O sabão presente nos lenços compromete a camada protetora da pele, abrindo espaço para substâncias que causam alergia (foto: Elvis Barikcic/AFP - 20/10/15)
Você sabe quais fatores aumentam casos de alergia alimentar em
crianças?
Segundo pesquisadores
americanos, a combinação de quatro fatores potencializa o surgimento do
problema em crianças. São eles: genética, uso de lenços de limpeza, exposição a
alérgenos na poeira e a vestígios de alimentos
A alergia alimentar infantil é um fenômeno que intriga médicos e cientistas. Acomete de 3% a 8% das crianças com menos de 3 anos de idade, segundo a Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (Asbai), e não tem um medicamento específico para tratá-la, já que vários fatores podem estar envolvidos, dos hereditários ao potencial alérgico de alguns alimentos.
Pesquisadores americanos demonstraram que esses mecanismos também podem estar arranjados e, depois de experimentos com camundongos, montaram uma espécie de “combinação perfeita” para o surgimento da alergia. São quatro fatores envolvidos: uma genética que altera a absorção da pele, o uso recorrente de lenços de limpeza infantil, a exposição da pele das crianças a alérgenos na poeira e a vestígios de alimentos presentes em quem cuida delas.
“Essa é uma receita para o desenvolvimento de alergia alimentar. É um grande avanço em nossa compreensão de como a alergia alimentar começa cedo na vida”, ressaltou, em comunicado, Joan Cook-Mills, professora de alergia imunológica na Escola de Medicina Feinberg, da Universidade Northwestern, e principal autora do estudo, divulgado no Journal of Allergy e Clinical Immunology.
Para chegar à lista, a equipe usou evidências clínicas sobre alergia alimentar em humanos. Há pesquisas mostrando que até 35% das crianças com alergias alimentares têm dermatite atópica (leia mais nesta página) e que a maioria dos casos ocorre devido a três mutações genéticas que reduzem a barreira de proteção da pele. Por isso, cobaias recém-nascidas foram modificadas geneticamente para ter as mutações e expostas a alérgenos alimentares.
Cook-Mills conta que se questionou sobre com quais elementos que causam a alergia alimentar os bebês teriam mais contato e como ele ocorreria. “Eles estão expostos a alérgenos ambientais presentes na poeira de casa. Podem não comer alérgenos alimentares por serem recém-nascidos, mas os estão recebendo na pele. Por exemplo, um irmão que come pão com manteiga de amendoim e beija o bebê no rosto, ou um pai preparando comida com amendoim e, logo em seguida, vai lidar com o bebê”, exemplificou a autora.
No experimento, os camundongos tiveram a pele exposta, de três a quatro vezes, a alérgenos alimentares e poeira. Cada contato durou 40 minutos e foi repetido ao longo de duas semanas. As cobaias também foram alimentadas com ovo ou amendoim. Como resultado, apresentaram reações alérgicas no local da exposição da pele, no intestino e reação alérgica grave de anafilaxia, medida pela diminuição da temperatura corporal.
Sabão
Estudos sobre a limpeza da pele também inspiraram a equipe, principalmente os que relatam o efeito do sabão sobre o órgão ainda frágil dos bebês. “A camada superior da pele é feita de lipídios (gorduras), e o sabão nos lenços que geralmente são usados em recém-nascidos perturba essa barreira”, explicou Cook-Mills. Os camundongos foram expostos ao lauril sulfato de sódio, um sabão presente em lenços de limpeza infantis, e apresentaram reações alérgicas. Segundo os cientistas, a substância testada também está presente em cosméticos e produtos de higiene pessoal, como removedores de maquiagem, sais de banho e pastas de dente.
Segundo Cook-Mills, os resultados fornecem uma base para testar intervenções que poderão bloquear mais eficazmente o desenvolvimento de alergia alimentar em bebês e crianças. Além disso, as constatações evidenciam que boa parte desses fatores de risco pode ser evitada. “Reduza a exposição da pele do bebê aos alérgenos alimentares lavando as mãos antes de cuidar dele. Limite o uso de lenços que deixam sabão na pele. Tire o sabão usado com a água, como costumávamos fazer anos atrás. Essas podem ser uma ótima saída para evitar a exposição”, sugeriu a cientista.
A equipe dará continuidade ao trabalho, com novos estudos em animais. “O objetivo é determinar sinais únicos na pele que ocorrem durante o desenvolvimento da alergia alimentar. Isso levará a abordagens para impedir com segurança o desenvolvimento de alergia alimentar”, disse Cook-Mills.
Pesquisadores americanos demonstraram que esses mecanismos também podem estar arranjados e, depois de experimentos com camundongos, montaram uma espécie de “combinação perfeita” para o surgimento da alergia. São quatro fatores envolvidos: uma genética que altera a absorção da pele, o uso recorrente de lenços de limpeza infantil, a exposição da pele das crianças a alérgenos na poeira e a vestígios de alimentos presentes em quem cuida delas.
“Essa é uma receita para o desenvolvimento de alergia alimentar. É um grande avanço em nossa compreensão de como a alergia alimentar começa cedo na vida”, ressaltou, em comunicado, Joan Cook-Mills, professora de alergia imunológica na Escola de Medicina Feinberg, da Universidade Northwestern, e principal autora do estudo, divulgado no Journal of Allergy e Clinical Immunology.
Para chegar à lista, a equipe usou evidências clínicas sobre alergia alimentar em humanos. Há pesquisas mostrando que até 35% das crianças com alergias alimentares têm dermatite atópica (leia mais nesta página) e que a maioria dos casos ocorre devido a três mutações genéticas que reduzem a barreira de proteção da pele. Por isso, cobaias recém-nascidas foram modificadas geneticamente para ter as mutações e expostas a alérgenos alimentares.
Cook-Mills conta que se questionou sobre com quais elementos que causam a alergia alimentar os bebês teriam mais contato e como ele ocorreria. “Eles estão expostos a alérgenos ambientais presentes na poeira de casa. Podem não comer alérgenos alimentares por serem recém-nascidos, mas os estão recebendo na pele. Por exemplo, um irmão que come pão com manteiga de amendoim e beija o bebê no rosto, ou um pai preparando comida com amendoim e, logo em seguida, vai lidar com o bebê”, exemplificou a autora.
No experimento, os camundongos tiveram a pele exposta, de três a quatro vezes, a alérgenos alimentares e poeira. Cada contato durou 40 minutos e foi repetido ao longo de duas semanas. As cobaias também foram alimentadas com ovo ou amendoim. Como resultado, apresentaram reações alérgicas no local da exposição da pele, no intestino e reação alérgica grave de anafilaxia, medida pela diminuição da temperatura corporal.
Sabão
Estudos sobre a limpeza da pele também inspiraram a equipe, principalmente os que relatam o efeito do sabão sobre o órgão ainda frágil dos bebês. “A camada superior da pele é feita de lipídios (gorduras), e o sabão nos lenços que geralmente são usados em recém-nascidos perturba essa barreira”, explicou Cook-Mills. Os camundongos foram expostos ao lauril sulfato de sódio, um sabão presente em lenços de limpeza infantis, e apresentaram reações alérgicas. Segundo os cientistas, a substância testada também está presente em cosméticos e produtos de higiene pessoal, como removedores de maquiagem, sais de banho e pastas de dente.
Segundo Cook-Mills, os resultados fornecem uma base para testar intervenções que poderão bloquear mais eficazmente o desenvolvimento de alergia alimentar em bebês e crianças. Além disso, as constatações evidenciam que boa parte desses fatores de risco pode ser evitada. “Reduza a exposição da pele do bebê aos alérgenos alimentares lavando as mãos antes de cuidar dele. Limite o uso de lenços que deixam sabão na pele. Tire o sabão usado com a água, como costumávamos fazer anos atrás. Essas podem ser uma ótima saída para evitar a exposição”, sugeriu a cientista.
A equipe dará continuidade ao trabalho, com novos estudos em animais. “O objetivo é determinar sinais únicos na pele que ocorrem durante o desenvolvimento da alergia alimentar. Isso levará a abordagens para impedir com segurança o desenvolvimento de alergia alimentar”, disse Cook-Mills.
Micro-organismos presentes na pele também podem agravar sintomas (foto: Karel Prinsloo/AP - 13/3/08)
Bactérias tratam dermatite atópica
Bactérias tratam dermatite atópica
A dermatite atópica está entre os tipos mais comuns de alergias na pele. Causa ressecamento, surgimento de lesões e crostas principalmente nas dobras dos braços e dos joelhos. Não há cura, mas é possível reduzir os sintomas usando, durante as crises, pomadas e antialérgicos. Segundo um estudo publicado recentemente na revista JCI Insight, o uso da bactéria Roseomonas mucosa, presente na pele humana, pode ser uma nova abordagem clínica.
A pesquisa foi feita em 10 voluntários adultos e em cinco crianças com idade entre 9 e 14 anos. A maioria dos participantes apresentou melhoras: em quatro crianças e seis adultos, observou-se diminuição de mais de 50% na severidade da doença. Os participantes mais velhos tiveram que borrifar uma solução de água e açúcar contendo doses do micro-organismo na parte de dentro dos cotovelos duas vezes por semana, ao longo de seis semanas. As crianças fizeram o mesmo procedimento, mas por um tempo maior: 12 semanas.
Em ambos os grupos, não houve reações adversas ou complicações. “Ao aplicar bactérias retiradas de uma fonte saudável na pele das pessoas com dermatite atópica, queremos alterar a microbiota do órgão de forma que alivie os sintomas e liberte os pacientes do fardo do tratamento constante”, disse Ian Myles, principal autor do artigo. “Se os estudos clínicos futuros mostrarem que essa estratégia é eficaz, esperamos que nosso trabalho leve ao desenvolvimento de novos tratamentos de baixo custo, que não demandem aplicação diária.”
Origem desconhecida
Não há certezas sobre as causas da dermatite atópica, mas acredita-se que as comunidades de bactérias que vivem naturalmente na pele exerçam papel fundamental no surgimento da doença. Os pacientes, por exemplo, tendem a ter grandes populações da espécie Staphylococcus aureus, que podem causar infecções e piorar os sintomas.
Para Anthony Fauci, diretor do Instituto Nacional de Alergias e Doenças Infecciosas, organização responsável pela pesquisa, o surgimento de alternativas clínicas voltadas para essa especificidade da pele é bastante promissor e bem-vindo. “Viver com dermatite atópica pode ser física e emocionalmente desafiador. Apesar de o tratamento ajudar a administrar os sintomas, as terapias disponíveis consomem muito tempo e dinheiro”, disse.
Fonte:https://www.uai.com.br/app/noticia/saude/2018/07/25/noticias-saude,231139/voce-sabe-quais-fatores-aumentam-casos-de-alergia-alimentar-em-crianca.shtml
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