SUPERIDOSOS: CONHEÇA O SEGREDO POR TRÁS DA MEMÓRIA PRIVILEGIADA DE ALGUMAS PESSOAS NA VELHICE

  

Os super idosos super idosos mantém uma memória episódica comparável a de indivíduos ​​20 a 30 anos mais jovens.
Os super idosos super idosos mantém uma memória episódica comparável a de indivíduos ​​20 a 30 anos mais jovens. Freepik

Superidosos: conheça o segredo por trás da memória privilegiada de algumas pessoas na velhice

Fatores como estado civil e formação musical foram associados a uma memória episódica de ​​20 a 30 anos mais jovem

Por O GLOBO — São Paulo

22/07/2023 04h30  Atualizado 22/07/

Pesquisadores do Centro de Tecnologia Biomédica da Universidade Politécnica de Madrid, na Espanha, compararam os cérebros de "superidosos", pessoas que alguma forma resistem ao declínio da memória relacionado à idade, com o de pessoas mais velhas com habilidades cognitivas normais. Os resultados, publicados recentemente na revista científica The Lancet Healthy Longevity mostraram que fatores de estilo de vida, como atividade física, escolaridade e status socioeconômico, foram intimamente associados ao superenvelhecimento.

A memória episódica, aquela relacionada às experiências da vida pessoal, é vulnerável à deterioração relacionada à idade. Doenças neurodegenerativas, como o Alzheimer, geralmente levam a um grave declínio da memória episódica. Entretanto, por alguma razão, algumas pessoas, chamadas pela ciência de "superidosos", são imunes a esse declínio natural do envelhecimento. Eles mantêm uma memória episódica comparável a de indivíduos saudáveis ​​20 a 30 anos mais jovens.

Para tentar entender quais fatores estão por trás dessa resistência, os pesquisadores analisaram as assinaturas estruturais do cérebro e outros fatores associados ao fenótipo (conjunto de características físicas, bioquímicas, fisiológicas e comportamentais de uma pessoa) do superenvelhecimento.

A equipe analisou um subconjunto de dados do Projeto Vallecas, que inclui indivíduos com idades entre 70 e 85 anos sem distúrbios neurológicos ou psiquiátricos. Foram selecionados os participantes que tinham 80 anos ou mais e uma memória episódica comparável a indivíduos saudáveis ​​20 a 30 anos mais jovens. Eles foram então comparados a grupo de controle de adultos mais velhos, com em média 82 anos de idade, com função de memória típica para sua idade. Todos foram submetidos a avaliações neuropsicológicas e clínicas, ressonância magnética e coleta de amostras de sangue.

Os resultados mostraram que não houve diferença em fatores de risco genéticos para doença de Alzheimer ou biomarcadores sanguíneos de demência. Isso indica que os superidosos e o grupo controle não estão em pontos diferentes de um processo relacionado à demência.

Por outro lado, fatores de estilo de vida, como atividade física, escolaridade e status socioeconômico, foram intimamente associados ao superenvelhecimento. Ter uma formação musical e ser separado ou divorciado versus ser casado ou morar junto também foram fatores associados ao super envelhecimento.

Fatores de estilo de vida já são comumente associados à prevenção ou atraso da demência. A formação musical também pode influenciar a saúde cognitiva porque o treinamento contínua equivale a um exercício mental de longo prazo. No entanto, ainda não está clado de que forma estar separado e morar sozinho influenciam nessa característica.

Os pesquisadores especulam que a necessidade de autossuficiência ou a ausência de necessidade de cuidar de outra pessoa possam colaborar para isso.

Do ponto de vista fisiológico, descobriu-se que os superidosos têm volumes do hipocampo maiores, córtices cingulados anteriores mais espessos e menos atrofia cortical, em comparação com aqueles que tem uma memória compatível com sua idade. Todas essas são áreas associadas à função da memória.

O fenótipo "superidoso" foi associado à preservação da massa cinzenta em áreas do cérebro relacionadas à memória e núcleos colinérgicos, indicando uma resistência ao declínio natural da memória.

A velocidade do movimento também foi associada a uma melhor memória. Os superidosos demonstraram velocidades de movimento mais rápidas. Isso pode medido por testes de caminhada e batidas com os dedos. Esses idosos também apresentaram melhor saúde mental em questionários sobre ansiedade e depressão.


As descobertas do novo estudo são um começo. Mas os pesquisadores ressaltam que são necessárias mais pesquisas para explorar os mecanismos potenciais para promover o superenvelhecimento.


Fonte:https://oglobo.globo.com/saude/medicina/noticia/2023/07/22/superidosos-estilo-de-vida-e-o-segredo-por-tras-da-memoria-resistente-ao-tempo-de-algumas-pessoas.ghtml

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