Além do nódulo: conheça outros sinais de câncer de mama
Estudo aponta que uma em cada seis mulheres descobriu um tumor no seio a partir de sintomas menos conhecidos do que o caroço
Por Marcella Centofanti, Colaboração Para Marie Claire — São Paulo
04/11/2023 06h00 Atualizado há um dia
Nos anos 1990, a campanha do Outubro Rosa ensinou para as mulheres a importância de tocar as mamas para identificar a presença de nódulos. Embora o caroço seja o sinal mais conhecido do câncer de mama, a doença também se manifesta de outras formas.
Um estudo britânico de 2017 apontou que uma em cada seis mulheres descobriu um tumor no seio a partir de sintomas menos conhecidos. De acordo com os cientistas, essas pessoas demoraram mais para buscar ajuda do que aquelas que palparam um nódulo no peito.
Sinais e sintomas menos conhecidos de câncer de mama
Segundo a radiologista Vivian Milani, especialista em diagnóstico de mama da clínica Cura, a presença de secreção é o segundo sinal mais comum da doença, depois do caroço.
“A saída de secreção pelo mamilo deve ser investigada imediatamente, especialmente quando é unilateral e sanguinolenta ou transparente como água de torneira. Líquidos nas cores marrom, verde e amarelo são geralmente benignos”, diz.
Outro ponto de atenção é a descamação do mamilo, alerta para doença de Paget, um câncer raro. “Esse tipo de neoplasia pode causar um sinal parecido com o eczema e às vezes coça. Pode não ser nada, só uma alteração cutânea mesmo, mas precisa ser investigado”, afirma a oncologista Solange Sanches, vice-coordenadora do centro de referência de tumores de mama do A.C. Camargo Cancer Center.
A oncologista destaca que é preciso ficar de olho ainda em qualquer retração na pele: “Colocando as duas mãos na cintura e fazendo um pouquinho de pressão, a mama se projeta mais para a frente. Dessa maneira, a pessoa vai perceber se existe alguma alteração no contorno do seio. Isso já deve ser valorizado também. Via de regra, qualquer coisa que mude o formato da mama e cause alteração na pele é sinal de alarme.”
Quando uma lesão cancerígena se infiltra na pele, essa camada fica com um aspecto de casca de laranja. Pode existir também um afundamento, sinal de que o nódulo está, digamos, puxando esse tecido para baixo.
Vivian Milani recomenda mais uma forma de se analisar: “Olhe para o espelho, levante os braços e observe a simetria das mamas. Uma leve assimetria todas nós temos, mas existe um tumor inflamatório que causa uma alteração evidente de volume. Uma mama fica menor que a outra”.
O seio inflamado pode ficar mais quente, avermelhado e com uma diferença de textura na pele. “Essa alteração pode ser sinal de duas doenças: uma é o tumor inflamatório, mais comum em jovens, e o outro é a mastite, uma condição benigna e reversível, tratada com antibiótico. É preciso investigar logo, porque o tumor inflamatório se desenvolve rapidamente”, aponta a radiologista.
A médica da clínica Cura sugere também que as pessoas palpem as axilas: “Eu oriento as pacientes a levantar os braços, colocar a mão atrás da cabeça e palpar a região. Um pequeno aumento do volume é um achado muito frequente, chamado de mama acessória e benigno. Mas podem existir nódulos”.
Autoexame não substitui exames de rastreamento
Na maioria das vezes, todas as alterações nas mamas, incluindo os caroços, indicam doenças mais avançadas. “Quando a gente descobre um câncer de mama pela palpação de um nódulo, isso significa que o tumor tem pelo menos 1 centímetro. O ideal seria encontrar esse nódulo em um tamanho menor, por meio de exames de rastreamento”, pontua Solange Sanches.
A oncologista diz que conhecer o próprio seio é relevante, mas insuficiente em se tratando de câncer de mama. O ideal é detectar lesões muito menores, que às vezes não são nem identificadas por nódulo. Afinal, quanto mais precoce o diagnóstico, maior a chance de cura.
“A campanha do Outubro Rosa começou com o incentivo ao toque, mas a gente já passou dessa fase. Agora, estamos na etapa de aprimorar o diagnóstico por meio de exames de rastreamento e do conhecimento do histórico familiar da paciente, para poder personalizar cada caso”, afirma a médica.
Vivian Milano concorda: “Em órgãos internos, como estômago e intestino, muitas vezes o diagnóstico fica mais tardio. Já a mama é um órgão externo, então a gente consegue fazer o diagnóstico antes que a doença esteja muito avançada, antes de o tumor manifestar sinais e sintomas”.
Recomendação de rastreamento
O Instituto Nacional de Câncer (Inca) recomenda que a mamografia de rastreamento (exame realizado quando não há sinais nem sintomas suspeitos) seja realizado por mulheres de 50 a 69 anos, a cada dois anos. Essa é a mesma orientação da Organização Mundial de Saúde (OMS).
No entanto, a Sociedade Brasileira de Mastologia e o Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem estabelecem o rastreamento a partir dos 40 anos, anualmente.
Antes dessa idade, as mamas devem ser examinadas com um ultrassom.
Fonte:https://revistamarieclaire.globo.com/saude/noticia/2023/11/alem-do-nodulo-conheca-outros-sinais-de-cancer-de-mama.ghtml
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