ALZHEIMER - SAIBA COMO RECONHECER OS SINAIS DA DOENÇA: CASOS DA DOENÇA VÃO TRIPLICAR ATÉ 2050 SEGUNDO A OMS

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Alzheimer-Saiba como Reconhecer os Sinais da Doença

A maioria das pessoas não vê a demência como uma doença, mas sim como uma consequência normal do envelhecimento, de acordo com pesquisa divulgada neste sábado (21/09/2019) pela Alzheimer's Disease International (ADI), uma federação de associações que trabalham na conscientização, no combate à doença e no apoio a pacientes e famílias. Segundo a ADI, isso é um exemplo de como é preciso oferecer esclarecimento sobre o Alzheimer.

Este sábado é o Dia Mundial da Doença de Alzheimer e, durante todo o mês de setembro, são realizadas ações em todo o mundo para conscientização.

O relatório da ADI, fruto de uma ampla pesquisa, diz que ainda existe um grande "estigma" sobre as pessoas com Alzheimer. Por exemplo, a ideia de que as pessoas que vivem com a doença são "um peso para a família", ou para o sistema de saúde, que são pessoas "sem esperança" ou incapazes de falar por si mesmas.

O relatório afirma também que:
·         95% dos participantes acreditam que irão desenvolver demência durante sua vida;
·         78% dos participantes estão preocupados quanto a desenvolver demência em algum momento;
·         1 em cada 4 pessoas acredita que não há nada que você possa fazer em relação a demência;
·         Mais de 85% dos entrevistados que vivem com demência afirmam que sua opinião não é levada a sério;
·         Cerca de 20% dos entrevistados manteriam em segredo seu diagnóstico.

Para reduzir esse estigma, as estratégias mais eficazes têm sido oferecer educação especializada sobre a demência; ter contato social com pessoas que vivem com demência; defender publicamente os direitos dessas pessoas e criar políticas públicas para essas pessoas.
Entenda, abaixo, quais são alguns dos principais sinais da doença de Alzheimer e o que pode ser feito para prevenir.


No Brasil, segundo dados da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia, são registrados 55 mil novos casos de demências todos os anos, a maioria decorrentes do mal de Alzheimer.  — Foto: Pixabay
No Brasil, segundo dados da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia, são registrados 55 mil novos casos de demências todos os anos, a maioria decorrentes do mal de Alzheimer. — Foto: Pixabay

Quais os sinais da doença?

A perda de memória nos idosos faz parte do envelhecimento fisiológico. Nem todo problema de memória tem relação com Alzheimer. Especialistas explicam que é preciso diferenciar os tipos de alteração de memória e buscar ajuda médica assim que se perceber algo errado.

Existem três tipos de perda de memória:

·         Tipo 1: Não resgatar – à medida que a idade avança, o cérebro torna-se mais lento para a busca de informações na memória. Este tipo de queixa é muito comum em idosos. Essa queixa não sinaliza o início de Alzheimer.
·         Tipo 2: Não retomar – dificuldade para manter uma memória ‘pausada’ por curtos espaços de tempo, enquanto muda-se o foco da atenção. Também não é um tipo de perda de memória que esteja ligada ao início de Alzheimer.
·         Tipo 3: Não registrar – dificuldade para formar novas memórias. Esse tipo de perda deve ser investigado.

O neurologista Andre Palmini e o cardiologista e geriatra Roberto Miranda contaram que é possível identificar o Alzheimer e reduzir os riscos e danos que a doença provoca conforme vai avançando.

Atente-se aos sinais de Alzheimer:

·         Dificuldade de memorizar coisas novas;
·         Repetir várias vezes a mesma pergunta ou história;
·         Sinais de desorientação (se perder na rua, metro, ônibus);
·         Ter problemas para administrar o dinheiro;
·         Errar receitas que sempre soube fazer muito bem.
·          
Fatores de risco:

·         A idade é o mais reconhecido fator de risco;
·         A influência genética pode representar de 1% a 5% dos casos;
·         O Alzheimer afeta mais as mulheres do que os homens;
·         Estilo de vida: hábitos como beber em excesso, fumar, dieta rica em gordura, estresse, sedentarismo podem ser ruins para a saúde em geral, especialmente a do cérebro.

Dicas essenciais para prevenção

 

A primeira dica é clássica: ter hábitos saudáveis. Boa alimentação e exercícios físicos ajudam a saúde como um todo. Uma alimentação rica em folhas verdes, por exemplo, pode retardar em quase dez anos a perda de memória. Já a atividade física aumenta a formação de um tipo de proteína que ajuda a fazer as conexões entre um neurônio e outro, aumentando a capacidade das conexões e, consequentemente, da memória.

 

A segunda dica é: manter o cérebro ativo. Uma pessoa que leu muito ao longo da vida, teve muitos amigos, teve uma vida ativa também na idade avançada, comeu bastante folhas verdes, não tem diabetes, depressão, tem grandes chances de ter uma memória boa e risco mais baixo de ter Alzheimer.
Estudos mostram que a pessoa começa a dar sinais de Alzheimer de 10 a 15 anos antes do diagnóstico da doença. Apesar de não ter cura, o diagnóstico no início pode ajudar a retardar a progressão da doença. Por isso, é preciso ficar atento aos sinais.

 

Casos de demência vão triplicar e chegar a 152 milhões de pessoas até 2050, diz OMS.


Mais de 50 milhões de pessoas em todo o mundo vivem com demência, e a cada ano são registrados quase dez milhões de novos casos.



A demência engloba uma série de doenças progressivas que afetam as capacidades de atenção, memória e outras habilidades cognitivas e comportamentos — Foto: Cristian Newman/Unsplash


A demência engloba uma série de doenças progressivas que afetam as capacidades de atenção, memória e outras habilidades cognitivas e comportamentos — Foto: Cristian Newman/Unsplash

 

Com o acelerado envelhecimento da população mundial, o alto índice de crescimento de casos de demência tornou-se um dos principais desafios de saúde pública da atualidade. A fim de reduzir o impacto global da doença, as principais recomendações anunciadas nesta terça-feira (14) pela Organização Mundial de Saúde (OMS) incluem a prática regular de exercícios aeróbicos e a adoção da dieta mediterrânea - baseada na alta ingestão de cereais integrais, frutas, peixes, vegetais e azeite de oliva.

Mais de 50 milhões de pessoas em todo o mundo vivem com demência, e a cada ano são registrados quase dez milhões de novos casos. A estimativa da Organização Mundial de Saúde é de que 152 milhões de pessoas serão afetadas até 2050.

Embora não exista cura para a demência, muito pode ser feito para inibir o surgimento ou a progressão da doença. Além de uma dieta saudável e da prática regular de exercícios, as primeiras diretrizes globais da OMS para reduzir o risco de declínio cognitivo e demência recomendam ainda a adoção de políticas públicas para combater o fumo, a obesidade, a hipertensão, o diabetes e o consumo de álcool.

 

As diretrizes serão apresentadas em detalhe por representantes da OMS na abertura do simpósio "Dementia Forum X", que reunirá na quarta-feira líderes e especialistas internacionais em demência no Palácio Real de Estocolmo, sob a iniciativa da Rainha Silvia da Suécia.

 

A demência engloba uma série de doenças progressivas que afetam as capacidades de atenção, memória e outras habilidades cognitivas e comportamentos. Há mais de 100 formas de demência – a mais comum é a doença de Alzheimer, que contabiliza de 60% a 70% de todos os casos. As mulheres são mais frequentemente afetadas do que os homens.

Recomendações

 

A Organização Mundial de Saúde destaca que a atividade física está associada à saúde cerebral, e diversos estudos apontam que pessoas com uma vida mais ativa apresentam menor risco de desenvolver demências. Segundo as recomendações do relatório da OMS, adultos a partir de 65 anos de idade devem praticar pelo menos 150 minutos de atividades aeróbicas de intensidade moderada por semana.

Pessoas com uma vida mais ativa apresentam menor risco de desenvolver demências — Foto: Alex Boyd/Unsplash
Pessoas com uma vida mais ativa apresentam menor risco de desenvolver demências — Foto: Alex Boyd/Unsplash

A alternativa é fazer pelo menos 75 minutos de exercícios aeróbicos vigorosos durante a semana, ou uma combinação equivalente de atividades de intensidade moderada a alta. Cada atividade aeróbica deve ter pelo menos dez minutos de duração.
Para obter benefícios adicionais, a OMS recomenda a prática de 300 minutos de exercícios aeróbicos moderados por semana, ou 150 minutos de atividades de alta intensidade - ou ainda uma combinação entre práticas aeróbicas de intensidade moderada e alta. Exercícios de musculação devem ser feitos duas ou mais vezes por semana.

Uma dieta saudável e equilibrada também tem papel importante na prevenção de doenças que aumentam o risco de demência, como o diabetes.

De acordo com a OMS, vários estudos indicam que a adoção da dieta mediterrânea está associada a uma menor probabilidade de desenvolver demências. Baseada no consumo de alimentos frescos e naturais, a dieta mediterrânea é normalmente relacionada à melhora das funções cardiovasculares e a uma maior longevidade de seus adeptos, além de reduzir riscos de desenvolvimento de câncer e outras doenças degenerativas.
As recomedações gerais da OMS para uma dieta balanceada incluem pelo menos 400 gramas (cinco porções) de frutas e legumes por dia, além de nozes e grãos integrais. Deve-se dar preferência ao consumo de gorduras insaturadas (encontradas em alimentos como peixes, abacate, óleo de canola e azeite de oliva), e reduzir a ingestão de gorduras saturadas - presentes por exemplo em carnes vermelhas, manteigas, queijos e óleo de côco - a menos de 10% das calorias ingeridas por dia.
A OMS recomenda ainda a ingestão de menos de cinco gramas de sal (cerca de uma colher de chá) por dia, e o uso de sal iodado.

Brasil


Em todo o mundo, os custos de apoio e tratamento de demências crescem de forma alarmante: em 2018, os gastos globais foram da ordem de um trilhão de dólares, e as projeções são de que este total irá dobrar até 2030.
No Brasil, segundo dados da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia, são registrados 55 mil novos casos de demências todos os anos, a maioria decorrentes do mal de Alzheimer. Atualmente, 1,4 milhão de brasileiros vivem com demência - e o número de casos deverá saltar para mais de seis milhões em 2050.

A população brasileira também envelhece de forma acelerada: segundo estatísticas do IBGE, em 2018 o Brasil contabilizava 28 milhões de pessoas acima dos 60 anos. Até 2060, este número deverá aumentar para 73 milhões de pessoas.
“O subgrupo da população que mais crescerá até 2065 é o de pessoas acima de 60 anos, e, dentro deste grupo, o de pessoas com mais de 80 anos de idade. Grosso modo, 40% daqueles que atingem esta idade apresentam declínio cognitivo importante, e o risco aumenta progressivamente”, alerta o médico carioca Alexandre Kalache, um dos convidados do Dementia Forum X de Estocolmo.
Referência no Brasil para questões relacionadas ao envelhecimento, Kalache diz ver com preocupação a forma como o país tem respondido ao que ele chama de “revolução da longevidade”:
“O que mais importa é treinar a equipe de atenção primária à saúde, para que os problemas decorrentes do número crescente de casos de Alzheimer possam ser minorados. No entanto, o SUS parece estar sendo desmantelado. Centros de saúde estão mal financiados, muitos deles estão fechando, e as condições de trabalho são altamente inadequadas”, destaca o especialista.
Presidente do Centro Internacional de Longevidade (ILC) do Brasil, Kalache ressalta que o país ainda não tem uma política nacional para lidar especificamente com demências – ao contrário de inúmeros outros países, inclusive na América Latina.

“A Política Nacional de Saúde (PNS) para fazer face ao envelhecimento não só é insuficiente em relação ao desafio, como deficitária quanto à sua aplicação. Assim como na Constituição, a PNS atribui à família a responsabilidade de cuidar de pacientes com Alzheimer. No entanto, além da “insuficiência familiar” - com famílias mais fragmentadas, menor número de filhos e fatores como moradias precárias -, o que mais falta é uma política de apoio à família para que ela possa exercer este papel adequadamente”, diz o especialista, que também atua como embaixador global da organização HelpAge International.

Uma doença desigual

 

Apesar de o mal de Alzheimer afetar pessoas de diferentes classes sociais, a baixa escolaridade é um dos fatores de risco para o surgimento de demências após os 60 anos.
Segundo a Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia, isto ocorre porque o ensino formal contribui para a criação de redes neurais mais complexas, e estimula o cérebro a elaborar uma reserva funcional maior que será gasta ao longo da vida. Pessoas com maior nível de escolaridade geralmente executam atividades intelectuais mais complexas, que oferecem uma maior quantidade de estímulos cerebrais.

Segundo estatísticas do IBGE, em 2018 o Brasil contabilizava 28 milhões de pessoas acima dos 60 anos — Foto: Pixabay
Segundo estatísticas do IBGE, em 2018 o Brasil contabilizava 28 milhões de pessoas acima dos 60 anos — Foto: Pixabay

Ou seja, um indivíduo que frequentou o ensino superior possui menos chances de adquirir de forma precoce o mal de Alzheimer ou outra doença neurodegenerativa do que o indivíduo que concluiu apenas o ciclo básico de educação. Portanto, aumentar o nível de escolarização pode ser eficiente para prevenir casos de demência.

Os especialistas destacam: manter o cérebro constantemente ativo e estimulado pode retardar e até inibir a manifestação da doença. Outros fatores de proteção contra a demência são o controle da hipertensão, do diabetes e da depressão, aliado a hábitos saudáveis como não fumar e praticar exercícios físicos.
“Não sabemos com nenhum grau de certeza como prevenir a demência. Mas muito pode ser feito para prevenir a segunda mais frequente forma de demência – a demência vascular, sobretudo através da prevenção e tratamento adequado da hipertensão arterial. Aqui vale a noção dos três terços. Um terço dos casos de hipertensão no Brasil não tem a doença diagnosticada, outro terço a tem diagnosticada, mas não é tratada. E do terço final, muitos iniciam o tratamento com pouca aderência ou falta de acesso aos medicamentos mais indicados”, diz o médico Alexandre Kalache.
“Sabemos que atividade física, nível educacional adequado, dieta saudável e estímulos cognitivos ao longo da vida podem ter um efeito positivo em relação à demência – se não para preveni-la, pelo menos para adiá-la. E se o conseguimos por oito ou dez anos, já estaremos no lucro” - Alexandre Kalache.
Segundo a Associação Brasileira de Alzheimer, a doença é uma enfermidade incurável que se agrava ao longo do tempo, mas que pode e deve ser tratada. Os avanços da medicina têm permitido que os pacientes tenham uma sobrevida maior e uma qualidade de vida melhor, mesmo na fase grave da doença. Também há evidências científicas de que atividades de estimulação cognitiva, social e física favorecem a funcionalidade e a manutenção de habilidades dos pacientes.
Quando a doença é diagnosticada em sua fase inicial, é possível retardar o seu avanço e ter mais controle sobre os sintomas, garantindo melhor qualidade de vida ao paciente e à família.
Em Estocolmo, a anfitriã do terceiro Dementia Forum X será a Rainha Silvia da Suécia, que tem envolvimento pessoal com o tema: sua mãe, a brasileira Alice Sommerlath, sofreu de demência em seus últimos anos de vida. Em consequência da dolorosa experiência com a mãe, em 1996 a Rainha criou a fundação Silviahemmet, um inovador centro de excelência que se dedica a auxiliar e capacitar pessoas envolvidas no cuidado de pacientes com demência.

Na capital paulista, a Sociedade Beneficente Alemã é a primeira instituição da América Latina a seguir as recomendações e a filosofia de cuidados da fundação Silviahemmet.
“Há modelos que podem ser adaptados ao nosso contexto – daí a importância dos estudos e pacotes de treinamento desenvolvidos pela fundação da Rainha Silvia. Mas vale lembrar que os países desenvolvidos primeiro enriqueceram para depois envelhecerem. Nós estamos envelhecendo muito mais rapidamente, em um contexto de muita pobreza e de imensas desigualdades sociais”, observa Alexandre Kalache.



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