TRINTA SEQUELAS E SINTOMAS PERSISTENTES DA COVID-19, CONFIRA LISTA - ESTUDO APONTA PERSISTÊNCIA DE SINTOMAS DOIS ANOS APÓS INFECÇÃO

 

Fisioterapia ajuda pacientes com sequelas pós-Covid

Fisioterapia ajuda pacientes com sequelas pós-CovidBreno Esaki/Agência Saúde DF

Estudo aponta persistência de sintomas dois anos após infecção por Covid-19

Lucas Rochada CNN

em São Paulo

12/05/2022 às 12:05

Dois anos após a infecção, metade das pessoas internadas com a doença apresentaram pelo menos um sintoma em hospital da China

Dois anos após a infecção pelo novo coronavírus, metade dos pacientes internados em um hospital da China ainda apresentam pelo menos um sintoma.

Os resultados são de um estudo de longo acompanhamento com a participação de 1.192 pessoas infectadas durante a primeira fase da pandemia em 2020. Os achados foram publicados no periódico científico The Lancet Respiratory Medicine nesta quarta-feira (11).

Embora as saúdes física e mental dos pacientes tenham melhorado ao longo do tempo, a análise sugere que os recuperados da Covid-19 ainda tendem a ter saúde e qualidade de vida piores do que a população em geral.

O quadro é considerado mais severo especialmente entre as pessoas que apresentam a Covid longa, que normalmente ainda apresentam pelo menos um sintoma, incluindo fadiga, falta de ar e dificuldades de sono dois anos após o adoecimento inicial.

Por ser uma doença relativamente nova, os impactos de longo prazo da Covid-19 para a saúde ainda estão sendo conhecidos pela comunidade científica. Os estudos de acompanhamento mais longos até o momento duraram cerca de um ano. A estimativa de recuperação dos pacientes também esbarra na falta de informações do estado de saúde populacional do período pré-pandemia.

“O acompanhamento contínuo dos recuperados da Covid-19, particularmente aqueles com sintomas da Covid longa, é essencial para entender o curso mais longo da doença, assim como o entendimento dos benefícios dos programas de reabilitação para recuperação”, disse o professor Bin Cao, do Hospital da Amizade China-Japão, na China, autor principal do estudo, em comunicado.

“Há uma necessidade clara de fornecer suporte contínuo a uma proporção significativa de pessoas que tiveram Covid-19 e entender como vacinas, tratamentos emergentes e variantes afetam os resultados de saúde a longo prazo”, completa.

Os pesquisadores analisaram os impactos de saúde a longo prazo dos recuperados da Covid-19 que foram submetidos à hospitalização, assim como questões específicas da Covid longa. Eles avaliaram a saúde de 1.192 participantes com a doença internados no Hospital Jin Yin-tan em Wuhan, na China, entre 7 de janeiro e 29 de maio de 2020, aos seis meses, 12 meses e dois anos.

As avaliações envolveram um teste de caminhada de seis minutos, exames laboratoriais e questionários sobre sintomas, saúde mental, qualidade de vida relacionada à saúde, retorno ao trabalho e uso de cuidados de saúde após a alta.

Os efeitos negativos da Covid longa na qualidade de vida, capacidade de exercício, saúde mental e uso de serviços de saúde foram determinados comparando os participantes com e sem sintomas longos da doença.

Os resultados foram comparados aos de um conjunto de pessoas sem histórico de infecção por Covid-19, chamado tecnicamente de grupo controle, correspondente à idade, sexo e comorbidades.

Principais resultados

A idade média dos participantes no momento da alta hospitalar foi de 57 anos, e 54% eram homens. Seis meses após a infecção, 68% dos participantes relataram pelo menos um sintoma persistente de Covid-19.

Dois anos após a infecção, os relatos de sintomas caíram para 55%. Fadiga ou fraqueza muscular foram os mais relatados e caíram de 52% em seis meses para 30% em dois anos. Independentemente da gravidade da doença inicial, 89% dos participantes retornaram ao seu trabalho em dois anos.

Dois anos após a doença, os pacientes geralmente apresentam saúde pior em comparação com a população em geral, com 31% relatando fadiga ou fraqueza muscular e 31% relatando dificuldades para dormir. A proporção de participantes sem a doença que relataram esses sintomas foi de 5% e 14% respectivamente.

Os pacientes com Covid-19 também foram mais propensos a relatar vários outros sintomas, incluindo dores nas articulações, palpitações, tonturas e dores de cabeça. Em questionários de qualidade de vida, eles também apontaram mais frequentemente dor ou desconforto (23%) e ansiedade ou depressão (12%) do que aqueles que não foram infectados (5% para cada sintoma).

Cerca de metade dos participantes do estudo apresentaram sintomas de Covid longa em dois anos e relataram ter menos qualidade de vida do que aqueles sem sintomas prolongados.

Nos questionários de saúde mental, 35% relataram dor ou desconforto e 19% indicaram ansiedade ou depressão. A proporção de pacientes com a doença, mas sem Covid longa, relatando esses sintomas foi de 10% e 4% em dois anos, respectivamente. Os participantes com Covid longa também relataram problemas com mobilidade (5%) ou níveis de atividade (4%).

As avaliações de saúde mental de participantes de com a Covid longa revelaram que 13% apresentam sintomas de ansiedade e 11% tiveram sintomas de depressão, enquanto para aqueles que não tiveram sintomas prolongados as proporções foram de 3% e 1%, respectivamente.

As pessoas com a Covid longa também usaram com mais frequência os serviços de saúde após receberem alta, sendo que 26% relataram uma consulta ambulatorial em comparação com 11% dos participantes sem sintomas prolongados.

Entre as limitações do estudo, os autores apontam que a ausência de um grupo de controle de recuperados de internações não relacionadas à infecção por Covid-19 tornou difícil estimar se as anormalidades observadas são específicas da doença.

Fonte:https://www.cnnbrasil.com.br/saude/estudo-aponta-persistencia-de-sintomas-dois-anos-apos-infeccao-por-covid-19/

Trinta sequelas e sintomas persistentes da Covid-19; confira a lista

Um dos estudos sobre o tema, publicado na eClinicalMedicine, revela que já foram identificados 203 sintomas associados à Covid de longa duração

 

Entre as sequelas mais comuns da Covid-19, médicos apontam fadiga, dificuldade respiratória e disfunção cognitiva
Entre as sequelas mais comuns da Covid-19, médicos apontam fadiga, dificuldade respiratória e disfunção cognitivaGetty Images

A infecção pela Covid-19 até pode ser assintomática, mas isso não a impede de deixar marcas. De acordo com as informações mais recentes, são aqueles pacientes que tiveram a doença em níveis mais graves que possuem maior probabilidade de ficar com prevalência de sintomas e sequelas após serem contagiados com o SARS-CoV-2.

Pessoas com casos mais leves da doença têm relatado dificuldades nas semanas ou meses seguintes à infecção.

“Ainda não tivemos tempo suficiente para perceber como vai ser esta evolução”, diz à CNN Portugal Andreia Leite, professora na Escola Nacional de Saúde Pública, que trabalha em um estudo que irá avaliar a persistência da ‘covid longa’ em Portugal.

“Tem ocorrido grande dificuldade em definir a covid longa”, admite, bem como as sequelas que ficam em uma “condição pós-covid”.

“A condição pós-covid é um diagnóstico de exclusão”, assinala ainda a investigadora. “Se alguém teve covid e começa com determinado sintoma é preciso perceber se é, de fato, esta a justificação, até porque existe um conjunto de outras causas para estes vários sintomas, o que torna a abordagem mais difícil”, resume.

A própria nomenclatura de “covid longa” não levanta consensos: um estudo publicado na The Lancet Respiratory Medicine, já no início deste mês, refere que, dado o especto de sintomas que podem ocorrer e persistir após a infecção da Covid-19, e também podem afetar diferentes órgãos e sistemas do organismo, “é essencial concordar na nomenclatura e definição” para avaliar a sua incidência, subtipos e gravidade.

“Este processo não pode ser deixado para as agências, prestadores de cuidados de saúde ou investigadores, mas requer vasta discussão, incluindo, nomeadamente, as pessoas afetadas.”

Sequelas e sintomas

Segundo uma revisão de estudos sobre a ‘long covid’, que estima que as sequelas da doença a longo prazo terão um impacto substancial na saúde pública, existem mais de 50 sintomas distintos relatados pós-infecção por covid-19, sendo os mais prevalentes a fadiga e dificuldades respiratórias, seguidas por perturbações do olfacto e paladar, cefaleias, dor no peito, névoa mental e perda de memória, bem como perturbações do sono.

Confira uma lista de 30 dos sintomas relatados e, se for o seu caso, marque uma consulta.

  • Fadiga
  • Dor de cabeça
  • Dificuldades respiratórias
  • Dor de garganta
  • Lesões pulmonares
  • Dor no peito
  • Tosse persistente
  • Dor muscular e articular
  • Ansiedade
  • Depressão
  • Insônias
  • Dificuldade de concentração
  • Névoa mental
  • Perda de memória
  • Perda de olfacto
  • Perda de paladar
  • Irritações cutâneas
  • Perda de apetite
  • Vômitos
  • Dor abdominal
  • Refluxo gastroesofágico
  • Diarreia
  • Incontinência urinária e fecal
  • Alterações no ciclo menstrual
  • Queda de cabelo
  • Arrepios
  • Suor abundante
  • Arritmias e palpitações cardíacas
  • Inflamação do miocárdio
  • Edema dos membros

A “condição pós-covid”

Bernardo Gomes, médico de Saúde Pública, lembra a definição da Organização Mundial da Saúde (OMS), que considera “condição pós-covid” os sintomas que surgem três meses após infecção, que duram pelo menos dois meses e não podem ser explicados por um diagnóstico alternativo.

Para o especialista, é importante, em termos de sequelas, dissociar aquelas que são efetivamente decorrentes da Covid-19 e outras que possam surgir de circunstâncias de doença mental ou até decorrentes de alterações de estilos de vida determinados pelas medidas pandêmicas.

Segundo os estudos mais recentes, sintomas pós-covid são mais comuns em adultos do que em crianças e mais habituais em doentes não vacinados do que em pessoas que tomaram a vacina.

“E há outra circunstância: pessoas que podem não ter nada na fase pós-aguda e aparecem com quadros, passado algum tempo, que se encaixam na possibilidade de long covid”, acrescenta Bernardo Gomes.

Entre as sequelas mais comuns da Covid-19, o médico aponta fadiga, dificuldade respiratória e disfunção cognitiva. “No entanto, temos outros quadros de afecção do sistema nervoso.

Na prática, as suas consequências traduzem-se em alterações inesperadas do ritmo cardíaco, arritmias, disfunções do sistema digestivo que persistem”. O médico lembra ainda que há doenças cujo número de casos parece ter aumentado no pós-covid, nomeadamente a diabetes, fenômeno que se considera agora estar ligado a uma resposta autoimune exacerbada ao SARS-CoV-2, mas que ainda terá de ser devidamente aprofundado.

“Não jogamos contra um único inimigo, jogamos contra o vírus e as suas questões agudas mas também contra uma reação imunitária exagerada que chegou a causar mortes. E ainda um terceiro inimigo, que deriva do segundo, percebemos que existem reações desreguladas ao vírus que podem ter um eco futuro e não se percebem num primeiro momento”, frisa o especialista de Saúde Pública.

“Infelizmente, vamos tendo cada vez mais casos destes, a expectativa é de que venha muita gente a ser afetada, ainda vai ter um impacto social importante”.

O mesmo diz a investigadora Andreia Leite: “É esperado que haja algum impacto do ponto de vista social e econômico, para além do impacto nos serviços de saúde”, refere, acrescentando que ainda não existe uma “imagem clara” da frequência da Covid-19 a longo prazo e suas sequelas, mas que serão certamente precisos muitos recursos para a “marcha diagnóstica” necessária nestes casos, que incluem a realização de exames complementares ou referenciação dos doentes para diferentes especialidades.

A professora da Escola Nacional de Saúde Pública lembra ainda que estas sequelas e sintomas do pós-covid são geralmente mais frequentes em doentes hospitalizados ou que tiveram doença grave e, em alguns casos, resolvem-se espontaneamente, mas em outros acabam por persistir “por um período longo e com impacto no dia a dia, na qualidade de vida, na diminuição das horas de trabalho ou obrigando a ter funções revistas”.

Segundo a Organização Mundial da Saúde, entre 10% a 20% das pessoas que tiveram Covid-19 sofrem de sintomas após recuperarem da fase aguda da infecção, uma condição “imprevisível e debilitante” que afeta também a saúde mental.

E um estudo publicado na eClinicalMedicine revela mesmo que já foram identificados 203 sintomas associados à covid de longa duração e que envolvem 10 órgãos diferentes do corpo humano. O estudo foi realizado com dados de 56 países e envolveu mais de três mil pessoas, tendo concluído que 56 dos 203 sintomas identificados persistiram por sete meses.

Fonte:https://www.cnnbrasil.com.br/saude/trinta-sequelas-e-sintomas-persistentes-da-covid-19-confira-a-lista/



 

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