Insônia: tudo o que você precisa saber sobre medicamentos para dormir
Um guia sobre os diferentes tipos de medicamentos para o tratamento da insônia, seus riscos e quando os especialistas recomendam seu uso
Por
Knvul Sheikh
Em The New York Times
13/12/2023 04h31 Atualizado há 4 dias
Cerca de um terço dos adultos em todo o mundo afirmam que às vezes têm dificuldade para adormecer ou continuar dormindo. Se você é um deles, pode ter tentado medicamentos para dormir para encontrar tranquilidade temporária.
Há uma categoria crescente de comprimidos prescritos, incluindo suvorexanto e ramelteona, aprovados especificamente para dormir. Os médicos também podem prescrever medicamentos como o antidepressivo mirtazepina off label para insônia. E anti-histamínicos de venda livre, como difenidramina ou doxilamina, também podem funcionar como sedativos.
"Estamos realmente na era de ouro" dos medicamentos para insônia, diz o médico David Neubauer, especialista em sono da Johns Hopkins Medicine. Os médicos podem sugerir tratamentos diferentes dependendo do tipo de problema de sono que você tem – se sua mente está acelerada ou se você acorda várias vezes no meio da noite.
Mas todos os medicamentos para dormir apresentam riscos, como tontura diurna, e alguns até causam dependência. É por isso que os especialistas dizem que é melhor limitar o quanto você confia neles.
— O uso ideal desses medicamentos é apenas quando necessário, então eu diria cerca de duas ou três vezes por semana, limitado a um curto período de tempo — recomenda o médico Alcibiades Rodriguez, especialista em medicina do sono da NYU Langone Health.
Quando você deve usar medicamentos para dormir?
Há situações em que o uso criterioso de remédios para dormir pode ser útil, como durante um ataque de insônia de duas ou três semanas desencadeado por um evento específico. Um médico também pode recomendar pílulas para dormir como último recurso se você não conseguiu um sono reparador depois de tentar mudanças no estilo de vida, como evitar telas à noite e táticas de terapia cognitivo-comportamental projetadas especificamente para o sono.
Você deve sempre consultar um médico antes de começar a tomar medicamentos para dormir, para que possa planejar por quanto tempo tomará os comprimidos. Se você ainda precisar deles depois de um mês, converse com um médico para determinar se outro tratamento ou medicamento funcionaria melhor ou para ver se você tem uma condição que está contribuindo para seu sono insatisfatório e não pode ser tratada com nenhum remédio para dormir.
O que funciona para você dependerá da causa da sua insônia, segundo Neubauer. A ramelteona, por exemplo, atua estimulando o receptor de melatonina do cérebro para ajudá-lo a manter um ciclo normal de sono. Às vezes, os médicos prescrevem medicamentos chamados benzodiazepínicos, que podem reduzir a ansiedade e deixá-lo sonolento, caso você tenha dificuldade para adormecer. Estes incluem alprazolam e clonazepam. Existem também medicamentos não benzodiazepínicos, como o zolpidem e a eszopiclona, que podem produzir efeitos semelhantes.
Quão prejudicial é tomar remédios para dormir todas as noites?
Os anti-histamínicos vendidos sem receita médica não foram bem estudados quanto aos seus efeitos no sono e a Academia Americana de Medicina do Sono não recomenda usá-los para a insônia. Muitos podem permanecer no seu organismo e causar tonturas e quedas durante o dia. O uso prolongado pode acarretar o risco de problemas de memória, confusão e constipação, os quais podem ser mais pronunciados em adultos mais velhos. Alguns estudos sugeriram que o uso prolongado de anti-histamínicos está associado ao aumento do risco de demência, embora a ligação não seja definitiva.
Embora não sejam consideradas pílulas para dormir, muitas pessoas tomam suplementos, como o hormônio melatonina, para insônia. Especialistas dizem que é importante observar que muitos suplementos não foram rigorosamente testados quanto à eficácia e podem não conter a quantidade de melatonina listada em seus rótulos – ou nenhuma.
Os comprimidos prescritos têm seus próprios efeitos colaterais, desde tonturas e dores de cabeça até problemas gastrointestinais. Você também não deve misturá-los com certas drogas e substâncias, incluindo álcool, opiáceos e antidepressivos. Fazer isso pode deprimir ainda mais o sistema nervoso central e resultar em respiração lenta, o que pode ser perigoso, alerta Neubauer. E pílulas para dormir prescritas podem desencadear sonambulismo ou levar a problemas graves de direção.
O corpo pode se acostumar com essas pílulas com o tempo, então as pessoas muitas vezes acabam precisando de doses mais altas para obter o mesmo efeito, explica Rodriguez. Com alguns destes medicamentos, especialmente os benzodiazepínicos, esta dependência pode evoluir para vício. É por isso que pode ser tão difícil para as pessoas abandonarem a medicação para dormir e por que muitas permanecem tomando remédios prescritos por anos.
Como fazer o desmame de medicamentos para dormir?
É necessária uma abordagem lenta e estratégica, de acordo com Jade Wu, psicóloga do sono da Universidade Duke que também presta consultoria para a empresa de bem-estar do sono Hatch. Em algumas pessoas, interromper abruptamente a medicação para dormir após mais de um mês de uso pode desencadear sintomas de abstinência, que podem incluir aumento da ansiedade, inquietação ou insônia rebote, o que significa que seu sono é novamente interrompido. A maioria dos especialistas recomenda diminuir a dose ao longo de várias semanas ou meses com a ajuda de um médico.
A terapia cognitivo-comportamental para insônia também pode abordar as causas da insônia, concentrando-se na modificação de comportamentos e padrões de pensamento que contribuem para problemas de sono. Estudos demonstraram que esse tipo de terapia pode fornecer uma alternativa mais durável à medicação.
Também é essencial estabelecer bons hábitos na hora de dormir, como dormir em um quarto escuro e evitar telas, o que pode ajudar na recuperação da insônia.
— Pode haver algumas noites difíceis aqui e ali, mas tudo bem. Tenha fé que você não está realmente retrocedendo — pontua Wu.
Fonte:https://oglobo.globo.com/saude/medicina/noticia/2023/12/13/insonia-tudo-o-que-voce-precisa-saber-sobre-medicamentos-para-dormir.ghtml
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