É PRECISO TRATAR A DEPRESSÃO SEM REMÉDIO E QUANDO PROCURAR O MÉDICO? CLÍNICO GERAL, PSIQUIATRA E PSICANALISTA RESPONDEM

 



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Depressão é mais comum nas mulheres: de 10 a 25% irão apresentar o transtorno em algum momento da vida

As mulheres são duas vezes mais propensas a desenvolver depressão do que os homens. Cerca de 20,2% delas irão experimentar um episódio do transtorno em algum momento da vida. Uma razão pode ser as mudanças nos níveis hormonais femininos que ocorrem durante a gravidez e a menopausa, após o parto, e após um aborto espontâneo ou uma histerectomia. A tensão pré-menstrual (TPM), cujos sintomas acontecem uma semana antes da menstruação, também pode contribuir ou mascarar os sinais da depressão.

Alguns fatores exclusivos das mulheres são suspeitos de contribuir para taxas mais altas de depressão. Eles incluem aspectos reprodutivos, genéticos ou outros biológicos. Fatores interpessoais e certas características psicológicas e de personalidade também desempenham um papel importante. Por exemplo: o estresse aumenta ainda mais quando as mulheres tentam equilibrar a carreira com a maternidade.

Na última década, as flutuações nos níveis hormonais tornaram-se reconhecidas como expressivas causas de desconforto e mudanças comportamentais nas mulheres. Embora a relação precisa entre TPM e depressão ainda seja desconhecida, acredita-se que as mudanças químicas no cérebro e os níveis de hormônios flutuantes sejam fatores contribuintes.

“As mulheres com lipedema comumente apresentam depressão, pois elas têm dor, não conseguem emagrecer e muitas vezes se sentem rejeitadas pelos médicos. Toda queixa deve ser valorizada e a consulta médica, independente da especialidade, é uma oportunidade de identificar sinais e sintomas que incomodam a pessoa, mesmo que não seja o motivo da consulta”, alerta o Dr. Daniel Benitticirurgião vascular que atende em São Paulo e em Campinas.

Muitas mulheres obtêm alívio dos sintomas ao obter informação e compreensão, e fazendo mudanças no estilo de vida que incluem atividade física, fitoterápicos e uma dieta livre de cafeína. As mulheres com sintomas graves necessitam de medicação, psicoterapia individual e de grupo, controle do estresse ou terapia conjugal que podem ser úteis no gerenciamento dos conflitos que elas experimentam.

Você deve procurar um médico quando:

  • Os sintomas persistem por mais de duas semanas;
  • Sente-se diferente como de costume e não consegue lidar com situações cotidianas;
  • Tem pensamentos de se prejudicar ou se machucar;
  • Apresenta crises de ansiedade, medo ou pânico na maior parte do dia.

A queda dos níveis de estrogênio durante a perimenopausa e a menopausa desencadeia mudanças emocionais e físicas no corpo da mulher. Como em qualquer outro ponto da vida, há uma relação entre os níveis hormonais e os sintomas físicos e emocionais. “Esse período é de extrema importância para a saúde mental da mulher. Atividade física, convívio social e uma relação estável ajudam bastante a superar este momento de alterações sem cair em depressão”, indica o Dr. Daniel.

Fonte:https://ocirurgiaovascular.com.br/depressao-e-mais-comum-nas-mulheres-de-10-a-25-irao-apresentar-o-transtorno-em-algum-momento-da-vida/

É possível tratar depressão sem remédio? Psiquiatra e psicanalista respondem

Casos leves do transtorno podem ser acompanhados somente com terapia

Por Marcella Centofanti, Colaboração Para Marie Claire, e Natacha Cortêz — São Paulo

25/10/2023 18h04  Atualizado há 2 meses

 

Uma em cada seis pessoas terá depressão ao longo da vida. No caso das mulheres, a estimativa aumenta. Segundo a Associação Americana de Psiquiatria, calcula-se que um terço delas desenvolverá a doença em algum momento. O remédio é, talvez, o tratamento mais conhecido para a condição. No entanto, se o transtorno for leve, é possível seguir por um caminho sem fármacos.

A depressão é um quadro clínico que afeta negativamente a maneira como o indivíduo se sente, pensa e age. Ela causa sentimentos de tristeza e/ou perda de interesse por atividades que antes eram prazerosas. O transtorno pode afetar o trabalho, o estudo, as relações, a alimentação, o sono, a disposição e a concentração.

“Quando uma pessoa passa por um evento difícil, como uma morte ou a perda do emprego, é normal que o estado de humor interfira no sono, no apetite ou na libido, por exemplo. A psiquiatria não é uma ciência exata, mas a literatura estima que se o indivíduo ficar nesse estado bagunçado por duas semanas a um mês, isso é considerado esperado. Mais do que isso, pode ser depressão”, explica Raissa Pala Veras, psiquiatra formada pela USP e psicoterapeuta pela Unifesp.

Quais são as causas da depressão e seus tipos?

A doença não precisa ter um gatilho tão evidente para ser desencadeada. As causas da depressão são várias. “Sempre tem uma pitada de genética, um punhado da vida pessoal e fatores que a ciência ainda não desvendou totalmente, como alterações hormonais, metabólicas e inflamatórias”, diz a psiquiatra.

Na mulher, o transtorno tem três picos, que são a perimenarca (primeira menstruação), o pós-parto e a perimenopausa. As três fases trazem mudanças hormonais e carregam um simbolismo que deve ser levado em conta.

A enfermidade pode ser classificada como leve, quando não causa grandes alterações nas funcionalidades da pessoa. Ela será considerada moderada se desencadear um impacto no sono e na alimentação, por exemplo, a ponto de interferir no trabalho ou no estudo. Já a depressão grave coloca o paciente em risco de suicídio ou de um adoecimento maior, e cursa com sintomas como delírio e alucinação.

Tratamentos para depressão

Tratar depressão sem o uso de medicamentos é uma opção viável em casos leves. De acordo com Raissa Pala Veras, uma das três modalidades de tratamento reconhecidas pela ciência para esse grau do transtorno é a psicoterapia.


Mas qual linha deve ser adotada? “O método mais estudado, porque é o mais fácil de ser estudado, é a terapia cognitiva comportamental (TCC). Isso não quer dizer que ele seja superior às outras. O engajamento do paciente no processo terapêutico é mais importante do que a técnica escolhida, desde que o trabalho seja feito por um profissional de saúde mental”, informa a psiquiatra.

A segunda modalidade recomendada pela literatura médica é o tratamento medicamentoso e a terceira, uma associação entre o fármaco e a terapia. “A que mais funciona é a terceira opção. O aumento da resposta do paciente nesse caso é exponencial. No entanto, a gente precisa respeitar a vontade do paciente. Se a pessoa não quiser o remédio, ela pode ser acompanhada só com terapia”, afirma Raissa Pala Veras.

Nos casos leves, segundo a psiquiatra, a medicação pode funcionar como o empurrão inicial que a pessoa precisa para restabelecer o equilíbrio. O indivíduo volta a dormir melhor e tem ânimo para fazer uma atividade física, por exemplo. Passado o episódio, é possível reduzir ou retirar o fármaco.

A psicanalista Vera Iaconelli pontua que os fármacos têm um custo orgânico e psíquico. “Tem vários casos de grávidas e mães que amamentam que não quiseram tomar remédio. Elas passaram por avaliação, negociaram com o médico, seguiram com análises e trataram (a doença)”, afirma.

O problema do remédio, para a psicanalista, é que, se a pessoa não elaborar as causas do sofrimento, ela volta à estaca zero quando tirar a droga. Raissa Pala Veras concorda que apostar somente na medicação como um atalho para o bem-estar não é a melhor ideia: “A taxa de recaída é muito maior se a pessoa só toma o medicamento. É na terapia que o indivíduo vai se conhecer melhor e perceber gatilhos que não identificava”.

Práticas alternativas

Estudos crescentes apontam os benefícios da meditação para diversas áreas da saúde. No caso da depressão, porém, as evidências ainda não estão bem documentadas. “A meditação pode funcionar, principalmente como adjuvante para o tratamento medicamentoso ou psicoterapia. Ela ajuda a combater a perda de memória e insônia”, diz a psiquiatra.

Da mesma maneira, o exercício físico auxilia na recuperação do paciente, mas não há evidência de que ele isoladamente elimine a doença. “Se a pessoa está deprimida, dificilmente ela vai ter energia para fazer ginástica. Agora, se ela começou o tratamento medicamentoso, se sente melhor e iniciou práticas que, para ela, simbolizam plenitude, como atividade física, cerâmica ou canto, isso com certeza vai ajudá-la a usar uma dose menor do remédio por menos tempo”, afirma Raissa Pala Veras.

Vera Iaconelli reforça a importância de apostar em tratamentos estudados e reconhecidos pela academia: “A religião, por exemplo, pode ter um efeito incrível para a dependência de drogas. Terapias corporais e psicoterapias também são interessantes. Os métodos considerados nocivos são aqueles que já partem de pressupostos morais e julgamentos de valores ao sujeito, como a constelação familiar. Precisamos denunciá-los”.


Fonte:https://revistamarieclaire.globo.com/saude/noticia/2023/10/e-possivel-tratar-depressao-sem-remedio-psiquiatra-e-psicanalista-respondem.ghtml

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