EXERCÍCIOS FÍSICOS GARANTEM A LONGEVIDADE DO CÉREBRO SEGUNDO PESQUISAS, PROTEGENDO CONTRA O ALZHEMER E OUTRAS DEMÊNCIAS

 


Quer garantir que suas lembranças importantes não se percam? Pratique exercícios aeróbicos — Foto: Istock Getty Images


Quer garantir que suas lembranças importantes não se percam? Pratique exercícios aeróbicos — Foto: Istock Getty Images


Exercício para quê? Para a memória, para lembrar


Washington D.C., EUA

 



Estudo americano demonstra o impacto da atividade física aeróbica na preservação de lembranças, especialmente em pessoas entre 55 e 69 anos. Médico Luis Fernando Correia explica


Todo mundo sabe que a prática da atividade física com frequência faz bem para a saúde de uma maneira geral. O que os cientistas revelaram agora é que exercício também é bom para a memória dos idosos. Essa é a conclusão de um estudo publicado neste mês de fevereiro por pesquisadores da Universidade de Pittsburgh, nos Estados Unidos, que revisaram os dados de mais de 36 pesquisas envolvendo 3 mil pacientes.

De um grupo inicial de 1.278 trabalhos, após a retirada daqueles com dados incompletos e com pequeno número de participantes, só sobraram os que passaram pela meta-análise. Os resultados dos estudos foram avaliados através de softwares especiais, que permitem a compilação e comparação de dados de várias fontes. O programa é capaz de classificar cada uma dela de forma estatística.

Os especialistas conseguiram demonstrar que a atividade física constante melhora a memória de quem se mantém ativo. Sabemos que a atividade física regular é fundamental para a saúde cardiovascular e ajuda na circulação sanguínea cerebral.


O trabalho mostrou que a memória episódica é a mais é preservada, que é aquela em que lembramos de fatos mais antigos, não só do fato em si, mas das circunstâncias daquele momento. Por exemplo, quando alguém dirigiu um carro pela primeira vez, com quem estava, para onde foram e outros detalhes.

O estudo teve o cuidado de selecionar somente pesquisas onde a atividade aeróbica era a intervenção avaliada, já que sabemos que a atividade anaeróbica, ou treinos de resistência, também pode auxiliar a preservação da memória.

Os melhores resultados foram observados nos participantes que tinham entre 55 e 69 anos de idade, e com frequência de sessões de treinamento de pelo menos três vezes por semana.

De qualquer forma, fica a dica: quer garantir que suas lembranças importantes não se percam? Pratique exercícios aeróbicos. O seu cérebro agradece.


Por Luis Fernando Correia

Clínico e intensivista com certificado em Inovação pelo MIT, ex-chefe da emergência do Samaritano, o Doc hoje se dedica à divulgação de temas ligados à saúde


Fonte:https://ge.globo.com/eu-atleta/saude-mental/post/2022/02/24/exercicio-para-que-para-a-memoria-para-lembrar.ghtml


Perda de massa muscular afeta funções cerebrais


Músculos produzem substâncias que ajudam a regular aspectos do funcionamento do cérebro, incluindo humor e aprendizado. Fisiologistas explicam o impacto do exercício na área cognitiva


Manter, melhorar e retardar a perda da função cognitiva sempre foi um dos grandes desafios da medicina. A perda da capacidade cognitiva é definida pelo declínio de uma ou mais das seguintes funções: raciocínio, aprendizagem, memória, tomada de decisões, capacidade de planejamento, resolução de problemas, cognição social e linguagem. Hoje, sabemos que a perda de massa muscular decorrente do processo de envelhecimento (sarcopenia) traz consigo o aumento do risco de perda de capacidade cognitiva.

Esta interação músculo-cérebro ocorre porque os músculos esqueléticos produzem substâncias (mioquinas) que promovem alterações estruturais e funcionais no cérebro. Essas substâncias auxiliam a regular vários aspectos do funcionamento cerebral, incluindo humor e aprendizado.



Se você quer uma mente afiada, não deixe de trabalhar seus músculos — Foto: Istock Getty Images

Se você quer uma mente afiada, não deixe de trabalhar seus músculos — Foto: Istock Getty Images

Em resumo: a prática de exercícios exerce um efeito poderoso sobre as funções cerebrais.

 

Como exemplos, podemos destacar alguns benefícios da atividade física no cérebro, já robustamente comprovados por diversos estudos:

  • Melhora do funcionamento cerebral;
  • Redução do risco de demência;
  • Diminuição do risco de desenvolvimento de Alzheimer
  • Melhora a função cognitiva e funcional de portadores de Alzheimer;
  • Melhora da memória;
  • Mais capacidade de raciocínio, aprendizagem e concentração;
  • Regulação do humor.

Atualmente, além do processo natural de envelhecimento e obviamente do sedentarismo, temos mais um “player” importante causando a perda de massa muscular: a covid-19. O comprometimento muscular causado pela infecção viral (mesmo em indivíduos assintomáticos), agravado pelo tempo de internação nos casos mais graves, favorece ainda mais a perda cognitiva. O vírus da covid afeta o cérebro e os músculos, contribuindo duplamente para a perda cognitiva de que tantos pacientes se queixam.

Entretanto, independentemente da causa da perda de massa muscular, seja pelo envelhecimento, seja pela covid, seja por um pós-cirúrgico, o importante é que se realize o diagnóstico e a intervenção precoces. E, neste caso, a principal intervenção chama-se exercício.

A realização de um programa de atividades físicas regulares contribuirá de maneira importante para a prevenção e o tratamento da perda cognitiva e de massa muscular.

E vale ressaltar que exercícios regulares trazem benefícios cognitivos para pessoa saudáveis também. Portanto, se você quer uma mente afiada, não deixe de trabalhar seus músculos.


Referência:


Fonte:https://ge.globo.com/eu-atleta/saude-mental/post/2022/02/22/perda-de-massa-muscular-afeta-funcoes-cerebrais.ghtml


Atividade física promove envelhecimento cerebral mais saudável


Estudo demonstra que a prática de exercícios de maior intensidade afeta o hipocampo e promove melhor atividade cognitiva e saúde mental. Fisiologistas Turibio Barros e Gerseli Angeli explicam


Já falamos diversas vezes aqui, na nossa coluna, sobre a importância de se praticar exercícios para a boa manutenção da saúde física e mental. Tanta insistência tem razão de ser, em função das inúmeras pesquisas que continuam sendo constantemente publicadas comprovando esses benefícios. No que diz respeito à saúde mental, uma estrutura cerebral que precisa ser destacada é o hipocampo. Esta estrutura é bastante responsiva à prática de exercícios, principalmente os aeróbicos, e atua na formação da memória e no processo de aprendizado. O hipocampo é responsável por transformar a memória de curto prazo em memória de longo prazo.


Segundo estudo, a prática de exercícios melhora também a saúde do cérebro — Foto: Istock Getty Images

Segundo estudo, a prática de exercícios melhora também a saúde do cérebro — Foto: Istock Getty Images

E é o conjunto desses fatores - resposta ao exercício e sua função na formação da memória e aprendizado - que faz pesquisadores avaliarem os efeitos do exercício sobre essa estrutura em particular. E foi justamente a interação hipocampo-exercício o objeto de um estudo realizado por pesquisadores do Centro de Pesquisa sobre Envelhecimento, Saúde e Bem-estar da Australian National University, publicado no fim de outubro na Cerebral Cortex. Nele, 411 adultos entre 40 e 44 anos e 375 entre 60 e 64 anos foram acompanhados durante 12 anos, e demonstrou-se que maiores níveis de atividade física promovem um envelhecimento cerebral mais saudável.

Para determinar o nível de atividade física dos avaliados, os pesquisadores transformaram o vigor e o tempo de duração das atividades praticadas semanalmente, em METs (equivalente metabólico). Como resultados, os autores constataram que:

Os resultados desse estudo complementam outros vários existentes, que demonstram que a prática de atividades físicas de maior intensidade está relacionada com melhor atividade cognitiva e demais indicadores neurofisiológicos de saúde mental.

Portanto, praticar exercícios significa muito mais do que garantir um físico saudável. A prática de atividades físicas contribui de maneira muito importante para um melhor desempenho e maior longevidade intelectual.


Fonte:https://ge.globo.com/eu-atleta/saude/post/2021/11/09/atividade-fisica-promove-envelhecimento-cerebral-mais-saudavel.ghtml



Exercício físico e neuroplasticidade: entenda a relação


O médico endocrinologista Guilherme Renke explica como a capacidade do cérebro de se adaptar pode influenciar na prática de exercícios físico e sugere alimentos importantes para a saúde cognitiva


Você já deve ter ouvido o termo neuroplasticidade. É uma palavra bastante recente no mundo da neurociência que trouxe muito conhecimento sobre a atividade cerebral e a saúde cognitiva. Há relativamente pouco tempo, os especialistas acreditavam que o desenvolvimento dos nossos cérebros estava concluído no final da adolescência, sem capacidade de se modificar após esse período, e que, em termos de neurônios, tudo estava em declínio a partir daí. Mas, graças à ciência, hoje sabemos que isso não é verdade. As pesquisas mais recentes provaram o oposto: nossos cérebros podem realmente crescer e mudar durante a vida adulta. Cada vez que esse órgão processa informações, neurônios são disparados, novos caminhos se formam e o cérebro maleável altera sua forma e estrutura.


Segundo estudo, a prática de exercícios não melhora só coração, pulmões e músculos, melhora também o cérebro — Foto: Istock Getty Images

Segundo estudo, a prática de exercícios não melhora só coração, pulmões e músculos, melhora também o cérebro — Foto: Istock Getty Images

O que é neuroplasticidade? O conceito refere-se à capacidade do cérebro de se reestruturar ou se reconectar quando reconhece a necessidade de adaptação. Em outras palavras, ele pode continuar se desenvolvendo e mudando ao longo da vida. Atualmente, buscamos compreender quais estímulos podemos oferecer ao nosso cérebro para que ele possa, então, se modificar e se desenvolver, apoiando positivamente a atividade cerebral.


Atividade física e neuroplasticidade


O cérebro humano se adapta às novas demandas, alterando suas propriedades funcionais e estruturais (neuroplasticidade), o que resulta na aprendizagem e aquisição de habilidades. Evidências convergentes de estudos com humanos e animais sugerem que a prática esportiva facilita a neuroplasticidade de certas estruturas cerebrais e, como resultado, as funções cognitivas.

Pesquisas em animais identificaram um aumento da formação de novos neurônios, sinapses e vasos sanguíneos, além da liberação de neurotrofinas (proteínas que atuam na manutenção e sobrevivência de células neuronais), como mecanismos neurais mediando efeitos cognitivos benéficos do exercício.

A atividade física pode desencadear processos facilitadores da neuroplasticidade e, com isso, potencializar a capacidade do indivíduo de responder a novas demandas com adaptações comportamentais. Alguns estudos recentes sugeriram que a combinação de treinamento físico e cognitivo pode resultar em um aprimoramento mútuo de ambas as intervenções. Além disso, novos dados sugerem que, para manter os benefícios neurocognitivos induzidos pela prática esportiva, deve-se manter um aumento no nível de aptidão cardiovascular.


Efeito do exercício aeróbico no cérebro


O processo de envelhecimento cerebral é um fenômeno comum relacionado à idade. Exames de imagem cerebral mostram alterações da substância branca, formada principalmente por uma porção de prolongamentos de neurônios. A deterioração dessa substância está associada ao prejuízo cognitivo no envelhecimento saudável e à doença de Alzheimer

A ciência busca compreender como é possível amenizar os declínios relacionados à idade de forma mais proativa. Ou seja, o que devemos fazer ao longo da vida para diminuir as consequências do envelhecimento cerebral.

Um recente estudo, publicado em 2021, avaliou a neuroplasticidade da substância branca no cérebro adulto por meio de exames de imagem e verificou que houve efeitos benéficos no grupo que realizou caminhadas aeróbicas durante 6 meses. Sugeriu-se que a substância branca, região vulnerável ao envelhecimento, no cérebro adulto retém a plasticidade induzida pelo exercício aeróbio em curto prazo (6 meses). E, por isso, é um aliado na saúde cognitiva.


Alimentação e saúde cognitiva


Os alimentos que você ingere desempenha um papel na manutenção da saúde do cérebro e pode melhorar tarefas mentais específicas, como memória e concentração.


Peixes gordurosos

Salmão, truta, atum, arenque e sardinha. Todos esses peixes são ricos em ácidos graxos ômega-3, importante bloco de construção do cérebro. DHA, um tipo de ômega-3, é responsável por 40% dos ácidos graxos poliinsaturados do cérebro. Para compreendermos mais facilmente: o cérebro usa ômega-3 para construir células cerebrais e nervosas, e essas gorduras são essenciais para o aprendizado e a memória.

Frutas vermelhas

Mirtilos e outras frutas de cores vermelhas fornecem antocianinas, grupo de compostos vegetais com efeitos anti-inflamatórios e antioxidantes. Os antioxidantes atuam contra o estresse oxidativo e a inflamação, condições que podem contribuir para o envelhecimento do cérebro e doenças neurodegenerativas

Ovos

Os ovos são uma boa fonte de vários nutrientes ligados à saúde do cérebro, incluindo vitaminas B6 e B12, folato e colina (nutriente importante para formação do neurotransmissor acetilcolina, ajuda na memória e função mental)

Chá verde

O chá verde é uma excelente bebida para o cérebro, já que contém cafeína associada à L-teanina, aminoácido capaz de atravessar a barreira hematoencefálica e aumentar a atividade do neurotransmissor GABA. É também rico em polifenóis e antioxidantes, os quais podem proteger o cérebro do declínio mental e reduzir o risco de Alzheimer e Parkinson.


Concluindo


Evidências indicam que o exercício pode melhorar o aprendizado e a memória, bem como atenuar a neurodegeneração, incluindo a doença de Alzheimer (DA). Além de melhorar a neuroplasticidade por meio da alteração da estrutura e função sináptica em várias regiões do cérebro, o exercício também modula sistemas como a angiogênese (formação de novos vasos sanguíneos) e a ativação glial (células da glia auxiliam na nutrição e suporte dos neurônios), que são conhecidos por apoiar a neuroplasticidade.

Não há dúvida de que a saúde do cérebro pode ser melhorada por meio de exercícios físicos. Procure sempre a orientação adequada de profissionais da saúde capacitados em atender suas respectivas necessidades individuais.


Por Guilherme Renke

Médico endocrinologista da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia e Médico do Esporte Titular da Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte


Referências


  1. Hötting K, Röder B. (2013) Beneficial effects of physical exercise on neuroplasticity and cognition. Neurosci Biobehav Rev. 2013 Nov;37(9 Pt B):2243-57. doi: 10.1016/j.neubiorev.2013.04.005. Epub 2013 Apr 25. PMID: 23623982.
  2. Lin, T. W., Tsai, S. F., & Kuo, Y. M. (2018). Physical Exercise Enhances Neuroplasticity and Delays Alzheimer's Disease. Brain plasticity (Amsterdam, Netherlands), 4(1), 95–110. https://doi.org/10.3233/BPL-180073

Fonte:https://ge.globo.com/eu-atleta/saude/post/2021/07/22/exercicio-fisico-e-neuroplasticidade-entenda-a-relacao.ghtml

Alzheimer: atividade física é importante fator de proteção para demência


Novo estudo apresentado este mês na reunião anual da American Psychological Association encontrou menos marcas associadas ao Alzheimer nos cérebros de idosos que fazem exercícios



O Dia Mundial de Conscientização sobre a Doença de Alzheimer, celebrado neste sábado (21/09), é uma data voltada para a divulgação em relação à doença neurodegenerativa. Estima-se que, no mundo, haja mais de 47 milhões de pessoas sofrendo com demência, e que mais de 50% delas tenham Alzheimer. Com o envelhecimento da população, a tendência é que esses números aumentem nos próximos anos. A doença é alvo de pesquisas em todo o mundo. Um novo estudo apresentado este mês na reunião anual da American Psychological Association reforçou o que trabalhos anteriores já têm ressaltado: que o exercício físico é um importante fator de proteção para a demência e, especialmente, para o Alzheimer.


O novo estudo encontrou menos marcas associadas ao Alzheimer nos cérebros de idosos que praticam atividades físicas. Isso porque a proteína beta-amilóide, encontrada na membrana gordurosa que envolve as células nervosas, costuma formar placas ao redor dos neurônios de pacientes que sofrem com a doença, numa relação que ainda está sendo estudada. O que a pesquisa revela é que o exercício físico previne a formação dessas placas.

- Segundo a teoria do depósito de beta-amilóide nos neurônios, ele seria um dos responsáveis pelo Alzheimer. A proteína se depositaria no cérebro e levaria à morte das células cerebrais. As pesquisas estão sendo feitas, mas não há ainda certeza de nada. O que a gente sabe é que as pessoas que fazem atividades físicas estão mais protegidas do que as sedentárias. Isso não significa que quem faz exercícios não vai ter Alzheimer, mas sim que ele melhora suas chances de não ter - explica a psiquiatra Rita Cecília Ferreira, do Programa de Terceira Idade do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP).

Rita destaca que a atividade física atua ainda no controle de problemas que afetam a saúde e, consequentemente, podem agravar os quadros de demência, como pressão arterial, colesterol, triglicerídeos e glicemia. O controle da pressão arterial é, inclusive, fundamental para retardar o surgimento da doença, segundo estudo do Instituto Nacional do Envelhecimento (National Institute on Aging), em Bethesda, Estados Unidos. Além disso, praticar exercícios é decisivo para amenizar sintomas típicos do Alzheimer, como depressão e ansiedade.

- A atividade física ajuda muito porque controla tanto os fatores de risco quanto alguns dos sintomas neuropsiquiátricos. A depressão e a ansiedade são sintomas que já costumam aparecer no início da doença - comenta a psiquiatra. - O exercício também melhora o metabolismo e as funções cardiovasculares, o que aumenta a oxigenação cerebral. A gente indica a atividade física porque os benefícios são tanto para a saúde emocional quanto a física.

Idosa sai para caminhada leve: é importante respeitar os limites do corpo — Foto: Istock

Idosa sai para caminhada leve: é importante respeitar os limites do corpo — Foto: Istock

A neuropsicóloga Elaine Di Sarno, especializada em Avaliação Psicológica e Neuropsicológica e Terapia Cognitivo Comportamental, explica que a atividade física acelera também a produção do hormônio irisina, que teria a função de proteger o cérebro do comprometimento cognitivo.

- Mas é importante respeitar os limites do corpo do idoso e encontrar uma atividade que lhe dê prazer. Geralmente as caminhadas são muito indicadas - diz Elaine, que é pesquisadora e colaboradora do PROJESQ (Projeto Esquizofrenia) do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP.

Para Rita Cecília, é ainda difícil apontar apenas a irisina como a substância produzida pelo corpo que pode proteger o cérebro do Alzheimer. No entanto, o exercício libera, além da irisina, neurotransmissores como a serotonina, a dopamina e a endorfina, que afetam o humor e o bem-estar mental.

- A atividade física mobiliza uma série de hormônios e substâncias que, em conjunto, têm uma ação protetora. Mas a gente ainda sabe muito pouco sobre o papel desses hormônios em relação à demência - afirma Rita.

A atividade física controla fatores de risco, como pressão arterial, glicemia, colesterol e triglicerídeos — Foto: Getty Images

A atividade física controla fatores de risco, como pressão arterial, glicemia, colesterol e triglicerídeos — Foto: Getty Images

Benefícios do exercício sobre o Alzheimer:


  1. Função protetora dos neurônios: estudos indicam que quem faz atividade física previne o depósito da proteína beta-amilóide em torno das células nervosas;
  2. Libera hormônios e substâncias como irisina, dopamina, endorfina e serotonina, que em conjunto protegem o cérebro e agem sobre a saúde mental;
  3. Tem efeito benéfico contra sintomas da demência, como depressão e ansiedade;
  4. Controla fatores de risco, como pressão arterial, glicemia, colesterol e triglicerídeos;
  5. Melhora o metabolismo e as funções cardiovasculares, o que aumenta a oxigenação cerebral.

Fazer uma atividade tem efeito benéfico contra sintomas da demência, como depressão e ansiedade — Foto: iStock

Fazer uma atividade tem efeito benéfico contra sintomas da demência, como depressão e ansiedade — Foto: iStock

Exercícios indicados


Caminhar cinco vezes por semana por meia hora é uma atividade altamente recomendada para qualquer pessoa, mas especialmente para idosos. Hidroginástica, natação, dança, musculação, corrida e outras atividades também são recomendadas.

- O importante é achar um exercício de que a pessoa goste, senão vira castigo - comenta Elaine. - O ideal é traçar estratégias individuais, de acordo com os interesse de cada um.

  • Caminhada
  • Corrida leve
  • Musculação
  • Hidroginástica
  • Natação
  • Dança

Para isso, Elaine recomenda que se faça um teste com um neuropsicólogo, que vai indicar que terapias e exercícios são indicados em cada caso. Nesse teste, avalia-se que questões estão mais comprometidas no paciente com Alzheimer. Entre as possibilidades, destacam-se sintomas como:

  • Concentração;
  • Atenção;
  • Raciocínio;
  • Memória, especialmente a de curto prazo;
  • Tomada de decisão;
  • Flexibilidade mental;
  • Autocontrole.

- Além da atividade física, é importante que haja atividades de estimulação cognitiva. Tenho uma paciente que sempre foi muito ligada à música, à arte e à filosofia. Então o tratamento dela inclui tocar piano uma hora por dia, ouvir seus músicos favoritos, conversar sobre pintores e quadros. Ela tem 75 anos e anda esquecendo os nomes dos filhos e outras coisas. Então conversamos sobre isso e espalhamos post-its pela casa, com esses nomes e outras informações de que ela precisa. Além disso, ela faz caminhadas. Quando você caminha, você toma sol, que é importante para a vitamina D - exemplifica Elaine, que acredita em um trabalho conjunto que inclua psiquiatra, psicólogo, nutricionista, educador físico e terapeuta ocupacional.

A conjunção de atividades artísticas, físicas e intelectuais também é defendida por Rita Cecília. A psiquiatra lembra que quando se faz uma caminhada ou corrida, por exemplo, muda-se de ambiente e coloca-se o cérebro, mais que as pernas, em movimento.

- O ideal é a união de um tratamento não farmacológico, que inclui alimentação balanceada, exercícios e terapias que estimulem a cognição, com o tratamento farmacológico, com medicação para reduzir ou estabilizar, ao menos por um tempo, a progressão da doença - avalia a psiquiatra.

Idosos bem preparados fisicamente podem até participar de corridas — Foto: iStock Getty Images

Idosos bem preparados fisicamente podem até participar de corridas — Foto: iStock Getty Images

Fonte:https://ge.globo.com/eu-atleta/saude/noticia/dia-mundial-do-alzheimer-atividade-fisica-e-fator-de-protecao-para-demencia.ghtml

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