Usuários de cigarro eletrônico têm risco 15% maior de sofrer derrame antes do que tabagistas (Foto: Unsplash)
Risco de derrame antes dos 50 é maior em usuários de cigarro eletrônico
Em estudo com cerca de 80 mil pessoas, fumantes de vapes tiveram primeiro AVC com uma idade média de 48 anos — 11 anos antes do que aqueles que consomem cigarros tradicionais
Embora o derrame seja mais frequente entre fumantes de cigarros tradicionais, os adeptos de cigarros eletrônicos têm um risco 15% maior de sofrer um acidente vascular cerebral (AVC) mais cedo do que os primeiros.
Essa é uma das conclusões preliminares de um estudo que será apresentado em evento virtual da Associação Americana do Coração (AHA, na sigla em inglês), entre 13 e 15 de novembro de 2021. “O público precisa saber que a segurança dos cigarros eletrônicos não foi comprovada como segura e não deve ser considerada uma alternativa ao tabagismo tradicional”, alerta Urvish K. Patel, diretor do departamento de saúde pública e neurologia da Escola de Medicina Icahn em Mount Sinai, nos Estados Unidos, e coautor da pesquisa, em nota.
A pesquisa observou que, entre usuários dos chamados vapes, os episódios de derrame ocorrem aos 48 anos, em média. Já nos fumantes "tradicionais", o problema se dá um pouco mais tarde, aos 59. Por sua vez, quem utiliza as duas opções tem maior risco de sofrer um AVC aos 50 anos.
A conclusão se deu após análise de dados de 79.825 adultos com histórico de derrame que utilizavam cigarros tradicionais, eletrônicos ou ambos. Entre os participantes, 7.756 (9,72%) usavam cigarros eletrônicos, 48.625 (60,91%) eram usuários de cigarros tradicionai, e as duas alternativas faziam parte da rotina de 23.444 deles (39,37%).
Os pesquisadores observaram que o AVC é muito mais comum nos fumantes de cigarros tradicionais do que entre os usuários da versão eletrônica ou pessoas que utilizavam ambos: 6,75% em comparação a 1,09% e 3,72%, respectivamente. Mas os adeptos dos dispositivos eletrônicos têm um risco 15% maior de sofrer um derrame em uma idade mais jovem.
Lobo em pele de cordeiro
Em vez de inalar a fumaça proveniente da queima do tabaco — que libera milhares de substâncias tóxicas dentro do organismo —, os usuários de e-cigarretes inalam o vapor contido no líquido presente nesses dispositivos, que são alimentados por bateria de lítio. A alternativa surgiu há mais de duas décadas com a proposta de reduzir os danos do tabagismo à saúde, mas médicos e entidades como a própria Organização Mundial da Saúde (OMS) alertam para os perigos por trás de outros ingredientes que eles contêm.
“Muitas pessoas estão cientes de que a nicotina é uma substância química na vaporização de produtos, bem como nos cigarros convencionais. No entanto, existem muitos outros produtos químicos incluídos que podem afetar diretamente o revestimento dos vasos sanguíneos”, explica Karen L. Furie, pesquisadora da AHA. Enfraquecimento dos vasos sanguíneos e predisposição à formação de coágulos ao longo do tempo são alguns dos riscos atrelados a essas substâncias, segundo a especialista.
Mas por que usuários de cigarros eletrônicos sofrem AVC mais cedo do que os tabagistas? É essa uma das questões que irão conduzir as próximas etapas de estudo dos pesquisadores. Eles também consideram que mais pesquisas são necessárias para entender os efeitos de longo prazo dos vapes e seu papel na saúde do coração.
Os achados preliminares, no entanto, são vistos como cruciais para as discussões acerca do uso desses dispositivos no mundo. “Essas descobertas têm implicações claras para médicos, legisladores de saúde e autoridades reguladoras de produtos de tabaco que defendem novas regulamentações sobre acesso, vendas e marketing de cigarros eletrônicos”, avalia Neel Patel, pesquisador do departamento de saúde pública da Escola de Medicina Icahn em Mount Sinai e coautor do estudo.
O grupo também faz um alerta especial aos jovens, público mais atraído e visado pela indústria dos cigarros eletrônicos. "É bem possível que a exposição em uma idade mais jovem possa causar danos irreversíveis aos vasos sanguíneos de todo o corpo e particularmente no cérebro", diz Furie. "Acho importante que os jovens entendam que os cigarros eletrônicos não são uma alternativa segura e que a melhor maneira de preservar a saúde do cérebro e prevenir o derrame é evitar todos os cigarros e produtos de nicotina”.
Fonte:https://revistagalileu.globo.com/Ciencia/Saude/noticia/2021/11/risco-de-derrame-antes-dos-50-e-maior-em-usuarios-de-cigarro-eletronico.html
Comentários
Postar um comentário