Estudo revela que o câncer está aumentando entre mulheres mais jovens
Embora o tumor de mama seja o mais incidente entre elas, a maior taxa de crescimento foi observada entre os cânceres gastrointestinais
Por Marcella Centofanti, Colaboração Para Marie Claire — São Paulo
01/09/2023 13h52 Atualizado há 2 meses
O câncer é uma doença associada ao avanço da idade. A maior parte dos tumores se desenvolve em pessoas acima de 65 anos. Um novo estudo, no entanto, revelou que a doença está aumentando entre pessoas mais novas, sobretudo mulheres. Entre os tumores de maior crescimento estão os gastrointestinais e os de mama.
A pesquisa, publicada no periódico Jama Open Network, analisou dados de mais de 500 mil americanos entre 2010 e 2019. Embora o câncer tenha diminuído entre os adultos mais velhos, a doença aumentou ligeiramente entre pessoas com menos de 50 anos em geral.
Os maiores crescimentos foram observados entre indivíduos de 30 a 39 anos, sobretudo mulheres. Os tumores de início precoce mais incidentes em 2019 nos EUA foram mama, tireoide e colorretal. No entanto, os maiores aumentos foram nos cânceres de apêndice (252%), vias biliares (142%) e útero (76%).
Embora não haja dados oficiais brasileiros disponíveis sobre essa tendência, a oncologista Renata D'Alpino, co-líder da especialidade de tumores gastrointestinais do Grupo Oncoclínicas, acredita que o fenômeno se repita no Brasil: “A gente vê no consultório a chegada de pacientes mais jovens, que a gente chama de ‘early-onset’”.
Causas ambientais e estilo de vida
O estudo aponta que o aumento da doença em jovens está provavelmente associado ao estilo de vida. Os fatores reúnem obesidade, tabagismo, sedentarismo, sono irregular, alteração na microbiota e exposição a compostos cancerígenos.
“As pessoas costumam atribuir o câncer à genética, mas a hereditariedade impacta menos de 10% de todos os casos. Na maioria das vezes, a gente está falando de outras causas, principalmente as ambientais e o estilo de vida”, diz a médica.
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“Se a gente comparar com 50 ou 100 anos atrás, as pessoas estão mais estressadas, trabalham mais, têm menos tempo de descanso, praticam menos atividade física e se alimentam pior. São possíveis explicações para o crescimento da doença”, afirma.
Rastreamento e prevenção
Embora a prevenção total do câncer seja complexa, a adoção de um estilo de vida pode ajudar a reduzir o risco. Além disso, rastreamentos regulares são fundamentais para a detecção precoce da doença.
Entidades médicas como a Febrasgo, a Sociedade Brasileira de Mastologia e o Colégio Brasileiro de Radiologia, indicam que a mamografia deve ser feita a partir dos 40 anos de idade, uma vez ao ano. Já o Instituto Nacional de Câncer (Inca) recomenda o rastreio das mamas a partir dos 50 anos, a cada dois anos.
No caso do câncer de intestino, o Inca sugere o exame de pesquisa de sangue nas fezes a partir dos 50 anos. A Sociedade Americana do Câncer, por sua vez, recomenda que o rastreamento comece dos 45 anos em diante.
"Para apêndice e vias biliares não há protocolo de rastreamento", diz a médica.
Fonte:https://revistamarieclaire.globo.com/saude/noticia/2023/09/estudo-revela-que-o-cancer-esta-aumentando-entre-mulheres-mais-jovens.ghtml
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