O grupo que participou do programa de reabilitação teve o risco de morrer por qualquer causa diminuído em 76,5% — Foto: Istock Getty Images
Exercícios diminuem mortalidade e sequelas em vítimas de AVC
Novo estudo americano mostra melhora de mobilidade, capacidade cognitiva e performance funcional e cardiovascular em pacientes que sofreram acidente vascular cerebral e seguiram um programa especial de treinos de reabilitação. Médico Luis Fernando Correia explica.
Washington D.C., EUA
Clínico e intensivista com certificado em Inovação pelo MIT, ex-chefe da emergência do Samaritano, o Doc hoje se dedica à divulgação de temas ligados à saúde
As pessoas que sofrem um infarto habitualmente recebem orientações de frequentar um programa de reabilitação cardíaca, o que geralmente traz excelentes resultados. Será que isso também poderia ser feito em pacientes que tiveram AVC? Para validar essa informação, pesquisadores do Instituto de Reabilitação JFK Johnson de Nova Jersey, nos Estados Unidos, acompanharam pacientes que tiveram acidente vascular cerebral a partir de 2015 e que seguiram um programa de reabilitação, comparando com outros que não seguiram.
Todos eram voluntários, adultos, que haviam sofrido um AVC isquêmico (quando falta sangue em uma área do cérebro), hemorrágico (quando uma artéria se rompe dentro do cérebro) ou hemorragias nas membranas que cobrem o cérebro. Uma das exigências para participar da pesquisa era que os pacientes fossem capazes de seguir comandos simples e estarem alertas o tempo todo.
Os integrantes do estudo, publicado neste mês de maio, foram divididos em dois grupos:
- Um deles recebia o tratamento tradicional, com fisioterapia, terapia ocupacional e acompanhamento com fonoaudiólogos de acordo com cada necessidade;
- O outro era acompanhado no programa de reabilitação especial, que teve como inspiração a reabilitação cardíaca pós-infarto e incluía a utilização de uma bicicleta ergométrica recostada, adaptada às eventuais necessidades de quem pudesse precisar de apoio nos membros superiores ou inferiores, com seguranças através de mecanismos de conexão ao aparelho. Isso porque, pacientes vítimas de AVC algumas vezes ficam com paralisias ou perda de força em partes do corpo, o que pode tornar o uso da bicicleta mais difícil.
O programa de reabilitação especial consistia em duas a três sessões de treinos por semana, num total de 36 sessões, com duração de três a quatro meses. Nas sessões, havia ainda aquecimento e condicionamento cardiovascular intervalado.
Após um ano de treinamento os dados relativos à mortalidade por todas as causas foram avaliados nos dois grupos:
- O grupo que participou do programa de reabilitação teve o risco de morrer por qualquer causa diminuído em 76,5%. Isso significava uma redução de quatro vezes em relação aos outros participantes;
- Os voluntários que treinaram seguindo o protocolo especial apresentavam, no fim do período da atividade, uma mobilidade pelo menos 10% maior do que os que fizeram apenas fisioterapia tradicional;
- O mesmo nível de efeito positivo, estatisticamente significativo, foi observado com a capacidade cognitiva e atividades diárias desempenhadas pelos participantes.
Esse resultado deve servir para que programas de reabilitação, especificamente desenhados para pacientes vítimas de acidentes vasculares cerebrais, sejam criados, diante do fato de que essa é uma das causas mais importantes de morte no Brasil.
Fonte:https://ge.globo.com/eu-atleta/saude/post/2022/05/14/exercicios-diminuem-mortalidade-e-sequelas-em-vitimas-da-avc.ghtml
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