OS RISCOS DO SEXO ORAL: ONCOLOGISTA APONTA PERIGO DE INFECÇÃO POR CONTA DO HPV

Prazer oral também tem alguns riscos

Prazer oral também tem alguns riscos Freepik


Os riscos do sexo oral: oncologista aponta perigo de infecção por conta do HPV

A estimativa é de que metade dos casos de tumores de orofaringe, entre 2030 e 2040, será causada pelo HPV – os outros 50% estão relacionados ao tabagismo

Por Extra

17/07/2023 15h16  Atualizado há 2 dias

 

 Você sabia que o sexo oral, sem proteção, pode aumentar os riscos de câncer de garganta? Os tumores não surgem pela prática em si, mas pelo eventual contato com o vírus HPV, que costuma infectar a mucosa genital, oral e anal de homens e mulheres. Quase ninguém pensa nisso na hora do prazer, mas a estimativa é que metade dos casos de tumores de orofaringe, entre 2030 e 2040, vai ser causada pelo HPV – os outros 50% estão relacionados ao tabagismo. E quem tem muitos parceiros precisa ter cuidado redobrado. Estudos indicam que o sexo com mais de seis pessoas durante a vida aumenta em 8,5 vezes o risco de desenvolver a neoplasia de orofaringe em relação às pessoas que não praticam sexo oral.

Isso não quer dizer que é preciso dar adeus a essa prática sexual. A oncologista Letícia Martins, da Oncoclínicas Rio de Janeiro e do Hospital Marcos Moraes, diz que é possível combater a infecção por HPV com duas medidas simples: o uso de preservativos e a imunização.

 

— Outras medidas úteis são evitar o tabagismo e o consumo excessivo de álcool — comenta a médica, que lembra ainda que a vacinação contra o HPV, para maiores de 14 anos, apesar de não estar disponível no SUS, é aconselhável.

Para cada ano do triênio 2023-2025, o Instituto Nacional do Câncer (INCA) estima 15.100 casos de câncer da cavidade oral e orofaringe, sendo um risco estimado de 6,99 por 100 mil habitantes. Essa incidência vem aumentando no país, assim como ocorre em outros países desenvolvidos.

 

É estimado que 85% da população entre em contato com o vírus HPV em algum momento da vida. Contudo, isso não significa que o câncer irá de fato se desenvolver. Após o contato com o vírus, a maior parte das pessoas consegue eliminá-lo através do seu sistema imune. No entanto, eventualmente, o vírus não é eliminado e uma infecção crônica se desenvolve. Essa infecção pode persistir por muitos anos e não causar nenhum tipo de sintoma, o que não impede que o vírus seja transmitido para outra pessoa. Além do sexo oral, a transmissão do vírus também pode ocorrer por meio de relações sexuais vaginais ou anais, causando outras neoplasias, como câncer de colo do útero, vagina, vulva, pênis e anus.

Uma pesquisa divulgada pela Universidade de São Paulo (USP), em que foram analisados dados de 15.391 pacientes do Registro de Câncer de Base Populacional do município de São Paulo (RCBP-SP), contabilizados no período de 1997 a 2013, mostrou que o risco de câncer de boca e orofaringe (principalmente) associados ao Papilomavírus Humano (HPV) aumentou entre homens e mulheres jovens com idade até 39 anos. As estruturas que compõem a orofaringe são a base da língua, o palato mole, as amígdalas e paredes laterais e posterior da faringe. Principalmente a base da língua e as amígdalas são os locais mais acometidos pela doença HPV relacionada.

 

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Sintomas podem ser confundidos com problemas de saúde

Sabe aquela infecção de faringe e amígdalas que, apesar de tratada, não passa? Elas merecem atenção e investigação. Outros sintomas, bastante inespecíficos nas fases iniciais da doença, são dor ao engolir, aumento de ínguas no pescoço ou alguma ferida na região da orofaringe, que pode levar a um sangramento. “Se você tiver uma infeção que, mesmo que tratada, não passa ou sentir outros sintomas como os exemplificados por mais de duas semanas, deve procurar um especialista para iniciar uma investigação”, indica Letícia.


Diagnóstico precoce


“O câncer de orofaringe não tem formas de rastreio. Por isso, é fundamental que se procure um especialista caso persistam sintomas na região da garganta. O diagnóstico precoce é fundamental”, ressalta a oncologista.

Caso o tumor seja confirmado através de uma biópsia, o próximo passo é entender se ele se espalhou. Isso pode ser feito através de exames como tomografia computadorizada ou ressonância nuclear magnética do pescoço e do tórax.


Existe tratamento?


Existe tratamento tanto para lesões iniciais quanto para aquelas mais avançadas. Vários fatores são levados em consideração além do estadiamento da doença para se definir a melhor estratégia terapêutica, e, idealmente, essa definição deve ser feita por uma equipe multidisciplinar, em conjunto com o paciente.


O tratamento pode incluir:

 

Radioterapia IMRT: é um tipo de radioterapia que tem maior precisão na hora de tratar o tumor. Com isso, o paciente apresenta menos efeitos colaterais e os resultados são expressivos; Quimioterapia: são medicamentos utilizados na maioria das vezes por via endovenosa que atrapalha a replicação das células, inclusive as células tumorais, levando-as à morte; Terapia-alvo: são drogas que atuam de forma diferente da quimioterapia padrão, apresentando também efeitos colaterais distintos. Em linhas gerais elas impedem que a célula tumoral se multiplique; Imunoterapia: este tratamento auxilia a atividade das células de defesa do paciente no combate à doença. Pode ser utilizada em combinação ou não com químio, a depender de características clínicas do paciente e da expressão do PDL1, uma proteína presente na superfície do tumor.


Fonte:https://extra.globo.com/saude/noticia/2023/07/os-riscos-do-sexo-oral-oncologista-aponta-perigo-de-infeccao-por-conta-do-hpv.ghtml

 

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