.
Pegou-se mechas de cabelos embebeu-as em soluções de tensoativos e usou sistema de lavagem por espectrofotometria. |
A principal motivação para o estudo foi um pedido de uma indústria específica da área. "Uma empresa do setor de cuidados pessoais nos procurou para saber se era possível desenvolver uma metodologia mais prática para quantificar e comparar os danos aos cabelos gerados em longo prazo pelo uso de xampus com diferentes tensoativos", comenta Rafael Oliveira. Ele já havia realizado trabalhos de pesquisa com os fios, e aceitou o desafio de se aprofundar no tema. "Meu estudo visou analisar e quantificar os danos gerados por diferentes substâncias tensoativas usadas em xampus", diz.
O químico analisou 16 surfactantes. Sua metodologia consistiu em expor mechas de cabelo em frascos contendo cada um dos tensoativos por 96 horas. Ao final desse período, o cientista observou o líquido de cada um dos frascos utilizando um espectrofotômetro – aparelho que é capaz de quantificar substâncias de acordo com a absorção de luz característica das mesmas. A partir de tal leitura foi possível ter noção da extensão dos danos aos cabelos provocados pelos tensoativos.
"Para quantificar o grau de degradação de um tensoativo, uma amostra de cabelo castanho escuro foi colocada em contato com uma solução do tensoativo e deixada por um longo tempo a 38°C, que é a temperatura média da água do banho", diz o pesquisador. Contudo, Oliveira ressalta que o tempo prolongado de contato dos cabelos com os surfactantes procurou igualar-se a um resultado cumulativo, que extrapolasse os efeitos dos tensoativos na fibra capilar. Para detectar o quão degradante era a ação de cada substância, partiu-se da medida quantitativa de cor na solução do tensoativo no qual o cabelo estava em contato.
Nos resultados, Rafael observou que "os tensoativos que mais agridem os cabelos são os aniônicos, entre eles o lauril éter sulfato de sódio, que está presente na maioria das formulações de xampu do mercado, independentemente do valor do produto". A pesquisa concluiu que todos os surfactantes causam danos aos cabelos (uns mais e outros menos), provocando ressecamento dos fios e tornando-os mais quebradiços, principalmente nas pontas. "Como esperado, tanto os tensoativos quanto a água causam degradação da fibra capilar, desde a remoção de fragmentos de cutícula até a extração de melanina do córtex e de material proteico", explica.
Em suas observações, o pesquisador notou um grau de degradação da fibra capilar que varia de acordo com o índice HLB dos tensoativos. "Esse índice, chamado balança hidrófilo-lipófilo (HLB), está presente em tensoativos aniônicos, que extraem em maior quantidade ou mais rapidamente as substâncias do cabelo (sujidades, gordura, poeira etc.). Já os tensoativos anfotéricos, que têm menor força detergente, degradam menos os fios", acrescenta.
Os tensoativos não iônicos, segundo Rafael Oliveira, podem atingir o cabelo na mesma intensidade, ou ainda menor, que a água. Mas são usados, geralmente, como agentes de consistência, normalmente usado em condicionadores capilares e cremes diversos.
O químico analisou 16 surfactantes. Sua metodologia consistiu em expor mechas de cabelo em frascos contendo cada um dos tensoativos por 96 horas. Ao final desse período, o cientista observou o líquido de cada um dos frascos utilizando um espectrofotômetro – aparelho que é capaz de quantificar substâncias de acordo com a absorção de luz característica das mesmas. A partir de tal leitura foi possível ter noção da extensão dos danos aos cabelos provocados pelos tensoativos.
"Para quantificar o grau de degradação de um tensoativo, uma amostra de cabelo castanho escuro foi colocada em contato com uma solução do tensoativo e deixada por um longo tempo a 38°C, que é a temperatura média da água do banho", diz o pesquisador. Contudo, Oliveira ressalta que o tempo prolongado de contato dos cabelos com os surfactantes procurou igualar-se a um resultado cumulativo, que extrapolasse os efeitos dos tensoativos na fibra capilar. Para detectar o quão degradante era a ação de cada substância, partiu-se da medida quantitativa de cor na solução do tensoativo no qual o cabelo estava em contato.
Nos resultados, Rafael observou que "os tensoativos que mais agridem os cabelos são os aniônicos, entre eles o lauril éter sulfato de sódio, que está presente na maioria das formulações de xampu do mercado, independentemente do valor do produto". A pesquisa concluiu que todos os surfactantes causam danos aos cabelos (uns mais e outros menos), provocando ressecamento dos fios e tornando-os mais quebradiços, principalmente nas pontas. "Como esperado, tanto os tensoativos quanto a água causam degradação da fibra capilar, desde a remoção de fragmentos de cutícula até a extração de melanina do córtex e de material proteico", explica.
Em suas observações, o pesquisador notou um grau de degradação da fibra capilar que varia de acordo com o índice HLB dos tensoativos. "Esse índice, chamado balança hidrófilo-lipófilo (HLB), está presente em tensoativos aniônicos, que extraem em maior quantidade ou mais rapidamente as substâncias do cabelo (sujidades, gordura, poeira etc.). Já os tensoativos anfotéricos, que têm menor força detergente, degradam menos os fios", acrescenta.
Os tensoativos não iônicos, segundo Rafael Oliveira, podem atingir o cabelo na mesma intensidade, ou ainda menor, que a água. Mas são usados, geralmente, como agentes de consistência, normalmente usado em condicionadores capilares e cremes diversos.
Os tensoativos que mais agridem os cabelos são os aniônicos, entre eles o lauril éter sulfato de sódio, que está presente na maioria das formulações de xampu do mercado, independentemente do valor do produto |
Tensoativos
Sendo assim, segundo Oliveira, a indústria poderá escolher os tensoativos menos danosos. "O método que desenvolvi pode ser incorporado às práticas de pesquisa dentro das empresas, possibilitando a avaliação e quantificação de danos que as substâncias tensoativos causam nos cabelos", frisa. Ademais, surfactantes menos nocivos podem ser incluídos na formulação dos xampus, que não necessitarão de tamanha quantidade de componentes condicionadores, "que conferem o aspecto dito saudável do cabelo".
Oliveira comenta que a indústria faz constantes estudos sobre a utilização de várias fórmulas em seus produtos. No entanto, como não há a publicação em periódicos científicos, na maioria das vezes não ocorre a validação das pesquisas por outros cientistas. "Em geral, as indústrias do setor cosmético requerem patentes das formulações para proteger as suas pesquisas em vez de publicá-las. Além disso, poucas empresas desse setor têm laboratórios de pesquisa científica alocados no Brasil", afirma. Segundo o pesquisador, o desenvolvimento científico advém de laboratórios localizados nos Estados Unidos e na Europa, onde se encontram as matrizes das multinacionais.
Quanto à segurança, Rafael Oliveira garante que as indústrias não usam quaisquer componentes que sejam prejudiciais à saúde dos usuários e seguem as normas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Apesar de causarem danos aos cabelos, os tensoativos utilizados são seguros à saúde, conforme as orientações da Anvisa. "Um bom xampu é aquele que melhora o aspecto dos cabelos do consumidor", exalta o pesquisador da Unicamp.
Fonte:http://www.em.com.br/app/noticia/tecnologia/2013/10/28/
Comentários
Postar um comentário