Uso prolongado de antidepressivos é risco para desenvolvimento de comorbidades?
Um estudo publicado em 2022 teve como objetivo investigar a associação entre o uso de antidepressivos e o efeitos adversos.
Uso prolongado de antidepressivos é associado a aumento de doença cardiovascular e risco de morte
Batya Swift Yasgur
13 de outubro de 2022
O uso prolongado de antidepressivos está ligado a aumento do risco de desfechos adversos, como doença cardiovascular, doença cerebrovascular, doença coronariana e morte por todas as causas, sugere nova pesquisa.
Os pesquisadores avaliaram 10 anos de dados do UK Biobank do Reino Unido sobre mais de 220.000 adultos, e compararam o risco de desfechos adversos entre as pessoas que tomavam antidepressivos e as que não tomavam esse tipo de medicamento.
Após o ajuste por fatores de risco preexistentes, eles observaram que o uso de antidepressivos por 10 anos estava associado ao dobro do risco de doença coronariana, ao dobro do risco de doença cardiovascular e de morte por doença cardiovascular, ao aumento do risco de doença cerebrovascular e a mais do que o dobro do risco de morte por todas as causas.
Por outro lado, o uso de antidepressivos por 10 anos foi associado a um risco 23% menor de hipertensão arterial sistêmica e a um risco 32% menor de diabetes mellitus.
Os principais responsáveis foram a mirtazapina, a venlafaxina, a duloxetina e a trazodona, embora os inibidores seletivos de recaptação da serotonina também tenham sido associados a aumento do risco.
"Nossa mensagem para os médicos é que prescrever o uso prolongado de antidepressivos talvez não seja algo sem prejuízos, e esperamos que este estudo ajude os médicos e os pacientes a terem conversas mais bem informadas, pesando os potenciais riscos e benefícios dos tratamentos da depressão", disse em um comunicado de imprensa a pesquisadora do estudo Dra. Narinder Bansal, médica e fellow honorária de pesquisa no Centre for Academic Health and Centre for Academic Primary Care, University of Bristol, no Reino Unido.
"Independentemente de os fármacos serem a causa básica desses problemas, nossos achados destacam a importância da monitorização cardiovascular proativa e da prevenção nos pacientes com depressão que tomam antidepressivos, já que ambos foram associados a aumento dos riscos", acrescentou.
O estudo foi publicado on-line em 13 de setembro no periódico British Journal of Psychiatry Open.
Monitorização do risco de doenças cardiovasculares: ‘importantíssima’
Os antidepressivos estão entre os medicamentos mais prescritos; 70 milhões de prescrições foram dispensadas apenas em 2018, representando o dobro das prescrições desses fármacos em uma década, observaram os pesquisadores. "Este aumento marcante da prescrição é atribuído ao tratamento prolongado, e não ao aumento da incidência de depressão."
A maioria dos ensaios avaliando a eficácia dos antidepressivos têm sido "mal adaptados para examinar os desfechos adversos". Uma razão para isso é o fato de muitos dos ensaios clínicos serem breves. Como a depressão está "fortemente associada" a fatores de risco de doenças cardiovasculares, "é fundamental uma avaliação cuidadosa dos efeitos cardiometabólicos em longo prazo".
Além disso, são necessárias informações sobre "uma ampla gama de fatores de confusão avaliados prospectivamente (...) para fornecer estimativas robustas dos riscos associados ao uso prolongado de antidepressivos", observaram os autores.
Os pesquisadores examinaram a associação entre o uso de antidepressivos e quatro desfechos de morbidade cardiometabólica: diabetes mellitus, hipertensão arterial, doença cerebrovascular e doença coronariana. Além disso, eles avaliaram dois resultados de mortalidade: morte por doenças cardiovasculares e morte por todas as causas. Os participantes foram divididos em coortes de acordo com o desfecho de interesse.
O conjunto de dados contém informações detalhadas sobre a situação socioeconômica, a demografia, os fatores de risco antropométricos, comportamentais e bioquímicos, a incapacidade e o estado de saúde, e está vinculado a conjuntos de dados de registros de prontuários do atendimento primário e de óbitos.
O estudo foi feito com 222.121 participantes cujos dados estavam relacionados aos prontuários do atendimento primário durante 2018 (idade mediana dos participantes: 56 a 57 anos). Cerca de metade eram mulheres e 96% eram de etnia branca.
Os participantes eram excluídos se tivessem recebido prescrição de antidepressivos ≤ 12 meses antes do início do estudo, sido previamente diagnosticados para o desfecho de interesse, recebido prescrição de psicofármacos, utilizado medicamentos cardiometabólicos no início do estudo ou se tivessem feito tratamento com politerapia antidepressiva.
Os potenciais confundidores foram idade, sexo, índice de massa corporal, relação cintura/quadril, tabagismo e consumo de bebidas alcoólicas, atividade física, história familiar de desfechos de interesse, biomarcadores bioquímicos e hematológicos, situação socioeconômica e doença crônica, incapacidade ou invalidez.
Mecanismo pouco claro
Ao final dos períodos de acompanhamento de 5 e 10 anos, 8% e 6% dos participantes de cada coorte (média), respectivamente, receberam prescrição de antidepressivos, sendo que os inibidores seletivos da recaptação da serotonina foram a classe mais prescrita (80% a 82%), e o citalopram foi o inibidor seletivo de recaptação da serotonina mais prescrito (46% a 47%). A mirtazapina foi o antidepressivo inibidor não seletivo de recaptação da serotonina mais prescrito (44% a 46%).
Em cinco anos, o uso de qualquer tipo de antidepressivo foi associado a aumento do risco de diabetes mellitus, doença coronariana e morte por todas as causas, mas os achados foram atenuados após posterior ajuste pelos fatores de confusão. Na verdade, os inibidores seletivos de recaptação da serotonina foram associados à redução do risco de diabetes mellitus em cinco anos (razão de risco de 0,64; intervalo de confiança [IC] de 95% de 0,49 a 0,83).
Aos 10 anos, os inibidores seletivos da recaptação da serotonina foram associados a um aumento do risco de doença cerebrovascular, morte por doenças cardiovasculares e morte por todas as causas; os inibidores não seletivos da recaptação da serotonina foram associados a um aumento do risco de doença coronariana, doença cardiovascular e morte por todas as causas.
Classe de antidepressivo | Risco (IC de 95%) |
Inibidores seletivos da recaptação da serotonina | Doença cerebrovascular: 1,34 (1,02 a 1,77) |
Outros antidepressivos | Doença coronariana: 1,99 (1,31 a 3,01) |
Por outro lado, os inibidores seletivos de recaptação da serotonina foram associados à diminuição do risco de diabetes mellitus e hipertensão arterial em 10 anos (razão de risco [RR]: 0,68; IC 95%: 0,53 a 0,87; e RR: 0,77; IC 95%: 0,66 a 0,89, respectivamente).
"Apesar de termos considerado uma vasta gama de fatores de risco preexistentes de doença cardiovascular, como os que estão ligados à depressão, por exemplo, excesso de peso, tabagismo e pouca atividade física, é difícil controlar totalmente os efeitos da depressão nesse tipo de estudo, em parte porque há considerável variabilidade no registro da gravidade da depressão no atendimento primário", disse Dra. Narinder.
"Isto é importante, porque muitas pessoas que tomam antidepressivos, como mirtazapina, venlafaxina, duloxetina e trazodona, podem ter depressão mais grave. Isso dificulta a separação dos efeitos da doença dos efeitos dos medicamentos", acrescentou.
É necessária uma investigação mais profunda para avaliar se as associações observadas são de fato farmacológicas; e, em caso afirmativo, por que razão isso ocorre", acrescentou.
Forças e limitações
Convidado a comentar o estudo para o Medscape, o médico Dr. Roger McIntyre, professor de psiquiatria e farmacologia da University of Toronto no Canadá, e chefe da Mood Disorders Psychopharmacology Unit, falou sobre os pontos fortes e fracos do estudo.
O UK Biobank é um "conjunto de dados bem descritos e bem fenotipados, de boa qualidade", disse Dr. Roger, que é presidente e diretor executivo da Brain and Cognitive Discover Foundation, no Canadá, e que não participou do estudo. Outra força é o "impressionante número de variáveis que o banco de dados contém, o que permitiu que os autores aprofundassem muito os temas".
Uma "limitação significativa" é a confusão inerente à própria doença, "as pessoas com depressão têm um risco intrínseco muito maior de doença cardiovascular, doença cerebrovascular e morte cardiovascular", observou o Dr. Roger.
Os pesquisadores não ajustaram por traumas ou por maus-tratos na infância, “que são os maiores fatores de risco, tanto de depressão quanto de doença cardiovascular; e o uso de drogas e bebidas alcoólicas também não foi contabilizado".
Além disso, "para determinar se alguma coisa é uma associação ou potencialmente causa, é necessário atender aos critérios de Bradford-Hill", disse o Dr. Roger. "Como estamos passando a utilizar cada vez mais estes grandes bancos de dados, e como dependemos deles para termos perspectivas em longo prazo, gostaríamos de ver critérios coerentes e convincentes de Bradford-Hill no que diz respeito à causalidade. Se não houver nenhum, tudo bem, mas então é importante deixar claro que não há nenhuma linha de causalidade aparente, apenas uma associação."
A pesquisa foi financiada por National Institute of Health Research (NI) School for Primary Care Research e foi apoiada pelo NI Biomedical Research Centre na University Hospitals Bristol e pelo Weston NHS Foundation Trust e a University of Bristol. O Dr. Roger McIntyre recebeu apoio de bolsas de pesquisa da CI/GACD/National Natural Science Foundation of China (NSFC) e do Instituto Milken; honorários por palestras e consultorias das empresas Lundbeck, Janssen, Alkermes, Neumora Therapeutics, Boehringer Ingelheim, Sage, Biogen, Mitsubishi Tanabe, Purdue, Pfizer, Otsuka, Takeda, Neurocrine, Sunovion, Bausch Health, Axsome, Novo Nordisk, Kris, Sanofi, Eisai, Intra-Cellular, NewBridge Pharmaceuticals, Viatris, AbbVie e Atai Life Sciences. O Dr. Roger McIntyre é diretor-executivo da Braxia Scientific Corp.
BJPsych Open. Publicado on-line em 13 de setembro de 2022. Texto completo
Batya Swift Yasgur MA, LSW é escritora freelancer com um consultório de aconselhamento em Teaneck, NJ. Ela é colaboradora regular de várias publicações médicas, inclusive o Medscape e a WebMD, e autora de livros de saúde orientados para o consumidor, assim como do livro Behind the Burqa: Our Lives in Afghanistan and How We Escaped to Freedom (a memória de duas corajosas irmãs afegãs que lhe contaram a sua história).
Fonte: https://portugues.medscape.com/verartigo/6508687?form=fpf#vp_3
Uso a longo prazo de antidepressivos está associado ao aumento da morbidade e mortalidade
Um estudo conclui que os antidepressivos comumente prescritos estão associados ao desenvolvimento de diabetes, hipertensão e outras doenças.
De
08/10/2022
Um artigo recentemente publicado no BJ Psych Open investiga os efeitos adversos dos ISRS e outros antidepressivos quando tomados por mais de cinco anos.
Narinder Bansal, Mohammad Hudda, Rupert A. Payne, Daniel J. Smith, David Kessler e Nicola Wiles utilizaram mais de 200.000 registros médicos individuais coletados pelo Biobank do Reino Unido entre 2006 e 2010.
“Os antidepressivos são um dos medicamentos mais prescritos. Setenta milhões de prescrições foram distribuídas em 2018, o que representa quase o dobro das prescrições em uma década. Este aumento impressionante na prescrição é atribuído ao tratamento a longo prazo, em vez de uma incidência maior de depressão, e estas tendências não se limitam ao Reino Unido”, escrevem os autores. “Entretanto, pouco se sabe sobre as conseqüências do tratamento antidepressivo de longo prazo para a saúde”.
Em julho, Joanna Moncreiff e Mark Horowitz conduziram e publicaram uma revisão das evidências da “teoria do desequilíbrio químico” da depressão, desmascarando efetivamente a idéia. Entretanto, os medicamentos psicotrópicos ainda são utilizados como tratamento de primeira linha para a depressão, apesar das perguntas sobre sua eficácia. Além disso, o uso de antidepressivos a longo prazo pode ter efeitos colaterais preocupantes, mas a educação pública e médica relativa à descontinuação e ao afunilamento da dose permanecem escassas.
Bansal e colegas procuraram documentar os efeitos adversos do uso de antidepressivos de longo prazo. O Biobank do Reino Unido coletou registros médicos de mais de 500.000 indivíduos durante quatro anos (2006-2010). Após excluir os participantes por vários motivos (por exemplo, o participante não estava mais registrado em seu clínico geral ou estava tomando vários antidepressivos no início do estudo), mais de 200.000 participantes entre 40 e 69 anos de idade permaneceram, 96% dos quais eram brancos.
Os autores então avaliaram a associação entre o uso de antidepressivos e quatro morbidades diferentes: diabetes, hipertensão, doença coronariana (CC) e doença cerebrovascular (CV), e dois resultados diferentes de mortalidade, incluindo doença cardiovascular (DCV) e mortalidade por todas as causas. Cada morbidade foi então avaliada utilizando o modelo de risco proporcional de Cox (um modelo de regressão comumente usado para entender a associação entre o tempo de sobrevivência dos pacientes e uma ou mais variáveis preditoras).
Os autores destacam que a experiência dos sintomas comumente entendidos como “depressão” está fortemente associada a “comportamentos de risco à saúde” ou “cocriadores”, tais como obesidade, tabagismo e falta de atividade física, que também são fatores de risco tanto para DCV quanto para diabetes. Através de múltiplas análises estatísticas, Bansal e seus colegas deram o melhor de si para contabilizar esses fatores de risco.
Os autores discutem suas conclusões:
“Nosso estudo descobriu que o uso de antidepressivos a longo prazo estava associado a um aumento do risco de DCV, DCV e mortalidade por todas as causas. Estas questões parecem ser mais problemáticas para os antidepressivos diferentes dos ISRS (mirtazapina, venlafaxina, duloxetina, trazodona), com o uso de tais medicamentos associados a um risco duas vezes maior de CHD, CVD, e mortalidade por todas as causas aos dez anos. Entretanto, havia também evidências de que os antidepressivos, particularmente os SSRIs, estavam associados a um risco reduzido de desenvolver hipertensão e diabetes. As descobertas foram particularmente evidentes após dez anos de acompanhamento, onde tivemos um número maior de eventos”.
Os autores explicam por que suas descobertas podem diferir de outros estudos devido à forma como acomodaram os diversos cofundadores. Depois que os autores se ajustaram aos comportamentos de risco que comumente co-ocorreram com sintomas de depressão, o aumento do risco de diabetes parece ser indistinguível do risco do uso de antidepressivos versus o fumo/obesidade.
Entretanto, os autores observam que: “…não foi possível distinguir entre os efeitos dos antidepressivos e a própria depressão”. E que “…o uso de antidepressivos a longo prazo estava associado a um aumento do risco de CHD, CVD e mortalidade por todas as causas”.
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Bansal, N., Hudda, M., Payne, R., Smith, D., Kessler, D., & Wiles, N. (2022). Antidepressant use and risk of adverse outcomes: Population-based cohort study. BJPsych Open, 8(5), E164. doi:10.1192/bjo.2022.563 (Link)
Fonte:https://madinbrasil.org/2022/10/uso-a-longo-prazo-de-antidepressivos-esta-associado-ao-aumento-da-morbidade-e-mortalidade/
Uso contínuo de antidepressivos pode elevar risco de doenças cardíacas
Cientistas britânicos apontam que usar esse tipo de medicamento por mais de 10 anos pode aumentar risco de doenças cardíacas em até 30%
atualizado
Uma pesquisa realizada por cientistas da Universidade de Bristol, na Inglaterra, apontou que o uso prolongado de medicamentos antidepressivos pode estar relacionado a um maior risco de problemas cardíacos. O estudo foi publicado na revista British Journal of Psychiatry Open em 13/9.
Para buscar informações sobre o impacto do uso de antidepressivos à saúde cardíaca, o grupo de pesquisadores examinou dados de cerca de 220 mil indivíduos entre 40 e 69 anos cadastrados no banco de dados de saúde do Reino Unido. A equipe comparou, durante 10 anos, as condições de saúde de pessoas que tomavam os medicamentos com as dos que não utilizavam antidepressivos.
Os cientistas incluíram oito tipos de medicamentos no estudo: citalopram, sertralina, fluoxetina, paroxetina – que são da classe dos inibidores seletivos de recaptação de serotonina (ISRS), mirtazapina, venlafaxina, duloxetina e trazodona.
Fonte:https://www.metropoles.com/saude/uso-continuo-de-antidepressivos-pode-elevar-risco-de-doencas-cardiacas
Antidepressivos: especialistas alertam sobre uso de remédios
Em todo o mundo, cerca de 246 milhões de pessoas recorrem a medicamentos para o tratamento de transtorno depressivo.
Estimativas levantadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) mostram que, em todo o mundo, aproximadamente 246 milhões de pessoas recorrem a medicamentos para o tratamento de transtorno depressivo.
Recentemente, um estudo analisou 176 ensaios com quase 30.000 pacientes para investigar os efeitos secundários relacionados a antidepressivos, quando usados para dor crônica.
Os resultados destacaram que, apesar dos benefícios para o transtorno, nao há “evidências insuficientes” de que essas drogas, incluindo amitriptilina, fluoxetina e citalopram, fornecem algum alívio.
Comunicado divulgado por pesquisadores da University of Southampton no Reino Unido, responsáveis pela condução do estudo, justificou as análises. “Nossa revisão não encontrou nenhuma evidência confiável para a eficácia a longo prazo de qualquer antidepressivo e nenhuma evidência confiável para sua segurança para dor crônica em qualquer ponto”.
Efeitos dos antidepressivos
Ainda de acordo com o estudo, os antidepressivos passaram a ser indicados para a dor porque acreditava-se que suas propriedades afetavam os sinais químicos entre os nervos que a causam.
Entre os remédios eventualmente associados a essa finalidade, está a amitriptilina, antidepressivo mais comumente prescrito para dor crônica em todo o mundo, sobretudo por conta de seu relativo baixo custo.
Por outro lado, a duloxetina apresentou resultados confiáveis para o tratamento de dores crônicas, ainda que faltem estudos de longo prazo sobre seu uso, segundo os pesquisadores.
Apesar do alerta, eles destacam que se as pessoas quiserem abandonar essas drogas, não o façam sem antes consultar seus médicos. “O que queremos é que os médicos priorizem os medicamentos que demonstraram funcionar e que são apenas a duloxetina”, alertam os especialistas.
Fonte:https://catracalivre.com.br/saude-bem-estar/antidepressivos-especialistas-alertam-sobre-uso-de-remedios/
Efeitos a Longo Prazo Dos Antidepressivos
Você faz uso de medicamentos antidepressivos? Veja aqui quais são os efeitos a longo prazo que esse tipo de medicação pode causar
20.09.2023 | João Vitor Santos
Os antidepressivos estão entre os medicamentos mais comuns, prescritos nos Estados Unidos e são geralmente prescritos para uso a longo prazo. No entanto, existem efeitos potenciais a longo prazo dos antidepressivos no cérebro e no corpo, que podem incluir dormência emocional, problemas sexuais, ganho de peso, redução de sentimentos positivos e/ou pensamentos suicidas.
Embora esta classe de medicamentos tenha o nome de uma única condição, os medicamentos são usados para tratar uma ampla variedade de doenças além do transtorno depressivo maior, incluindo:
· Transtorno de compulsão alimentar;
· Transtornos bipolares;
· Bulimia;
· Enurese infantil;
· Fibromialgia;
· Transtorno de ansiedade generalizada - TAG e transtorno de ansiedade social - TAS.
Apesar da popularidade destas drogas, estamos apenas aprendendo quais podem ser esses efeitos a longo prazo. Estudos extensos são raramente realizados antes de um medicamento ser aprovado para uso, portanto, os medicamentos podem existir por muito tempo antes de começarmos a ter uma imagem clara do que pode acontecer após anos de uso contínuo.
Felizmente, o corpo de literatura sobre o uso a longo prazo de antidepressivos está crescendo e estamos compreendendo melhor o seu impacto sobre nós.
Como antidepressivos funcionam?
Com muitas dessas condições ou doenças, algo está errado com os neurotransmissores do cérebro (geralmente serotonina, norepinefrina, dopamina ou outros). Às vezes, simplesmente não há quantidade suficiente de um ou mais neurotransmissores. Em outros casos, o cérebro não utiliza os neurotransmissores de forma eficiente, ou o problema pode estar nos receptores.
Independentemente da causa do problema, o resultado é o mesmo: desregulação do neurotransmissor um exemplo queue podemos dar é queue seu cérebro é como uma grande caixa de correio e o correio não está chegando à caixa de correio certa, então as mensagens não estão sendo entregue.
Os antidepressivos mudam o funcionamento dos neurotransmissores, tornando-os mais disponíveis para que, quando uma mensagem chegar, ela possa ser entregue adequadamente. Isto é conseguido através da desaceleração de um processo chamado recaptação, que é essencialmente um processo de limpeza ou reciclagem.
Uma vez que as mensagens fluem mais como deveriam, seu cérebro funciona melhor e os sintomas relacionados à desaceleração diminuem ou desaparecem.
Efeitos colaterais
No entanto, o cérebro é um ambiente complexo. Cada neurotransmissor tem muitas funções diferentes. Aumentar os neurotransmissores disponíveis pode ter o efeito desejado de aliviar a depressão, diminuir a dor neuropática ou melhorar o processo de pensamento, mas também pode ter efeitos indesejados.
Os potenciais efeitos colaterais dos antidepressivos são muitos e podem variar de levemente irritantes a debilitantes e até mesmo fatais. Além disso, há a questão dos antidepressivos se tornarem menos eficazes com o tempo.
Efeitos a longo prazo dos antidepressivos
Em 2016, a revista médica Patient Preference and Adherence publicou um artigo analisando o que as pessoas que tomavam antidepressivos por um longo prazo tinham a dizer sobre os efeitos colaterais que observaram.
No geral, disseram estarem menos deprimidos e tinham uma melhor qualidade de vida devido aos medicamentos, mas cerca de 30% ainda disseram ter depressão moderada ou grave.
Os principais efeitos colaterais dos quais eles reclamaram incluíram:
· Problemas sexuais (72%);
· Ganho de peso (65%);
· Sentindo-se emocionalmente entorpecido (65%);
· Não se sentindo eles mesmos (54%);
· Sentimentos positivos reduzidos (46%);
· Sentindo-se como se estivessem viciados (43%);
Muitos dos participantes queriam mais informações sobre os riscos a longo prazo da sua medicação. Cerca de 74% das pessoas também mencionaram sintomas de abstinência e disseram precisarem de mais informações e apoio para abandonar os antidepressivos.
Você nunca deve parar de tomar antidepressivos repentinamente. Sempre converse com seu médico sobre a maneira adequada de parar de tomá-los.
O que isso significa para você?
Antes de tomar um antidepressivo, certifique-se de estar familiarizado com os possíveis efeitos colaterais, bem como com o método adequado para eliminá-los. Saiba que pode ser necessário experimentar vários medicamentos antes de encontrar o melhor para você.
Enquanto você estiver tomando a medicação, fique atento aos efeitos colaterais e avalie o quão significativos eles são em relação ao quanto o medicamento o ajuda, alguns dos sintomas colaterais são:
· Ganho de peso;
· Os antidepressivos podem piorar o controle do açúcar no sangue porque podem causar ganho de peso significativo;
· Diabete.
Meus medicamentos não funcionam mais, por quê?
Se o seu antidepressivo não estiver mais funcionando tão bem como quando você começou a tomá-lo, você pode ter desenvolvido tolerância ao medicamento, ou algumas coisas podem estar atrapalhando, como, por exemplo:
· Idade;
· Uso de bebidas alcoólicas enquanto utiliza de um remédio;
· Entorpecentes;
· Stress.
Se você acha que desenvolveu tolerância ao seu antidepressivo, converse com seu médico, que pode sugerir o seguinte:
· Aumentar sua dose;
· Adicionando outro medicamento;
· Mudando para uma classe diferente de antidepressivo
· Adicionando psicoterapia ou aconselhamento ao seu plano de tratamento;
· Fazer mudanças no estilo de vida para aliviar os sintomas da depressão.
Uma última dica!
Como todos os medicamentos, os antidepressivos têm listas de possíveis prós e contras. O tratamento é um ato de equilíbrio, com você e seu(s) médico(s) pesando o que é bom e o que é ruim e decidindo qual deve ser o próximo passo.
Começar um novo medicamento é uma grande decisão, assim como continuar o tratamento por um longo prazo ou optar por interrompê-lo. Certifique-se de estar bem informado em cada etapa e de obter aconselhamento profissional. No final, o que importa é fazer você se sentir melhor.
Fonte: Long-Term Effects of Antidepressants
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