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É possível retardar o envelhecimento da mente; veja dicas
Mantenha o frescor da memória, a rapidez de raciocínio e a criatividade. A chave está na neuroplasticidade, que pode ser estimulada com hábitos cotidianos
Por Fernando Beagá
04/05/2023 08h06 Atualizado há 10 horas
Em 2021, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelou que a quantidade de pessoas com mais de 60 anos representava 14,7% da população brasileira, um crescimento de quase 40% em relação a 2012. O aumento da expectativa de vida traz consigo os efeitos que o avançar no tempo causa ao corpo humano; alguns são visíveis, como as rugas e a flacidez da pele. Mas há algo que não enxergamos a olho nu, apesar de senti-lo: o declínio das operações cognitivas do cérebro, chamado de envelhecimento cognitivo.
É um processo fisiológico normal (diferente da demência, que é patológica) que atinge funções mentais como memória, raciocínio e concentração, mas não a ponto de comprometer a funcionalidade de uma pessoa no seu cotidiano — até porque a diminuição dessas capacidades começa cedo, segundo estudos científicos.
Em 2012, uma pesquisa publicada no British Medical Journal apontou que o início desse declínio se dá aos 45 anos. Uma colaboração internacional com cerca de 200 pesquisadores, publicada no ano passado na revista Nature, atestou que o volume cerebral atinge seu pico na casa dos 30, quando começa a perder vitalidade.
Apesar da queda natural na atividade cognitiva, é possível manter a memória, a rapidez de raciocínio e até a criatividade ao longo dos anos graças à neuroplasticidade, que é a capacidade adaptativa do cérebro de estabelecer novas conexões após a perda de neurônios em determinadas áreas.
“Ela pode ocorrer em qualquer idade e está associada a estímulos”, explica o neurologista Francisco Vale, ex-coordenador do Programa de Neurologia Cognitiva e Comportamental da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e membro da Academia Brasileira de Neurologia. Um dos principais estímulos é o exercício físico — “Para meus pacientes, é prescrição médica!”, enfatiza Vale.
Funciona melhor se associado a bons hábitos alimentares, a atividades de lazer desconectadas do trabalho, ao consumo zero do fumo e à moderação do álcool. Também a um bom sono. Mais importante do que a quantidade de horas dormidas (de preferência à noite) O papel do sono no emagrecimento: entenda a relaçãoé a sua qualidade. Se há dificuldade para adormecer, interrupções do sono ou um despertar seguido de insônia, é melhor procurar um médico. “O sono não é um processo passivo para o cérebro. Há uma fase dele em que ocorre a formação e a consolidação da memória.”
Boa memória é aliada do aprendizado. “O cérebro adora aprender, é um órgão ávido por atividade”, destaca o neurologista, que classifica a leitura como a melhor de todas, por estimular múltiplas áreas cerebrais simultaneamente. Ouvir música também, desde que de forma atenta à letra, à performance vocal e à melodia.
A absorção de conhecimento se torna mais eficiente se associada a emoções positivas — aprender o instrumento ou o idioma preferidos, por exemplo. Desafiar o cérebro também é importante. Há medidas simples, como trocar a mão com a qual executa um hábito diário, como pentear os cabelos ou escovar os dentes.
Fala-se muito em palavras cruzadas como atividade mental para pessoas idosas, o que é obviamente saudável (para qualquer idade), mas é preciso diversificar os hobbies para não estimular sempre os mesmos circuitos cerebrais. Recursos tecnológicos podem oferecer esses novos estímulos, com a ressalva de evitar games com conteúdos violentos e usar com prudência as redes sociais. “Interações presenciais são muito mais potentes, pelo contato visual, pelo toque... A dança tem um repertório enorme de benefícios”, finaliza Vale.
Fonte:https://gq.globo.com/saude/noticia/2023/05/envelhecimento-mente.ghtml
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