Transtorno bipolar: tipos, sintomas, diagnóstico e tratamento
Condição se manifesta, em média, a partir dos 25 anos; com o tratamento adequado, é possível ter qualidade de vida
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Todos os seres humanos experimentam flutuações de humor. A euforia e a tristeza fazem parte da vida. No entanto, pode ser sinal de transtorno bipolar quando cada um desses estados dura dias ou semanas. A mudança de comportamento chega a ser tão extrema que a pessoa pode ter dificuldade de seguir com a rotina diária.
O transtorno bipolar, antigamente conhecido como maníaco-depressivo, é uma condição em que a pessoa alterna momentos de depressão e de mania ou hipomania. Com o tratamento adequado, o indivíduo consegue ter uma boa qualidade de vida.
Embora não tenha uma causa específica, a condição geralmente ocorre em famílias. De acordo com a Associação Americana de Psiquiatria, 80 a 90% dos indivíduos com transtorno bipolar têm um parente com o mesmo diagnóstico ou depressão.
A entidade informa ainda que fatores ambientais, como stress, distúrbios do sono e uso de drogas e álcool podem desencadear surtos em pessoas vulneráveis. A idade média em que os sinais aparecem é 25 anos.
Durante a depressão, a pessoa tem, por exemplo, pensamentos negativos, tristeza, vontade de chorar, irritabilidade, perda de interesse por atividades que antes davam prazer e alteração no apetite e no sono. Esse estado permanece a maior parte do dia e pode durar semanas.
Já na fase da mania, por causa de uma hiperatividade do sistema nervoso central, o indivíduo se sente eufórico, com muita energia, sem sono nem vontade de dormir. Fala acelerada é outro sinal comum, assim como uma felicidade incompatível com a realidade.
“O grande problema da mania é que a pessoa pode se expor a riscos. Ela pode ter muitas relações sexuais ou fazer compras descontroladamente. Algumas pessoas têm alteração do discernimento, se achando poderosas e ricas, manifestando até mesmo alucinação nessa fase”, explica a psiquiatra Jéssica Martani.
Nesses ciclos, há também períodos em que o humor está neutro, numa fase conhecida como eutimia.
Dificuldade de diagnóstico
O diagnóstico do transtorno bipolar é clínico, a partir da conversa entre o médico e o paciente. Porém, a condição costuma ser confundida com outros quadros.
“Em muitos casos, a pessoa não tem uma mania tão franca. Ela manifesta uma agitação que parece ansiedade. Ela tem empolgação, dificuldade de dormir e impulsividade, mas numa escala mais branda, que a gente chama de hipomania. O indivíduo consegue desempenhar suas atividades diárias”, afirma a médica.
Nesses casos, o psiquiatra pode olhar somente para a fase "baixa" e, erroneamente, dar o laudo de depressão.
A condição também é equivocadamente interpretada como transtorno de personalidade borderline. “Até mesmo os psicólogos se atrapalham, mas são diagnósticos bem diferentes. O borderline pode ter, no mesmo dia, alterações dos estados de humor”, explica Jéssica Martani.
Já indivíduos que manifestam alucinação na fase da mania podem ser tidos como esquizofrênicos. “A diferença é que o bipolar volta às faculdades mentais. Já na esquizofrenia cada crise pode piorar o estado mental da pessoa”, diz a psiquiatra.
Tipos de transtorno bipolar
Existem três categorias da condição, de acordo com a Associação Americana de Psiquiatria:
- Transtorno bipolar tipo I: Presença de um episódio maníaco que dure pelo menos uma semana. Algumas pessoas também apresentam episódios depressivos ou hipomaníacos; a maioria manifesta períodos de humor neutro.
- Transtorno bipolar tipo II: Caracterizado por episódios depressivos mais graves do que os maníacos. A pessoa tem surtos de hipomania e frequentemente outras doenças mentais associadas, como transtorno de ansiedade ou transtorno por uso de substâncias, que pode exacerbar sintomas de depressão ou hipomania.
- Ciclotimia: Trata-se da forma mais branda, caracterizada por mudanças cíclicas no humor, com hipomania e sintomas depressivos que não são tão intensos quanto nos outros tipos do transtorno.
Tratamento
O tratamento é à base de medicamentos e psicoterapia. Os fármacos utilizados são os denominados estabilizadores de humor. O mais conhecido deles é o carbonato de lítio, embora também sejam usados anticonvulsivantes e antipsicóticos.
O acompanhamento terapêutico é fundamental para que a pessoa consiga identificar em si mesma os primeiros sinais de anormalidade.
“Às vezes, a mania é tão prazerosa que a pessoa não busca ajuda. O paciente precisa se conscientizar do problema, para conseguir ter qualidade de vida, se relacionar bem e desempenhar suas atividades ocupacionais”, aponta Jéssica Martani.
Fonte:https://revistamarieclaire.globo.com/saude/noticia/2023/05/transtorno-bipolar-tipos-sintomas-diagnostico-e-tratamento.ghtml
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