Livro revela por que pessoas vivem mais de um
século nas "Zonas Azuis"
10/01/2010 - 18h15
Como viver mais de um
século com um estilo de vida saudável? Qual a prescrição dos especialistas?
Enquanto pesquisava para uma de suas matérias, Dan Buettner --que escreve para
a revista "National Geographic"-- percebeu que seus achados renderiam
um livro.
Livro mostra lugares no mundo onde pessoas são mais longevas |
O explorador, que tem
viajado pelo globo para descobrir as melhores estratégias para a longevidade,
encontrou as chamadas "The Blue Zones" ("As Zonas Azuis",
em tradução livre) --lugares no mundo onde as porcentagens de longevidade são
muito altas."The Blue Zones:
Lessons for Living Longer from the People Who've Lived the Longest", ainda
sem edição em português, trata dos locais no mundo onde as pessoas são mais
longevas.
No livro, ele revela
a receita misturando a fórmula estilo de vida saudável com as últimas
descobertas científicas para mostrar para o leitor que todos podem adicionar
alguns anos em sua existência.
Saiba por que os
habitantes de Okinawa (Japão), Sardenha (Itália) e Loma Linda (Califórnia, EUA)
vivem mais e possuem vidas mais saudáveis do que qualquer pessoa do globo.
Exemplos não faltam
para empolgar os desanimados pelo estresse cotidiano. O leitor conhecerá uma
avó de 102 anos em Okinawa e um senhor de 102 anos na Sardenha que caminham
cerca de dez quilômetros por dia, entre outros casos curiosos.
Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/folha/livrariadafolha/ult10082u677090.shtml
A Ilha dos
Anciãos
Os
Segredos dos Centenários da Sardenha
Sinopse
Por que os
habitantes da ilha da Sardenha, no Mediterrâneo, têm mais chances de chegar aos
100 anos do que qualquer outra pessoa no mundo? Será uma questão genética? Ou o
motivo reside na alimentação saudável, a base de produtos orgânicos? Ou então,
será que a causa é um passado de trabalho árduo ao ar livre, longe do
sedentarismo?
Em sua busca
para descobrir a "fonte da juventude" da Sardenha, o premiado
jornalista Ben Hills e a fotógrafa Mayu Kanamori viajaram por essa ilha de
anciãos e conheceram um elenco de centenários multicoloridos, cada qual com sua
atitude própria diante da vida. O comportamento comum os idosos sardos são os
laços estreitos com a família e a comunidade, que adota a vida simples desses
simpáticos velhinhos.
10/01/2010 - 21h01
Conheça os centenários da Sardenha e seus segredos
de longevidade; leia trecho
da Livraria
da Folha
Quando completam 100
anos, os habitantes da Sardenha, ilha italiana,
recebem uma carta do papa felicitando a data. O jornalista Ben Hills, famoso na
Austrália, foi conferir por que os moradores desse ponto do Mediterrâneo têm
mais chances do que qualquer outra pessoa no mundo de chegar a um século de
vida. Ele investigou a alimentação e outros hábitos da rotina dos simpáticos
idosos sardos para escrever o livro "A
Ilha dos Anciãos - Os Segredos dos Centenários da Sardenha"
Divulgação
|
Uma saudação sarda é
"A kent'annos" ("Que você viva cem anos"). Não é marketing.
Os habitantes de um grupo de aldeias remotas nas montanhas centrais da Sardenha
têm duas ou três vezes mais probabilidade de alcançar um centenário do que
qualquer outro povo da Terra. Em certo momento, cinco das 40 pessoas mais
velhas do mundo viviam lá, incluindo o homem mais idoso, Antonio Todde, que
morreu com 112 anos.
"Qual é o seu
segredo? Será algum 'gene da longevidade' herdado de seus misteriosos
ancestrais neolíticos, os construtores dos nuraghe, curiosas
fortalezas de pedra que ainda montam sentinela no alto dos morros por toda a
ilha? Será sua dieta frugal de produtos orgânicos, cheio de antioxidantes, como
o resveratrol no potente vinho Cannonau da Sardenha? Será o legado de uma vida
de trabalho duro em um ambiente puro e sem estresse, longe das chaminés da
Europa industrial? Deus terá influência nisso, como acreditam muitos sardos? É
a atitude deles em relação à vida, uma alegre determinação a enfrentar o que
vier pela frente? Ou os calorosos laços da vida em família, as comunidades
integradas em que eles vivem, em que os idosos são tratados com respeito, em
vez de ser afastados em asilos? Será tudo isso? Ou nada? Simplesmente tive de
ir lá para descobrir", conta o jornalista, na introdução do livro.
Ele entrevistou 24
idosos ("se somar a idade deles, chegará a quase 2 milênios e meio"),
além de suas famílias, amigos, médicos, cientistas e sociólogos. Foram dois
meses viajando mais de mil quilômetros, na primavera de 2007. Hills foi
acompanhado pela fotógrafa Mayu Kanamori, que retratou os centenários,
inclusive uma mulher na comemoração do seu 109º aniversário.
Leia abaixo um trecho
do livro "A
Ilha dos Anciãos - Os Segredos dos Centenários da Sardenha".
"A kent'annos"
*
Poderia haver alguma
verdade científica na crença disseminada de que o vinho tinto --especialmente
os da Sardenha-- é não apenas agradável e sociável, como também nos ajuda a
viver mais? Desde tempos antigos os benefícios do vinho foram cantados por poetas,
filósofos, soldados e médicos igualmente, mas até há pouco se acreditava que
seus benefícios para a saúde se devessem mais ao fato de que o vinho (e a
cerveja em climas mais setentrionais) tinha menor probabilidade de envenená-lo
do que a água dos poços, cheia de bactérias. Em Esparta, os bebês
recém-nascidos eram banhados em vinho tinto, embora, do ponto de vista
gastronômico, tudo piorasse a partir daí, porque sua dieta básica era sopa
feita de pão preto, sangue de porco e vinagre. Hipócrates, o pai da medicina
moderna, escreveu que "o vinho é o melhor produto da humanidade porque
pode ser bebido com boa e má saúde, mas moderadamente". Depende do que se
quer dizer com moderadamente, é claro. Júlio César dava a seus centuriões um
litro de vinho por dia para fortificá-los e protegê-los de infecção intestinal.
Antes de enviá-los à batalha a ração era aumentada para dois litros por dia.
Paracelso, o médico suíço do século XVI, escreveu sabiamente que "O vinho
é um alimento, um remédio e um veneno. Tudo é uma questão de dose".
O primeiro estudo
científico moderno que apontou os benefícios do vinho foi o de Framingham
Heart, nos Estados Unidos, que teve excepcional importância porque é ao mesmo
tempo o mais prolongado e um dos mais amplos estudos epidemiológicos já
realizados. Ele começou em 1948 com o recrutamento de 5 mil pessoas entre 30 e
62 anos na cidade de Framingham, perto de Boston, Massachusetts, e continua
sendo feito 60 anos depois. Todo ano os sobreviventes e alguns de seus filhos e
netos passam por um exame médico e preenchem extensos questionários que
detalham cada aspecto de seu estilo de vida, para tentar localizar os fatores
do risco para doença cardíaca e derrame. Foi a partir desse estudo que os
cientistas encontraram evidências de fatos que hoje consideramos estabelecidos.
A pressão sanguínea alta, os altos níveis de colesterol, fumar, a obesidade, a
diabetes e a falta de exercício aumentam o risco de infarto e, por extensão, de
uma morte prematura. E no início dos anos 1970 o estudo Framingham mostrou pela
primeira vez de maneira conclusiva que o consumo moderado de álcool era bom
para as pessoas. Quem bebia sofria 56% menos mortes de doença coronariana do
que quem não bebia. "Moderado" significa uma ou duas doses-padrão por
dia. Mas "bebida" em uma cidade pequena da costa leste dos Estados
Unidos provavelmente significará cerveja ou aguardente --e como chegamos daí ao
vinho tinto?
Na década de 1980 os
pesquisadores começavam a falar no chamado paradoxo francês. Dados demográficos
pareciam mostrar que, apesar de ingerirem muito mais creme de leite, manteiga,
queijo e outras gorduras saturadas "insalubres" - quatro vezes mais
manteiga por pessoa do que os americanos--, os franceses tinham apenas um terço
do índice norte-americano de morte por doença coronariana. Em 1991, o famoso
programa de atualidades dos EUA "60 Minutes" salientou isso e citou
estudos científicos indicando que talvez o alto consumo de vinho tinto na
França --os franceses bebem quase cinco vezes mais vinho que os americanos--
fosse a chave do paradoxo. Esse programa de tevê desencadeou o maior boom na
indústria vinícola americana: o consumo de vinho tinto saltou 50% quase do dia
para a noite; mas ainda não sabemos se houve uma queda correspondente no número
de mortes por infarto.
Naturalmente, há os
que ainda discordam da tese. Alguns estudos mostraram --sacrilégio-- que pode
ser o próprio álcool que inibe a doença cardíaca, e que uma lata de cerveja ou
uma dose de vodca barata podem ser tão boas quanto uma taça do legendário
Domaine de la Romanée-Conti 1934. Outros contestam os dados e afirmam que mais
recentemente os índices de doença cardíaca na França têm se igualado aos de
seus vizinhos. A França fica na verdade atrás de países como Itália, Espanha e
até a Noruega, onde se bebe schnapps, na lista de longevidade da
Organização Mundial de Saúde, e os homens franceses morrem mais jovens do que
os de qualquer outro país europeu, mas a indústria de vinhos não vai me
agradecer por divulgar essa anomalia.
Também foi indicado
que outros países, como o Japão, têm índices ainda menores de doença cardíaca
que a França, mas quase não consome vinho. E, talvez, se é que há um paradoxo,
isso se deva a algo totalmente diferente: os franceses se demoram mais nas
refeições e fazem delas uma ocasião mais social. Eles têm mais respeito por
ingredientes frescos e compram menos comida industrializada, comem mais
moderadamente e têm menor probabilidade de ser obesos, não consomem tanto
açúcar ou gordura animal (em oposição aos laticínios), bebem muita água e
caminham bastante. Tudo o que podemos dizer é que o júri ainda não decidiu se
existe mesmo um Paradoxo Francês.
*
"A
Ilha dos Anciãos - Os Segredos dos Centenários da Sardenha"
Autor: Ben Hills
Editora: Prumo
Páginas: 312
Quanto: R$ 38,90
Onde comprar: 0800-140090 ou na Livraria da Folha
Autor: Ben Hills
Editora: Prumo
Páginas: 312
Quanto: R$ 38,90
Onde comprar: 0800-140090 ou na Livraria da Folha
Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/folha/livrariadafolha/ult10082u677218.shtml
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