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Em busca da postura
perfeita: dez exercícios posturais para evitar problemas de coluna
Conheça
também as consequências de um alinhamento musculoesquelético ruim e as
atividades físicas mais indicadas para evitá-lo
Toda criança já ouviu um adulto dizer: "ajeita essa
postura!". E não é para menos. Toda posição, seja ela sentada, em pé ou
deitada, é capaz de gerar sobrecarga para as articulações. As consequências não
são boas: os desalinhamentos ósseos podem ocasionar tendinites, bursites,
artroses e dores crônicas. Professor da Universidade Federal de São Paulo e
fisioterapeuta, Marcos Mônico Neto destaca ainda que os principais tipos de
problema de postura são aqueles que geram maiores limitações funcionais e
sintomas de dor.
– As estruturas
articulares se desgastam de acordo com o estresse aplicado a elas. Logo,
postura ideal é aquela que gera o menor estresse para as estruturas
osteoarticulares, a que menos modifica as estruturas articulares, gera menor
gasto energético e, consequentemente, mantém o corpo mais estável ou menos
susceptível às mudanças ambientais. Qualquer postura mantida por um longo tempo
vai resultar em prejuízos. No entanto, algumas atitudes posturais permitem que
os desgastes do sistema musculoesquelético sejam menores, e por esse motivo é
possível mantê-las por um maior período de tempo – explica Marcos.
Ou seja, mesmo que
um indivíduo esteja com uma boa postura em uma fila de banco, por exemplo, se
esse tempo se prolongar por 20, 30, 40 minutos ou mais, o corpo apresentará
sinais de cansaço, como dores nas pernas, na cervical, nos quadris ou na
coluna, por exemplo. Isso acaba provocando alterações na posição do corpo, a
fim de aliviar os pontos de pressão nas articulações. No entanto, o desgaste articular
e o trabalho muscular serão menores em comparação com um indivíduo que
apresenta uma atitude postural menos favorável, o que pode influenciar
inclusive na capacidade de tempo de permanência na fila.
Como principal componente dinâmico, os músculos esqueléticos
trabalham de forma coordenada para manter os ossos alinhados, tanto em posições
estáticas, como em movimento. Marcos explica que os componentes estáticos
também são essenciais para garantir o alinhamento do esqueleto e dão
estabilidade às articulações durante o movimento: são basicamente as
cartilagens, os ligamentos e as cápsulas articulares (membranas que recobrem as
articulações e são responsáveis pela sua lubrificação).
– Posturas que aumentam a sobrecarga
articular podem acelerar o processo de desgaste dos componentes articulares,
como as cartilagens articulares, discos intervertebrais da coluna,
sobrecarregar os músculos, tendões, ligamentos, resultando em desalinhamentos
ósseos. O mais preocupante é quando há a associação de posturas menos adequadas
por um longo período de tempo com movimentos repetitivos e o tempo de descanso
insuficiente. É o caso de pessoas que trabalham por muito tempo na posição
sentada sem os critérios ergonômicos adequados e sem intervalos regulares –
acrescenta o fisioterapeuta, que se refere à relação com o uso do computador
quando fala em critérios ergonômicos, o que inclui as ferramentas presentes em
uma estação de trabalho, demandas do trabalho e fatores como repetição,
vibração, força e postura estática, o que relacionado a lesões por esforço
repetitivo.
Consequências
de uma postura ruim
·
Tendinite;
·
Bursite;
·
Artrose;
·
Dores crônicas;
·
Deformidade;
·
Estenose.
O ortopedista
Alexandre Fogaça Cristante, membro titular da Sociedade Brasileira de Ortopedia
e Traumatologia (SBOT), afirma que inicialmente a dor é muscular e depois
começa a sobrecarga e o desgaste dos discos. Ele lembra ainda que podem surgir
hérnias de disco, e, por fim, o desgaste das articulações; ou seja, a artrose.
– Uma postura correta diminui o
estresse sobre as estruturas da coluna. Dependendo da postura, pode haver
aumento de até 50% na pressão do disco, estrutura que funciona como um
amortecedor entre as vértebras. Ou seja, uma boa postura preserva nossa coluna,
evita o desgaste prematuro de discos e articulações e ajuda a prevenir dor e
deformidades – conclui.
Dor nas costas em consequência de hérnia de disco: uma
das consequências de uma postura inadequada — Foto: Istock Getty Images
Principais problemas
Como Marcos
mencionou, um típico caso de má postura é o de pessoas que trabalham por muito
tempo na posição sentada, sem os critérios ergonômicos adequados e sem
intervalos regulares para esticar o corpo. O ortopedista Alexandre também
alerta que ficar muito tempo no celular com a cabeça projetada para a frente
não é recomendado.
– Essa posição aumenta o peso que a
cervical tem que carregar pela alteração do braço de alavanca em relação ao
peso da cabeça. Além disso, ficar muito tempo de pé em posição inclinada para
frente sobrecarrega a lombar. Sentar-se de qualquer jeito sobrecarrega a
lombar. Dormir sem atentar se a coluna está reta e apoiada também está entre os
fatores prejudiciais para a coluna – enumera.
Marcos ainda lembra que alterações de
coluna como hiperlordose, hipercifose e escoliose resultam no desgaste precoce
dos discos intervertebrais e cronicamente levam a problemas como artroses,
abaulamentos discais, hérnia de disco e bico de papagaio, entre outros. O
aumento das curvaturas da coluna gera maior sobrecarga nos músculos do tronco e
quando o condicionamento muscular não é suficiente para suportar a sobrecarga
imposta a ele, ocorrem dores nas costas, que são frequentes causas de faltas no
trabalho, por exemplo.
Alterações posturais também podem ser observadas na cintura
escapular (ombro) devido ao desequilíbrio de forças dos músculos
estabilizadores, ou encurtamentos musculares, o que pode favorecer a rotação
interna do ombro e gerar maior impacto e inflamação nos tendões que se inserem
na região anterior do úmero: patologia conhecida como síndrome do impacto.
– Ao longo do tempo, a síndrome do
impacto pode gerar uma sobrecarga nas demais articulações do braço e antebraço,
resultando em outras tendinites – explica Marcos.
As alterações de coluna podem também
ser influenciadas por variações anatômicas, encurtamentos musculares e fraqueza
muscular dos membros inferiores. Por exemplo, pessoas que possuem hiperextensão
de joelho além do normal podem tentar compensar o desequilíbrio do centro de
gravidade aumentando as curvaturas da coluna. Nesse caso, o fisioterapeuta
recomenda um amplo tratamento para a correção postural.
Exercícios de pilates
podem ajudar no fortalecimento muscular e na melhora da postura — Foto: Pixabay
Atividades físicas
que podem ajudar
Para determinar qual
atividade física se deve fazer para melhorar a postura, é preciso previamente a
identificação da causa. Assim, em casos de encurtamentos ou fraquezas
musculares, por exemplo, o recomendado é que se faça alterações posturais,
alongamentos e fortalecimentos. Além disso, Marcos lembra que é possível
prevenir problemas ocasionados pela má postura realizando exercício físico
resistido associado a exercícios de flexibilidade. O fisioterapeuta afirma que
eles são valiosos para manter o alinhamento mais adequado do esqueleto.
– O fortalecimento muscular pode
minimizar a fadiga sentida e ajudar a manter uma boa postura por mais tempo.
Tanto de forma preventiva como corretiva, realizar exercícios que aumentam a consciência
corporal é muito importante. Esses exercícios ativam padrões de movimentos que
não se consegue em exercícios tradicionais de academia, gerando maior
controle/consciência dos movimentos, sendo esse um dos motivos do sucesso de
alguns métodos de treinamento, como pilates, yoga, tai chi chuan, entre outros
– explica.
·
Pilates;
·
Yoga;
·
Tai chi chuan;
·
Musculação;
·
Hidroginástica;
·
Natação.
A musculação
tradicional, quando bem orientada, também é suficiente para prevenir problemas
posturais e possui a vantagem de quantificar as cargas de maneira precisa,
alcançando os objetivos mais rapidamente.
Na maioria dos casos, observa-se
encurtamentos importantes dos músculos isquiotibiais (músculos posteriores da
coxa) e do quadríceps (músculos anteriores da coxa). Marcos recomenda, em casos
de hiperlordose lombar, um tratamento direcionado para corrigir o equilíbrio
muscular e a consciência corporal.
O grau de mobilidade reduzido da escápula é
outro problema frequente, sendo que vários músculos trabalham coordenadamente
para garantir o melhor desempenho do ombro, e qualquer desequilíbrio entre
esses músculos pode acarretar alterações posturais e problemas ortopédicos. No
geral, é observado grande número de pessoas com encurtamento da musculatura
anterior do tórax, como peitoral maior, peitoral menor, além dos músculos
grande dorsal e trapézio.
– Resumidamente, exercícios de fortalecimento, flexibilidade e
consciência corporal são essenciais para a manutenção de uma boa postura. Caso
um quadro patológico esteja instalado, um profissional habilitado deve ser
procurado para avaliação e tratamento individualizado das alterações
encontradas – alerta. – A atividade física fortalece a musculatura abdominal e
paravertebral e essa musculatura ajuda na sustentação da coluna. Com esta
musculatura trófica, sobra menos estresse para as estruturas da coluna.
Exercícios para
fazer em casa
Personal trainer com
especialização em postura, prevenção de lesões e fisiologia do exercício,
Flávio Seijo Nagamine, mais conhecido como Kazu, explicou ao EU Atleta dez exercícios
posturais que podem ser feitos, ilustrados nas imagens por ele e pelo modelo
Richard Akinori Tanno.
Ponte com elevação
pélvica — Foto: Divulgação
·
Ponte com elevação pélvica
1.
Posição inicial: deitado, costas no
solo, pernas flexionadas com pés apoiados no solo, braços estendidos
paralelamente ao tronco.
2.
Na sequência: elevar a cintura
pélvica. Glúteos e lombar não tocam no solo.
3.
Permanecer na posição por 30
segundos.
4.
Realizar três vezes a postura, com
intervalos de 30 segundos de descanso.
Puxada da perna flexionada — Foto: Divulgação
·
Puxada da perna flexionada
1.
Posição inicial: deitado, costas no
solo, pernas flexionadas com pés apoiados no solo.
2.
Na sequência: puxar uma perna
flexionada, direcionando joelho ao tronco.
3.
Realizar o movimento dez vezes com
cada perna.
Prancha — Foto:
Divulgação
·
Prancha
1.
Posição inicial: com apoio das mãos,
os braços estendidos e uma perna estendida em suspensão.
2.
Na sequência: permanecer por 30
segundos na posição, três vezes com cada perna estendida e suspensa.
3.
Realizar alternadamente.
Postura da "criança" — Foto: Divulgação
·
Postura da
"criança"
1.
Posição inicial: pernas flexionadas e
glúteos apoiados sobre os calcanhares.
2.
Na sequência: flexionar o tronco em
direção ao solo com os braços estendidos.
3.
Permanecer na posição por 30
segundos.
4.
Realizar a postura três vezes, com
intervalos de 30 segundos
Prancha lateral — Foto:
Divulgação
·
Prancha lateral com pernas
flexionadas
1.
Posição inicial: deitado lateralmente
com pernas e braço flexionados.
2.
Na sequência: elevar o tronco,
perdendo o contato de coxa e tronco com o solo.
3.
Permanecer na posição por 30
segundos.
4.
Realizar três vezes a posição de cada
lado, alternadamente.
Postura do gato — Foto:
Divulgação
Postura do gato (parte 2) — Foto: Divulgação
·
Postura do gato
1.
Postura inicial: apoiado com braços
estendidos e pernas flexionadas, enrolar coluna e pescoço.
2.
Na sequência (parte 2): arquear a
coluna em direção ao chão, rolando a cabeça para a frente.
Depressão e elevação de escápulas (parte 1) —
Foto: Divulgação
Depressão e elevação de escápulas (parte 2) —
Foto: Divulgação
·
Depressão e elevação de
escápulas
1.
Postura inicial: em pé, braços
estendidos, realizar depressão de escápulas (como se estivesse movimentando os
ombros para baixo).
2.
Na sequência (parte 2): elevar
escápulas (como se estivesse movimentando ombros para cima). Realizar o
movimento por dez vezes.
Postura cadeirinha — Foto: Divulgação
·
Postura cadeirinha
1.
Posição inicial: apoiar as costas na
parede com as pernas flexionadas.
2.
Na sequência: manter a posição
estática por 30 segundos.
3.
Realizar a postura por três vezes,
com intervalos de 30 segundos de descanso.
Adução das escápulas — Foto: Divulgação
Abdução das escápulas — Foto: Divulgação
·
Adução e abdução de
escápulas
1.
Posição inicial: em pé, com os braços
estendidos na altura dos ombros, abduzir as escápulas direcionando os braços
para frente.
2.
Na sequência: aduzir as escápulas,
tentando tracionar os braços para trás (parte 2).
3.
Realizar dez vezes o exercício de
adução e abdução.
Mobilização da coluna cervical — Foto:
Divulgação
Mobilização da coluna cervical — Foto: Divulgação
·
Mobilização da coluna
cervical
1.
Posição inicial: em pé, com a coluna
estabilizada, dar mobilidade na porção cervical da coluna (pescoço),
movimentando lentamente o pescoço para frente e para trás.
2.
Realizar o movimento lentamente por
dez vezes.
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