Aprender um novo idioma pode evitar a demência?
Pesquisa sugere que as pessoas bilíngues desfrutam de alguns benefícios cognitivos mais tarde na vida, mas isso provavelmente requer mais do que algumas aulas de espanhol aos 60 anos
Por
Dana Smith
Em The New York Times
26/01/2024 04h30 Atualizado há 2 dias
Meu pai decidiu começar a aprender francês quando tinha 57 anos. Ele contratou uma professora para se encontrar com ele duas vezes por semana e fazia diligentemente o dever de casa antes de cada aula. Em pouco tempo, ele estava visitando a padaria francesa do outro lado da cidade para praticar sua pronúncia (e comprar macarons). Agora, 20 anos depois, ele está em seu terceiro professor.
Superficialmente, seu hobby de aposentadoria parece um pouco aleatório – nossa família não tem nenhuma ligação com países de língua francesa – mas sua motivação era mais profunda do que uma paixão por doces. A minha avó desenvolveu sinais da doença de Alzheimer aos 70 e poucos anos, e estudos sugerem que ser bilíngue pode atrasar o aparecimento da doença em até cinco anos.
Atraídas por esse benefício potencial, muitas pessoas, como meu pai, tentaram aprender um novo idioma na idade adulta. De acordo com uma pesquisa realizada pelo aplicativo de aprendizagem de idiomas Memrise, 57% dos usuários relataram “aumentar a saúde do cérebro” como motivação para usar o programa.
Mas isso é realmente possível? Os estudos sobre bilinguismo e demência foram realizados em pessoas que falaram vários idiomas na sua vida diária, pelo menos desde o início da idade adulta. Se aprender casualmente outra língua mais tarde confere as mesmas vantagens cognitivas é algo que está em debate.
Como ser bilíngue beneficia o cérebro
Muitas atividades estão ligadas a uma melhor saúde cerebral na velhice, como obter mais educação quando se é mais jovem, atividade física e hobbies cognitivamente estimulantes. Os especialistas dizem que falar regularmente vários idiomas pode ser especialmente benéfico.
— Usamos a linguagem em todos os aspectos da vida diária, por isso um cérebro bilíngue está constantemente trabalhando — disse Mark Antoniou, professor associado da Western Sydney University, na Austrália, especializado em bilinguismo. — Você realmente não consegue isso com outras experiências enriquecedoras, como tocar um instrumento musical.
A idade em que você aprende outro idioma parece ser menos importante do que a frequência com que você o fala, disse Caitlin Ware, engenheira pesquisadora do Hospital Broca, em Paris, que estuda bilinguismo e saúde cerebral.
—O benefício cognitivo é ter que inibir a sua língua materna — explica, o que o seu cérebro é forçado a fazer se você estiver tentando lembrar as palavras certas em outro idioma. — Portanto, se a segunda língua for muito usada, você estará recebendo esse treinamento cognitivo.
Esse processo – chamado inibição cognitiva – está ligado a um melhor funcionamento executivo. Em teoria, ao melhorar esses tipos de procedimentos, o cérebro torna-se mais resistente às deficiências causadas por doenças como a demência – um conceito conhecido como reserva cognitiva. Quanto mais fortes forem suas faculdades mentais, diz o pensamento, mais tempo você poderá funcionar normalmente, mesmo que a saúde do seu cérebro comece a piorar.
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