O que o formato do seu cocô diz sobre a sua saúde?
Forma, consistência, cor e cheiro das
fezes não são informações que, isoladamente, apontam um diagnóstico. No
entanto, essas características fornecem pistas sobre o bem-estar da pessoa
Por Marcella Centofanti, Colaboração Para Marie Claire —
São Paulo
30/08/2023 15h15 Atualizado há 4
semanas
O que é, o que é? Todo mundo faz, mas ninguém fala sobre e ainda expressa nojo quando o assunto aparece? O cocô é uma necessidade fisiológica. Suas características, incluindo formato, consistência, cor e cheiro podem fornecer pistas valiosas sobre a saúde de uma pessoa.
De acordo com a gastroenterologista Paula Senger, do Centro de Cirurgia, Gastroenterologia e Hepatologia (CIGHEP), essas informações isoladamente não servem como diagnóstico de uma doença.
No entanto, somadas a outros fatores, podem indicar alguns quadros. “Às vezes, apenas uma adaptação na dieta e mudanças do estilo de vida já resolvem o problema”, diz a médica.
O intestino é o órgão do aparelho digestivo responsável por absorver os nutrientes dos alimentos e expelir os resíduos que o corpo descarta. A velocidade da passagem das fezes pelo tubo digestivo — muito rápido ou muito devagar — é um indicador de possíveis distúrbios intestinais.
Em 1997, o médico britânico Kenneth Heaton publicou um estudo sobre como o formato e a textura do número 2 podem monitorar alterações na função intestinal do paciente. O guia, conhecido como Escala de Bristol, divide os cocôs em sete tipos diferentes:
Tipo 1: Caroços duros e separados, como nozes (difíceis de passar)
Quando as fezes saem em forma bolinha dura, semelhante ao dejeto de cabra, é um indício de constipação. O problema pode vir acompanhado de outros sintomas, como evacuar menos de três vezes por semana, ter que fazer força para o cocô sair e sensação de não conseguir esvaziar o intestino.
Para melhorar o sintoma, Paula Senger recomenda aumentar o consumo de fibras, como frutas e verduras, tomar de 1,5 a 2 litros de água por dia e praticar atividade física.
Tipo 2: Em formato de salsicha, mas granuloso
Esse tipo também indica uma possível constipação. “Se você sempre teve fezes normais e começou a ter uma mudança, isso deve chamar atenção, porque pode ser indício de alguma doença”, aponta a médica.
Oscilação dos hormônios da tireoide e obstrução no intestino, por exemplo, atrapalham a passagem das fezes. Intestino preso também pode ser efeito colateral de um medicamento, como reposição de cálcio.
No longo prazo, a constipação pode causar hemorroidas e fissuras, por causa da força necessária para evacuar. “O tratamento serve não somente para alívio de desconforto, mas também para evitar complicações de saúde”, diz a gastroenterologista.
Tipo 3: Semelhante a uma salsicha, mas com rachaduras na superfície
Esse cocô indica um trânsito intestinal saudável. No entanto, a presença de fissuras pode sugerir que a pessoa precisa aumentar um pouco a ingestão de líquidos e fibras.
Tipo 4: Como uma salsicha ou uma serpente, com superfície lisa e macia
Fezes longas e macias são consideradas normais e saudáveis. Elas indicam um sistema digestivo equilibrado e uma dieta balanceada.
“Nos tipos 3 e 4, a pessoa não precisa necessariamente ir ao banheiro todos os dias. Tem gente que evacua em dias alternados, mas mantém a consistência normal das fezes e não precisa fazer esforço para esvaziar o intestino”, afirma Paula Senger.
Tipo 5: Pedaços macios e separados com bordas bem definidas (passa facilmente)
Maciez demais indica que o bolo fecal se movimenta rapidamente. Esse formato está no limite da diarreia, uma condição que causa complicações ao organismo, como carência nutricional.
Tipo 6: Massa pastosa e fofa
O cocô é tão mole e irregular, que fica difícil identificar um formato. O trânsito intestinal, nesse caso, é acelerado.
O tipo 6 é considerado diarreia, mesmo não sendo líquido. Esse formato pode ser passageiro, desencadeado por uma infecção viral ou bacteriana, ou pelo uso de medicamentos, como antibióticos.
O sintoma também está associado a condições médicas, a exemplo de síndrome do intestino irritável e doenças inflamatórias intestinais.
Tipo 7: Líquido, sem pedaços sólidos
Com esse tipo, a pessoa costuma sentir uma necessidade urgente de evacuar. Se a diarreia persistir, o quadro pode evoluir para desidratação, desnutrição, perda de peso e anemia.
Essa diarreia é frequentemente causada por infecções por vírus, bactérias e parasitas. No entanto, pode ser sinal de condições como doença celíaca, doença de Crohn ou colite ulcerativa.
“Se o sintoma está acontecendo há menos de duas semanas, normalmente é uma diarreia aguda. No entanto, se dura mais de um mês, temos que investigar se há, por exemplo, início de uma intolerância alimentar ou uma doença inflamatória do intestino”, afirma a médica.
Quando a cor e o cheiro são motivo de alerta
Além do formato, a cor e o cheiro do cocô também têm algo a dizer sobre a saúde.
Fezes de cor marrom normalmente indicam uma digestão saudável. Cores pálidas podem sugerir problemas no fígado ou na vesícula biliar, enquanto o tom esverdeado está relacionado ao alto consumo de vegetais verdes ou ao uso de antibiótico.
O excremento preto é indício de um sinal de sangramento no trato gastrointestinal superior, como uma úlcera no estômago. “Por outro lado, se a paciente está fazendo reposição de ferro e começa a ter fezes enegrecidas, isso é só um efeito do remédio”, aponta Paula Senger.
Quanto ao cheiro, é verdade que nenhum cocô tem aroma de rosas. No entanto, odor forte demais pode ser indício de problemas de digestão ou infecções.
Outro sinal de alerta é a presença de sangue nas fezes. “Pode ser um sangramento mais orificial, como o da hemorróida, mas às vezes ele indica um problema mais sério do intestino, como a presença de um tumor”, avisa a médica.
Além disso, segundo a gastroenterologista, é preciso ficar atento às mudanças súbitas do quadro evacuatório: “Se a pessoa sempre teve uma certa frequência evacuatória, uma consistência normal das fezes e em poucos dias isso muda, é sinal de que pode estar acontecendo alguma coisa errada”.
Fonte:https://revistamarieclaire.globo.com/saude/noticia/2023/08/o-que-o-formato-do-seu-coco-diz-sobre-a-sua-saude.ghtml
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