INFARTO: AS CAUSAS EMOCIONAIS DESENCADEANTES - SAIBA TUDO SOBRE A ABORDAGEM HOLÍSTICA DO INFARTO

As emoções que danificam o coração


As emoções que danificam o coração


O coração unifica todos os aspectos de uma pessoa. É o órgão que canaliza o amor, compreende o incompreensível e perdoa o imperdoável. Qualquer mudança na vida desencadeia comportamentos diferentes de forma irracional, e se essas mudanças forem muito grandes e permanecerem por muito tempo, mudam a personalidade, a forma de tomar decisões, e a forma de agir a nível emocional.
O nosso coração é o centro de onde emanam as emoções mais autênticas e poderosas,as mesmas emoções que mal administradas provocam danos irreversíveis na forma de doenças cardíacas.
Quando as emoções básicas estão desreguladas, como o medo e a tristeza, pode ocorrer uma repetida repressão das necessidades expressivas desse órgão, resultando em uma sobrecarga emocional. Os problemas do coração se manifestam como arritmias, palpitações, infartos, pulso fraco, hipertensão e aperto no peito.

Qual é a relação entre o coração e as emoções?

Alguns estudos mostram que a comunicação entre o cérebro e o coração é uma “via de mão dupla”. Ou seja, o coração envia sinais para o cérebro e o cérebro envia sinais para o coração. Dessa forma, quando o coração bate de forma coerente (não estressado), envia sinais para o cérebro eliminar o estresse através de um processo de redução de hormônios do estresse e aumento de hormônios positivos.
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A frequência cardíaca é o reflexo do nosso estado emocional. O equilíbrio emocional de uma pessoa se reflete no seu ritmo cardíaco, que por sua vez se espalha pelo corpo todo. O corpo interpreta essas batidas e manifesta fisicamente os estados emocionais negativos como estresse, medo, tensão ou estados emocionais positivos, exteriorizados como alegria, tranquilidade, paz, etc.
A mudança psicológica que ocorre com a modificação da função cardíaca está ligada à consciência interceptiva, ou seja, a maneira como o nosso cérebro interpreta o estado interno do seu próprio corpo nesse momento.
As emoções não estão no cérebro ou no coração, elas estão inter-relacionadas.

Como as emoções afetam o coração

Os problemas cardíacos, na sua grande maioria, são decorrentes dos desequilíbrios emocionais que se manifestam como nervosismo, ansiedade, descontrole emocional, comportamento maníaco depressivo, histeria, riso excessivo ou inadequado, tristeza, vulnerabilidade, apatia, hipersensibilidade, insônia, falta ou perda de memória.
Todos estes desequilíbrios emocionais podem danificar o coração e provocar problemas na parte superior do abdômen, fraqueza, calor, fadiga, tensão corporal, depressão, dor de cabeça, extremidades frias, dor no ombro, tonturas e/ou transpiração excessiva.
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Precisamos nos conscientizar de que todos esses sintomas causados pelo desequilíbrio emocional causam muitos problemas cardíacos. Reflita sobre os seus objetivos e a maneira como encara a vida para se harmonizar através dos pensamentos, sentimentos e ações.
Esta tomada de consciência decorre da racionalização, de uma visão clara e objetiva da vida, e da percepção do que o nosso coração quer dizer, tanto a nível físico quanto emocional.
Controlar os estados emocionais negativos e incentivar os positivos é o primeiro passono caminho da cura e da transformação pessoal que nos ajudará a manter uma boa saúde emocional e cardíaca.
Qual é o único órgão que, mesmo abalado, continua funcionando?

Fonte:https://amenteemaravilhosa.com.br/emocoes-que-danificam-coracao/

INFARTO

Desmoronar dos falsos valores.
Perder a motivação e o entusiasmo pela vida.



É uma área de necrose (morte celular) em um tecido ou o resultante da oclusão arterial que interrompe o suprimento sangüíneo, causada por trombos ou êmbolos, etc.
O infarto pode ocorrer em vários órgãos, inclusive no coração (infarto do miocárdio). Em sua forma mais típica, ocorre repentinamente. Os sintomas mais comuns são dor intensa no peito, que se irradia para o pescoço e braços; sudorese e alteração nos batimentos cardíacos.

No âmbito metafísico essa condição representa um grande abalo interior, provocado pelo desmoronar dos falsos valores.

O infarto do miocárdio é resultante de um estilo de vida adotado ao longo da nossa trajetória. Geralmente estruturamos nossa vida baseada no desejo de conquista, nas obrigações assumidas e, principalmente, nas pessoas do convívio.
Buscamos encontrar o sentido da vida na materialidade ou nos outros. Perdemos o contato sensorial com nossa essência interior. Passamos a viver em função das conquistas. Motivamo-nos para galgar uma posição social e melhoria financeira.

Entusiasmamo-nos pelos outros. Todos os nossos esforços visam agradar quem nos é caro, para ter harmonia nas relações afetivas. Tudo o que fazemos objetiva exclusivamente o bem estar dos entes queridos. Damos mais importância a eles do que a nos mesmos. Negamos nossas reais necessidades. Deixamos de praticar as atividades que sempre nos foram prazerosas; anulamos nossas vontades próprias. Ofuscamos nosso mundo interno, motivamo-nos apenas pelas situações externas.

Quando, por algum motivo, vemos essas bases de sustentação de nossa motivação em ruínas, o choque é tão grande que comprometemos a vontade de viver. A interrupção dos caminhos traçados representa não ter mais motivo para agir, nem vontade de existir. Isso pode ocorrer pela desestruturação do lar, decepção com um ente querido; ou ainda, pelo fim da carreira profissional, e assim por diante. Esse abalo interior pode causar em algumas pessoas o infarto do miocárdio.

Já as pessoas que edificam suas vidas em si mesmas, fazendo de sua essência o seu ponto de referência, quando estão frente às dificuldades e obstáculos não chegam a se abalar ao ponto de perder a motivação pela vida. Essa atitude proporciona uma vida saudável e garante forças para superar o desmoronar daquilo que faz parte de sua vida. Isso porque tudo o que se vivência é parte da vida, mas não representa a vida como um todo.

Viver é muito mais do que conquistar bens materiais, ter uma boa posição social ou proporcionar o que há de melhor para os entes queridos. Tudo isso é importante, mas não pode se tomar uma condição vital. Merecemos o que há de melhor na vida. A felicidade afetiva está ao alcance de todos aqueles que não se anulam perante os entes queridos; que interagem, sem sufocar sua integridade.
Somos a fonte da nossa vida. Não adianta buscar sentido nas coisas externas; é preciso cultivar a essência interior para que possamos nos integrar com o mundo exterior com maior intensidade e grande qualidade.

Isso não significa que devamos ser rigorosos e fazer somente o que gostamos. Devemos, sim, encontrar uma maneira gostosa de realizar tudo aquilo que faz parte da vida e também cumprir com as responsabilidades assumidas. E preciso dar o melhor de si para usufruir o que há de melhor da vida. Ser pleno no amor, mas não perder o amor próprio.

Caso seu entusiasmo pela vida e sua motivação pessoal se encontrem reduzidos ou abalados, ou se você já foi acometido por algum infarto, olhe para si. Observe seus hábitos, veja o jeito como tem atuado nas situações familiares e profissionais. Reavalie seus valores de vida. Busque sua verdadeira característica, que foi perdida ao longo de sua existência. Resgate sua originalidade, voltando a ser quem você é; viva com mais qualidade e intensidade.

Para isso, não é necessário abandonar nada do que você conquistou, nem tampouco deixar de fazer o que você faz; simplesmente faça do seu jeito. Seja mais original e verdadeiro para consigo mesmo. Assim a vida continuará vertendo em seu coração e se manifestando em seu corpo a cada instante, em forma de prazer, motivação, entusiasmo e alegria de viver.

METAFÍSICA DA SAÚDE VOL. 2


Fonte:http://causaemocional.blogspot.com.br/2014/01/infarto.html


SISTEMA CIRCULATÓRIO: ASPECTOS PSICOSSOMÁTICOS

 Coração - entusiasmo e motivação pessoal.

Problemas cardíacos em geral - desânimo e desmotivação.

Angina - firmeza aparente, que esconde amarguras e
sofrimentos. Dos falsos valores, perda da motivação e entusiasmo pela vida.

Infarto - desmoronamento

Taquicardia - entusiasmo reprimido.

PRESSÃO ARTERIAL - fuga dos conflitos que envolvem a afetividade.

Sangue - expressão da individualidade, fiel representante da alma, que dávida ao corpo.
Pressão Alta - fuga através da preocupação ou
dedicação excessiva aos afazeres.
Pressão Baixa - fuga pelo esquecimento, desejo de
abandonar tudo.
Anemia - falta de ânimo e vitalidade.
Coagulação sanguínea - (in)capacidade de se refazer
mediante as perdas.
Hemorragia - desrespeito ao ritmo interno, ultrapassando os próprios limites e perdendo-se no que faz.
Leucemia - ressentimento por não conseguir manter a
integridade na vida.

Tipos Sanguíneos:
A - pessoas conservadoras, detalhistas, harmoniosas, prestativas, sem pretensõesde liderança.
AB - pessoas colaboradoras, cumpridoras de compromissos,
prestativas.
B - pessoas com autoconhecimento, que sabem o que querem, mas com dificuldades para lidar com os outros.
O - pessoas comunicativas, com capacidade de liderança, convincentes,determinadas, expressivas

Vasos Sanguíneos - senso de direção e limites.
Aneurisma - negação da própria fragilidade e limitações, abraçando causas externas. Alta responsabilidade para se manter no poder e controle da situação.
Arteriosclerose - resistência ao novo.
Flebite - intransigência e irritação diante de obstáculos.
Trombose - pessimismo e limitação na vida.
Varizes - estagnação numa situação desagradável,
frustração por não realizar idéias e objetivos. Fazer de tudo, menos o necessário.

Fonte:http://sonhosreais-analuz.blogspot.com.br/2010/12/causas-emocionais-das-doencas.html



ANGINA X INFARTO DO MIOCÁRDIO



A angina ou dor no peito se apresenta na fase ativa do conflito de PERDA DE TERRITÓRIO (perda da casa; do trabalho; do seu papel na sociedade; de uma herança que lhe foi tirada injustamente; perda da esposa; entre outras) onde ocorrerá ulcerações das artérias coronárias e de outras estruturas com o intuito de aumentar a perfusão do miocárdio permitindo esforços maiores no combate para reconquistar o território perdido.

É na fase de recuperação de um grave conflito de perda de território que temos o infarto do miocárdio - comumente após 3-6 semanas após a reconquista. Nesta fase especificamente, durante a crise epileptoide, poderá acontecer dores importantes, alteração no ritmo cardíaco mais grave, angústia, suores frios, tremor, sintomas neurológicos. Deixo claro que o infarto é um FENÔMENO CEREBRAL e não uma "artéria entupida" como ouvimos falar por aí.

Para Enric Corbera, o coração representa o centro do amor, o núcleo das emoções. O ataque cardíaco é para o corpo uma forma desesperada de mostrar que se foi longe demais, que se prestou muita atenção aos bens materiais e aos aspectos externos da vida, ao status social em vez de voltar ao essencial que é a alegria de viver com a família, de expressar o amor a si mesmo e aos outros e de saborear cada momento com intensidade.

" Eu estou tão ligado a tudo o que faz parte do meu "território" (minha esposa, meu trabalho, meus amigos, minha casa, etc.) que se eu tenho a sensação de ter perdido ou que estou prestes a perder algo ou alguém dentro do meu território, eu posso resistir ao que está acontecendo e faço um ataque cardíaco. Eu gostaria "com todo o meu coração" de continuar a ser o chefe, o proprietário a bordo.

Ataques cardíacos também estão ligados aos próprios sentimentos e como se lida com eles: "Até onde eu sou capaz de sentir e expressar o amor para com os outros?" Até que ponto eu sou capaz de amar e me aceitar como eu sou?" "Me obrigo a ser "uma outra pessoa" e fazer muito para provar aos outros o que sou e o que eu valho?"

A descoberta dos aspectos mais importantes e significativos da vida não pode ser reduzida a quantidade de dinheiro que se ganha ou ao sucesso que se tem. O coração pode ser associado com compaixão e amor, mas também pode ser associado com o seu oposto, que é a hostilidade, ódio e rejeição. É a separação entre os sentimentos, o envolvimento, os relacionamentos e o Universo, bem como os seus ritmos naturais que atrofiam o coração.

Para que não se passe por isso, não se afaste de sua essência. Compreenda os ciclos da vida e encontre a paz interior sentindo toda ternura, doçura em seu corpo. Se ame e seja amado. Nutra seu coração para mantê-lo em boas condições de saúde!




Pollyana Junqueira

Fonte:http://causaemocional.blogspot.com.br/2014/06/angina-x-infarto-do-miocardio.html

O FATOR PSICOLÓGICO NAS DOENÇAS DO CORAÇÃO

Introdução

Comumente o paciente cardíaco é um indivíduo tenso, que apresenta dificuldades para expressar suas emoções. Geralmente é portador de uma história de vida onde a hostilidade contra figuras do passado e inferioridade frente às mesmas são deslocadas em direção a metas de vida altamente rígidas. Essas metas são perseguidas com firmeza, freqüentemente atingidas, porém jamais suficientes para a satisfação do indivíduo. Trazem porém, um alívio momentâneo para aqueles sentimentos de base, através da sensação oposta, ou seja, de onipotência.O ponto inicial do atendimento psicológico ao paciente portador de uma cardiopatia, reside na precisa compreensão da psicodinâmica subjacente a essa afecção.O presente estudo visa abordar alguns pontos básicos dessa psicodinâmica, importantes para o traçado de um esquema referencial de atendimento.Daremos especial atenção à "personalidade coronária" ou à "personalidade de infarto" e 'a "personalidade hipertensa" pois a atuação rápida, se possível já a partir da UTI, é essencial para a devolução do indivíduo a um cotidiano mais saudável.
Considerações PreliminaresAs enfermidade cardiovasculares são a causa de grande número de falecimentos, sobretudo a partir dos 55 anos. Porém existe a evidência alarmante do surgimento dessas afecções em fases da vida cada vez mais precoces. Nessas doenças, participam de modo importante ou decisivo, fatores psíquicos.Como é lógico, uma doença cardíaca pode surgir de um modo não psicossomático, bem como podem ocorrer fatores psíquicos agudos que provoquem a manifestação de alterações orgânicas que já existiam em estado latente (como a aparição de crises de angina do peito e infarto após sobrecargas psíquicas).A própria sabedoria popular empresta ao coração o papel de veículo da expressão das nossas emoções. Frases como "sangue quente", "alegria no coração", "coração pulando de satisfação", "amando de todo coração", "coração triste", "peso no coração", "coração disparando de medo", "coração duro", "sem coração", "sangue frio" e tantos outros, indicam a repercussão cardíaca que podem ter nossos sentimentos.Sabemos que a angústia está em íntima relação com as modificações fisiológicas, e a neurose de angústia é a mais freqüente desordem da vida civilizada. A angústia, entretanto, nem sempre é reconhecível como tal, e pode às vezes eleger o corpo, em suas várias funções, como seu porta-voz.Do ponto de vista psicossomático, podemos considerar o efeito das emoções sobre o sistema cardiovascular sobre os seguintes aspectos:    o efeito da angústia sobre o coração normal (neurose cardíaca)
    o efeito da angústia sobre o coração doente
    a relação das emoções com a hipertensão e com a doença coronária (personalidade coronária", "personalidade de infarto" ou "doença dos homens de empresa").Angústia e Coração Normal (Neurose cardíaca)A neurose cardíaca surge nas pessoas predispostas que foram submetidas a um fator precipitante. Este fator pode ser desde a mais leve sugestão de que o coração não está bem, à ocorrência de algum caso dramático de doença cardíaca ou morte súbita entre os parentes ou amigos do paciente. Ou mesmo o aparecimento de algum sintoma que chama a atenção do paciente para o seu coração e o leva a duvidar de sua integridade, como alguma extra-sístole ou palpitação e dispnéia após algum esforço. Também alguma perturbação demorada, como uma profunda tristeza ou angústia prolongada. Em alguma famílias, os distúrbios do coração são comuns, com longo uso dessas afecções como lucro secundário. A criança que cresce neste meio tenderá, por identificação, a adotar o mesmo mecanismo.Esses pacientes possuem como ponto comum uma grande quantidade de angústia em sua formação, e o que de início pode ser apenas um mal-estar na região cardíaca, poderá desenvolver-se em outros sintomas que podem conduzir à completa invalidez.
span style="mso-bidi-font-style: italic;">Sintomas Principais:    dor e sofrimento na região cardíaca;
    dispnéia e fadiga. A respiração curta freqüentemente tem um significado simbólico. O paciente cuidadosamente interrogado poderá revelar que a sua "respiração curta" é uma sensação de "peso no peito", da qual poderá livrar-se falando de suas perturbações;
    taquicardia e outras perturbações do ritmo cardíaco. A "consciência do coração" freqüentemente conduz a um diagnóstico equivocado de cardiopatia orgânica. Assim como o coração pode acelerar-se pela emoção, também pode ser retardado, e ocasionalmente durante as crises de angústia, especialmente nos pesadelos, ocorre grande lentidão do batimento cardíaco. A palpitação é algumas vezes exatamente o primeiro sintoma da neurose cardíaca. Certas condições de vida, como violenta ou prolongada emoção, fatores como o abuso do café e do fumo, provocam uma opressão ou batimento acelerado, que é o suficiente estímulo para chamar a atenção para o coração e daí em diante o paciente sofre de palpitações;
    zumbido nos ouvidos;
    tonteira;
    rubor;
    nervosismo, instabilidade.Embora o neurótico do coração normal possa sofrer muito subjetivamente e mesmo ter uma perturbação da função cardíaca, o coração, na maioria das vezes, permanece estruturalmente são. Desnecessário acentuar a necessidade de criteriosa pesquisa da causa orgânica. Porém quando a doença cardíaca orgânica foi eliminada, pode-se pensar com certeza na causa psicológica, e direcionar a partir daí a psicoterapia.
Angústia e Coração doenteO paciente neurótico que tem uma doença cardíaca pode adicionar uma verdadeira carga ao trabalho de seu coração, seja através de constante tensão de ordem psíquica, seja por meio de episódios agudos de ordem emotiva. Isto pode precipitar um agravamento que poderia não ocorrer, não fosse a tensão psíquica.Assim, as crises emocionais podem ter influência na evolução da doença. Portanto, a intervenção psicoterápica pode abreviar a convalescença ou retardar os processos degenerativos, ao passo que uma carga de angústia reprimida, resultando numa tensão muscular prolongada ou outras alterações somáticas, podem constituir para o órgão uma sobrecarga muito pesada que, com o tempo, desenvolve uma perturbação funcional.
A "Personalidade Hipertensa" e a "Personalidade de Infarto"Duas enfermidades psicossomáticas, a hipertensão arterial e a chamada "doença dos homens de empresa", onde se desenvolve a "personalidade coronária" ou "personalidade de infarto", merecem uma atenção especial, pela repercussão da personalidade pré-morbida no desenvolvimento da doença e pelo risco maior que elas provocam, a insuficiência coronária e o infarto do miocárdio.
Em ambas as enfermidades participam, de modo decisivo, os fatores psíquicos. No entanto, enquanto nem todas as hipertensões essenciais são , de algum modo, de origem psicossomática, quase todas as enfermidades dos "homens de empresa" o são desde que se considere tal enfermidade caracterizada pela tríade seguinte:    gênero de vida típico
    insuficiência coronária
    ameaça de infarto do miocárdioO reconhecimento de uma doença cardíaca provoca, em primeiro lugar, um choque na representação que o indivíduo tem de si mesmo, e toda a percepção do que se sinta capaz de fazer é alterada. Esta representação é forjada na infância, quando a imagem que o indivíduo tem de si próprio é originalmente uma imagem que o outro lhe empresta. Assim, o indivíduo vê-se a si próprio como em princípio ele foi visto pelos olhos do outro.No indivíduo que vai desenvolver posteriormente uma "personalidade coronária", existe inicialmente um desejo, sempre frustrado, de ser amado pelos pais. Em sua infância não teve jamais aquele sentimento de segurança básica necessário para o desenvolvimento normal. O desejo de conquistar amor impulsiona e estimula o indivíduo a buscá-lo mediante um esforço dirigido para a consecução de realizações extraordinárias que, inconscientemente, o fará estimado e respeitado pelos pais. Esse tipo de pessoa alcança sempre uma determinada meta, mas esta se acha representada pelo êxito e não pelo amor. Troca o amor por êxito, como se fosse faminto, sedento e dependente de realizações. E, por último, chega a não conhecer nada além do sucesso, desde que o amor já não lhe causa impressão alguma.A partir desta carreira por uma meta imaginária e substituta, se desenvolve o seu acelerado ritmo de vida, que se reflete literalmente em todas as suas atividades. No trabalho é insaciável e incansável, mas cada êxito o leva à busca do êxito seguinte, e aquele que passou já não é satisfatório o bastante. Planeja o seu lazer buscando o meio de transporte que mais rapidamente o conduza ao seu destino, mas quando o alcança já se sente inquieto por permanecer inativo e anseia para voltar correndo para o trabalho. Apela ora para estimulantes, ora para soníferos. Consiga ou não o êxito, não encontra jamais satisfação, pois o que busca á amor materno e segurança.Paradoxalmente, entretanto, o que triunfa se expõe à inveja dos demais, rodeia-se de solidão. Tenta superar então tal situação da única maneira que dispõe; acelerando seu ritmo de trabalho e propondo-se novas metas a conquistar. Transforma assim a impotência em onipotência, a necessidade de dependência no triunfo sobre os demais, na independência. Os sentimentos básicos, porém, continuam no inconsciente retroalimentando o ciclo vicioso que aprisiona este indivíduo e do qual ele não deseja nem pode se livrar.Desta forma, a ansiedade por conseguir é acrescida por outra, a ansiedade ante o fracasso. Não há dúvida que tal gênero de vida tende a sobrecarregar o sistema circulatório e desempenha assim um papel importante na aparição da doença coronária.Advertimos que não é posição do indivíduo em si que é patógena neste sentido ( a exemplo de políticos atuais que morrem por velhice), e sim, antes de tudo, o gênero de vida psicodinâmico que o força a permanecer constantemente em atividade e a colocar-se cada vez mais exigências, sentindo-se efetivamente tão poderoso e imortal que, inclusive, deixa de perceber todos os sinais de aviso que representam os primeiros sintomas somáticos.O futuro hipertenso, por outro lado, tem uma situação familiar característica. Está submetido à pressão de tendências agressivas cronicamente vigentes, mas jamais está consciente deste fato, já que o reprime. O ambiente que cerca o indivíduo se acha caracterizado pala presença de grande insegurança e tensão. Muitas vezes os pais apresentam intensas e súbitas explosões emocionais. A criança se torna atemorizada, angustiada, afogada em sua atmosfera ameaçadora e, sobretudo por causa do imotivado e inexplicável de tais explosões patenas, fortes impulsos agressivos são desenvolvidos na criança. Mas como tais agressões estão proibidas, não apenas pelo amor que os pais também despertam, como receberiam de volta mais agressão, a conseqüência é que estes impulsos são reprimidos. As agressões não descarregadas para o exterior provocam, nestes casos, a hipertensão.O estilo de vida do hipertensivo diverge em alguns pontos do portador da "personalidade coronariana "e converge em outros. No começo, é possível que também consiga êxitos, mas é por natureza mais inibido e raras vezes consegue uma posição que lhe proporcione expressão do sentimento agressivo interior.Busca dominar as dificuldades que surgem em seu caminho mediante a repressão dessas tendências agressivas. Apresenta uma constante procura de atividade, de conseguir rendimentos, um sentimento de dever que lhe faz aceitar todas as exigências. Neste sentido guarda grande semelhança, ao menos exterior, com o "homem de empresa".Mas sempre fica, em nível de resultados, no meio do caminho. Também não sabe dizer não às tarefas que lhes exigem, e assume todas as cargas.Os mecanismos psíquicos do hipertenso, nesta fase, se assemelham aos que se observam nas tendências ao suicídio. Nos dois casos há um paralelismo: de início, um inibição da agressividade, que em seguida se volta contra si mesmo. As conseqüências dessa evolução não se limitam, de forma alguma, à hipertensão, mas através dos transtornos da irrigação determinam outros distúrbios circulatórios orgânicos, sendo a causa de numerosos falecimentos, por colapso, apoplexia e labilidade cardíaca.Enquanto no homem de empresa é o desejo de ter uma satisfação sucedânea que o faz perseguir quantas atividades lhe surjam (sendo também muito capaz de descarregar sua agressividade pondo sua posição em jogo), o hipertenso "não sabe dizer não" por falta de capacidade de opor-se ou relaxar-se e devido a isso assume cargos que não fazem senão incrementar a pressão de sua agressividade inconsciente.
Estas semelhanças e diferenças determinam um fenômeno interessante: são comuns as associações (simbioses) entre os "homens de empresa" e os hipertensos, onde um utiliza o outro com veículo de suas patologias. O "homem de empresa" precisa do hipertenso para utilizar o seu potencial de trabalho e passividade, enquanto o hipertenso precisa do "homem de empresa" como aquele "ego ideal" que consegue descarregar toda agressividade e realizar todas as metas. Claro que ambos serão frustrados, pois o ritmo de trabalho imposto pelo "homem de empresa" tenderá a retroalimentar a agressividade do hipertenso, e o "homem de empresa" jamais terá do hipertenso o afeto que inconscientemente anseia. Uma sugestão de atuação psicológica frente a pacientes que sofreram infarto agudo do miocárdioA ocorrência de uma enfermidade psicossomática crônica só surge se ocorrem diversos fatores patógenos.Tanto na hipertensão quanto na enfermidade dos "homens de empresa", atua sem dúvida um desenvolvimento neurótico crônico. Em ambas as afecções, a moléstia se evidencia quando o fator representado pelo desgaste psicológico é acelerado de maneira decisiva e reforçado por um gênero de vida patológico, psicodinamicamente determinado. Ambas vão aparecendo de modo cada vez mais precoce e mostram uma tendência a provocar a morte de indivíduos por elas afetados quando ainda relativamente jovens.Se o ritmo acelerado do "homem de empresa" supõe uma sobrecarga para o coração e as artérias coronárias, no hipertenso o deslocamento da agressividade para si mesmo afeta todo o sistema vascular.Seria importante serem adotadas a tempo oportuno medidas profiláticas contra o avanço da doença, mas nas duas enfermidades os sistemas de alerta são em principio completamente ignorados e/ou são minimizados. O que padece da "personalidade coronariana" reprime estes sintomas, que dizer, nem sequer os sente, já que não está disposto a mudar seu esquema de vida, e assim os avisos premonitórios se fundem na corrente de um ritmo de vida cada vez mais rápido. O hipertenso se dá conta deles, mas lhes retira a importância, por razões conscientes e inconscientes, já que ceder a esses sintomas lhe parece incompatível com o seu sentimento de dever, além da pressão inconsciente que lhe autodireciona a sua agressão.A possível ocorrência de um infarto do miocárdio nesses pacientes vem determinar um crise extremamente desesperadora, pois todas as defesas nas quais sempre se refugiam entram em falência repentina.
A sua entrada no CTI marca um momento decisivo da atuação do psicólogo, desde que a elaboração desta crise será determinante na evolução futura desse indivíduo. Uma má evolução poderá levar ou a uma mudança hipodimensionada do autoconceito, com fantasias de invalidez, incapacidade, medo e fuga, ou à manutenção do esquema anterior ao infarto, com risco evidente de recidivas. O atendimento ao enfartado na UTI objetiva:    Alívio da angústia inicial através do trabalho sobre as fantasias mórbidas. O estado de expectativa e busca de respostas podem agravar virtualmente o estado somático do paciente, pois a sua elaboração de fantasias e a tensão emocional levam-no, em sua dinâmica total, a um "déficit" funcional, caracterizado pelos quadros reativos, stress, e respostas somáticas como o aumento da pressão arterial, anorexia, diminuição do limiar de resistência à dor, etc.
    Abordagem psicoterápica de possíveis síndromes psicológicas (exemplo: depressão)
    Colocação do paciente frente ao seu estado real, limitações e possibilidades.
    Orientação e apoio nas fases em que o paciente atravessará até a sua alta da UTI. Esse tipo de orientação visa colocá-lo como participante de seu processo de tratamento e a minimizar o impacto da dependência e impotência que ele experimenta.Por outro lado, é importante que, já no hospital, se inicie o trabalho de ressocialização e reintegração do indivíduo, observando suas limitações físicas a curto, médio e longo prazo.Um atendimento Psicoterápico profundo é fundamental logo após à saída do paciente do Hospital, antes que se restabeleçam as antigas formas padronizadas de agir, dando vazão a novo ataque muitas vezes fatal da doença. Esta é a hora importante para o estabelecimento do processo Psicoterápico, pois o paciente está abalado em seus esquemas distorcidos e mais suscetível a mudar seu enquadre de vida.O trabalho multiprofissional integrado nos parece ser o ideal no tratamento dos pacientes enfartados, posto que a atenção globalizada ao indivíduo, além de não dicotomizadora, é integradora e possibilita o amplo levantamento de todos os condicionantes, passados e presentes, daqueles enfermos em particular, indispensáveis para o estabelecimento de um esquema referencial futuro. Este esquema objetivará uma reformulação das pautas anteriores daquele indivíduo, e precisará incluir o manejo das razões inconscientes que o levaram a um ritmo de vida no qual o coração funcionou como órgão de choque.
Um paciente bem informado, orientado, cônscio de seus limites e potencialidade e capaz de rever, sem distorções, o seu processo psicodinâmico é o melhor recurso preventivo que possuímos no sentido de evitar uma nova crise ou o agravamento do estado crônico em que ele vive.

Psic Simone Mello Suruagy

Fonte:http://www.psique.med.br/index.php/gallery/57-artigos/disturbio-psicossomatico/193-o-fator-psicologico-nas-doencas-do-coracao

Alguma Coisa Acontece no Meu Coração

“Alguma coisa acontece no meu coração” porque ele, invariavelmente, será tocado, atravessado; o coração está para que algo aconteça com ele, nele — algum descompasso, uma reviravolta, o avesso. Quando o outro passa a ocupar o sujeito, é só então que ele começa a se constituir. O sujeito se faz a partir do outro; na psicanálise não há autoconhecimento, por não se tratar de “conheça a ti mesmo”; nesse saber, “num último recurso, devemos começar a amar a fim de não adoecermos”. Caetano Veloso canta “alguma coisa” porque não se trata de conhecimento, mas de sentimento, afeto: amor.
O coração é carne, soma; “alguma coisa” é psique. Todo e qualquer acometimento no sujeito será psicossomático, posto que sua constituição é por correspondência — em uma dupla-implicação, circuito, de um polo a outro em contínuo fluxo contingencial. O estímulo psicossomático que provoca o “alguma coisa” é um lugar: o cruzamento das avenidas Ipiranga e São João — mas poderia ser o encontro do corpo do sujeito com o de um outro. A imagem e a cadeia de significantes desencadeiam no sujeito o mal-estar do “alguma coisa”, que faz palpitar o coração, causa desconforto, asfixia, suscita suspiros. Uma efusão de afetos que alenta o sujeito; é do alento do outro que ele se constitui.
O corpo do outro pode ser um lugar; o outro o pode — o espaço, o campo aonde o sujeito irá se constituir. Projetando-se para fora de si, na busca pelo outro, o sujeito irá reconhecer-se. Ao nascer — ou mesmo antes — a criança é acolhida na rede de afetos-significantes, donde ela irá emergir singularmente na medida em que se estrutura psiquicamente. Essa estruturação, que é a constituição do sujeito, se dá na troca dos afetos. A criança, ao ser estimulada, é erotizada — ou seu corpo, será para ela, objeto de escoamento do desprazer, estímulo pulsional, alento para sua psique, medida de estrutura do aparelho psíquico. Erotizar-se é vincular-se ao outro, distender-se no universo simbólico, estruturar-se em linguagem, psiquicamente.
O narcisismo é condição precípua na trajetória constitutiva do sujeito. Ele não alcança a dissolução do Édipo sem antes passar por esse caminho de busca por si. O narcisismo pode ser entendido por uma busca do sujeito por si mesmo, visto que no projetar-se para fora de si, na busca identificatória no outro, o sujeito trilha o caminho da construção de si, contingencialmente, sem a intenção deliberada de fazer das partes erotizadas do seu corpo, um todo; ele sedimenta o terreno para que seu aparelho psíquico se constitua: trata-se dos instantes iniciais da formação do Eu, os processos primários.
O problema é encarar o outro na cidade, e não se ver, não se reproduzir no outro — que, por vezes, está/é interditado pelo concreto, quando ele não é poético. Assim, em Sampa, a cidade de São Paulo é um espelho turvo, com formas excrescentes, distante da sinuosidade das curvas do Edifício Copan. Cidade des-identificável, inviável à interdependência subjetiva. Sem a constituição de uma imagem, e tampouco a visão dela, o sujeito precipita-se na fragmentação espacial de si, na atrofia ortopédica das suas partes erotizadas, no seu Ego — dispersas na geometria singular desse sujeito despedaçado. É que no ver e ser visto, mais do que imagem e juízos estéticos estão em jogo; nesses movimentos escópicos as partes do sujeito são ajuntadas e a vida é inflada.
A beleza por sua vez, própria das discussões relativas ao narcisismo, está em ver e ser visto, e com isso convocar o sujeito à vida – ela é sempre relacional, porque está em trânsito, é transitória; a beleza tem mais sentido em relações do que na solidão. Por isso a beleza pode ser imobilizante, paralisante. Admirando a si mesmo, vendo o reflexo de sua imagem no espelho d’água, Narciso está parado, prostrado. Essa observação merece destaque devido ao imobilismo que ronda o narcisismo — no inclinar-se, prostrar-se e fixar-se no espelho d’água; a identificação junto à imagem projetada no espelho pode atrair, seduzir o sujeito. O destino final desse movimento introjetivo pode ser o Nirvana, a morte, isto é, a ausência de investimento do sujeito em si mesmo oriunda do imobilismo narcísico — que é o ensejo para a melancolia, e de onde podemos inferir a face melancólica da beleza.
Narciso quer o espelho não porque ele queira apenas a si mesmo; ele o quer por repelir o que vem de fora, o novo (em Sampa, Caetano canta: “e à mente apavora o que ainda não é mesmo velho”). Esse movimento narcisista pode ser aproximado ao que Freud, no Além do Princípio do Prazer, nomeou por pulsão de morte — a gênese etiológica do imobilismo narcísico. O espelho carrega consigo a dualidade vida e morte, posto que é condição para a constituição do sujeito — via o outro, que será o reflexo da unidade constitutiva, a referência—; mas, concomitantemente, desse movimento projetivo, a fixação no outro (ou no reflexo de si, no próprio Eu), pode ser o ensejo para a reatividade introjetiva imobilista. Para se constituir o sujeito precisa passar pelo o outro — e este por aquele. Imobilizado na beira do lago, Narciso não oferece ocasião para que o outro o percorra; encerrado em si mesmo ele se precipita rumo ao declínio, seu próprio desinvestimento e morte. É que para se construir o sujeito precisa amar, o que requer sair de si mesmo, assumindo os riscos desse movimento, e sendo alento para si e para o outro — um circuito de afetos precisa ser estabelecido, para que a vida se sustente e a existência seja possível. A condenação de Narciso não foi à morte, ou ao tédio, ou ainda à escravidão de sua própria beleza — ou até mesmo todas essas possibilidades juntas. Antes disso tudo, que também pode ser verdade, Narciso foi condenado à solidão. A solidão é a paralisia do amor — é o não-amor, por isso é também indiferença (quando o sujeito se isola, por repelir o outro). Na Sampa de Caetano Veloso, a solidão perpassa à espreita os versos, na sutileza do contraste melancólico com a beleza discreta “da deselegância de tuas meninas” — é o embate de Eros e Tânatos, à lá Veloso. Isso nos faz pensar que o amor guarda em si algo de solitário, como se, paradoxalmente, ao amar, estivéssemos sós. É que quando se ama, a saída é de si, isto é, o desenlace/desdobramento tem como ponto de partida o próprio sujeito. Ele amará à sua maneira; todo amor é singular, na medida em que se ama, mesmo que acompanhado da solidão existencial do humano, frente ao desamparo.
O Narcisismo Fora de Lugar
O solipsismo derivado do narcisismo primário fora de lugar desdobra-se como corrosão nos laços afetivos que constituem as redes de significantes que vinculam os sujeitos em uma dada realidade. Não por acaso Freud infere a morte como sendo endógena, constitutiva do sujeito, objetivo da vida. O narcisismo fora de lugar é aquele vivenciado pelo sujeito como interdito (ou impeditivos conflituosos) para seu investimento — sobretudo de ordem moral. É o enrijecimento do ego, o encerramento em si mesmo que se impõe como obstrução nas aproximações junto ao outro, cuja posição será a do pequeno outro, opositor, rival ameaçador do eu ideal. Esse ego engessado é aquele que não se lança ao outro, e que morre — endogenamente, como Freud advertira. É que para se sustentar psiquicamente, requer-se do sujeito investimento no outro. Nesse sentido, o eu ideal, necessariamente, terá que se abrir, para que possa se estabelecer a transferência do afeto. Só assim, mediante tal abertura, o sujeito poderá alcançar o fora, o novo, o outro. O conflito se estabelece nesse ponto, quando diante da necessidade iminente da abertura, o sujeito recua, dada a prevalência do eu ideal; o princípio de constância atua, e a pulsão de morte se sobrepõe.
Em Sampa, Caetano Veloso pôde imprimir nas linhas dos seus versos as contradições que após anos continuam atuais. Essa atualização das impressões sociais da cidade de São Paulo está também acompanhada das impressões psíquicas que a pulsão traceja na psique do sujeito. É a constituição da realidade, que no caso de Sampa, está marcada pela irrupção da compulsão à repetição também na cultura. Os sintomas vividos por Narciso podem ser conferidos também na ordem social, “do povo oprimido, nas filas, nas vilas, favelas / na força da grana que ergue e destrói coisas belas / da feia fumaça que sobe, apagando as estrelas”. Quando Narciso não se vê, e já por não ver o outro, a realidade torna-se opaca, cinzenta, concreta — precária na relativização simbólica da linguagem, rudimentar, portanto. A possibilidade de pensar o impensável, da produtividade inventiva oriunda da indeterminação do vir-a-ser humano sucumbe à corrosão do desinvestimento narcísico, no paradoxo do narcisismo.
A correspondência da estrutura psíquica sujeito-sociedade se nota, ainda, nos sintomas da compulsão à repetição, que no caso de Sampa vem “da força da grana que ergue e destrói coisas belas”. Na “grana” convergem a criação e a destruição, e nessa convergência se encontra o paradoxo que movimenta a realidade, com o importante detalhe que esse movimento pode ser de um círculo de gozo, cuja finalidade é ele mesmo: um movimento compulsivo-repetitivo. A consequência imediata desse movimento é a opressão, o empanamento dos sujeitos, seus esvaziamentos. Eis a melancolia que perpassa os versos de Sampa. O brilho que Caetano Veloso imprimiu na canção está no movimento poético-musical que oscila entre Eros e Tânatos — e que irrompe na opacidade cinzenta da melancolia paulistana, nas distâncias que clivam os sujeitos.

Texto de Eduardo Leonel

Fonte:http://derivaderiva.com/alguma-coisa-acontece-no-meu-coracao/

Infarto: Conheças as Causas


Muitas pessoas se preocupam com o mal a longo prazo e não sabem que as chances de sofrer algum mal súbito está aumentando a cada dia. O aumento se dá pela junção de diversos fatores que estão se tornando cada vez mais comuns na vida dos brasileiros. Um dos mal súbitos que mais tem atingido a população, inclusive a população mais jovem, é o infarto.
Uma dor no peito, formigamento no braço, normalmente caracterizam e são sintomas de que algo de errado está acontecendo. Mas uma dor no coração, como se algo estivesse o cortando ou rasgando-o, dor causada normalmente por uma desilusão amorosa, não chega a ser muito preocupante para a população. É aí que mora o perigo. É preciso ficar atento até mesmo a dores assim, as dores de amor.
O infarto é uma das doenças do novo século, que além de ser causada por fatores de risco tradicionais pode também ser causado por fatores emocionais, como depressão e estresse.
Infarto: Conheças as Causas

Dor de amor causa infarto

O infarto tem se tornado a doença do novo século porque está atingido cada vez mais jovens e por mais motivos do que os convencionais. Dentre todos os fatores de risco para o infarto, a dor de amor tem feito parte da estatística, ou seja, a depressão e os problemas emocionais estão se tornando causas frequentes de infarto em jovens. A incidência  de infartos atípicos vem aumentando a cada dia, o que surpreende a medicina, levando a investigações mais afundo.

Como ocorre o infarto?

Quem passa por problemas emocionais fortes ou até uma depressão sofre alterações significativas no coração, que foram verificadas por especialistas. Ao confrontar com esses pacientes, especialistas constataram que as artérias do coração sofrem um Sistema de Restrição Dinâmica ao Fluxo. Foi verificado que o processo é bem semelhante ao que ocorre em um infarto tradicional, infarto que pode ser causado por fatores como obesidade, tabagismo, diabetes e hipertensão. Mas no caso do infarto analisado, foi causado por fatores emocionais.
[share]Quando analisado, foi visto que a passagem de sangue é obstruída não pelas tradicionais placas de gordura, como é comum em infartos tradicionais, mas é causado por um estreitamento das paredes da artéria, o que se torna responsável pela interrupção do fluxo. Segundo pesquisas, o mesmo ocorre em casos de overdose de drogas como crack e cocaína, ou ainda pelo uso de anabolizantes.
Além disso, pacientes assim possuem uma alteração das plaquetas, o que também pode levar a uma interrupção do fluxo.

Fatores que causam o Infarto

O Infarto é decorrente de uma necrose de uma parte do músculo cardíaco que é causada pela ausência de irrigação sanguínea, evitando a chegada de nutrientes e oxigênio ao coração. Basicamente, são três os fatores que causam o infarto: obstrução por gordura, obstrução por coágulo e obstrução brusca.
Obstrução por gorduraObstrução por gordura: quando placas de gordura se aderem às paredes das artérias até que ocorra o entupimento total, causando o infarto. Fatores de risco: fumo, obesidade, diabetes, hipertensão e colesterol.

Obstrução por coáguloObstrução por coágulo: ocorre a formação de um coágulo de sangue ou um trombo, que acaba obstruindo as artérias, causando o infarto. Fatores de risco: problemas emocionais, como depressão e estresse, associados a combinações genéticas ou associado a algum fator já conhecido.

Obstrução bruscaObstrução brusca: ocorre quando as paredes da artéria se juntam bruscamente, comprimindo a passagem de sangue e causando o infarto. Fatores de risco: problemas emocionais, como depressão e estresse, associados a combinações genéticas. Além do consumo de anfetaminas e drogas como crack e cocaína.

O fator genético e o fator emocional

Muitos estudos mostram que cerca de 15% dos infartos que não foram causados pelos fatores de risco tradicionais, foram desencadeados por processos que se iniciaram no ambiente psicológico. Mas claro que quando se trata de “coração partido”, é preciso que ultrapasse esse âmbito psicológico e tenha uma série de combinações genéticas e ambientais.
É como se funcionasse como um processo de chave e fechadura. No caso, a predisposição dos genes é a fechadura. É como se a porta estivesse fechada e a chave fosse o estresse emocional. Quando um fator encontra o outro, a porta se abre e a doença aparece.
Fonte:https://doencas.club/infarto-conhecas-as-causas/
As relações das Emoções com a Doença Coronariana, Infarto do Miocárdio, Hipertensão e Arritimias. 
Psicossomática |

Em que interessa a Saúde Mental para o Cardiologista? Procuramos abordar quadros e problemas emocionais mais encontrados nos ambulatórios de cardiologia, bem como os principais problemas da cardiologia que aparecem entre a clientela da psiquiatria. Enaltecemos a importância da abordagem das questões emocionais, do esclarecimento e do encaminhamento apropriado destes pacientes, evitando cronificações somatiformes e/ou psicossomáticas, consultas e exames desnecessários.
A Saúde Mental tende e deveria ser considerada como uma especialidade médica básica, tendo em vista sua contundente presença na relação médico-paciente, no diagnóstico diferencial, na reação do paciente com sua doença, na perpetuação de sintomas, no desenvolvimento de quadros psicossomáticos e/ou somatiformes.
As reações emocionais e psíquicas do paciente são uma realidade constínua do dia-a-dia de cada profissional da saúde, quer o médico seja ou não sensível ao problema. Obrigatoriamente o clínico, de qualquer especialidade, deve considerar 3 aspectos fundamentais que envolvem o paciente:
1. A reação do paciente à sua doença. O que representa a doença para o paciente, com que sentimento ele se depara com a doença, com que grau de otimismo ele lidará com a convalescença?
2. A adesão ao tratamento. Ninguém adere a tratamento algum se não souber o mínimo sobre o que estão fazendo com ele, se não tiver noção dos objetivos médicos, se não tiver alguma perspectiva.
3. O diagnóstico diferencial das somatizações. Só mesmo através da atenção às emoções e afetos o médico pode fazer um bom diagnóstico diferencial entre um quadro orgânico por excelência, um quadro orgânico agravado pelas emoções e um quadro eminentemente psíquico com sintomatologia orgânica, muito embora a sintomatologia direta de todos três possa ser a mesma. 
Ao cogitar sobre a interrelação cárdio-psíquica pretendemos estimular uma melhor postura dos clínicos não-especialistas em Saúde Mental diante da problemática emocional de seus pacientes. Como primeira atitude, sugere-se aos clínicos abandonarem a prática de tratar a questão emocional como um elemento secundário no curso das doenças e considerar o diagnóstico psíquico também um diagnóstico de exclusão, tal qual as demais hipóteses orgânicas envolvidas no diagnóstico.
Normalmente o eletrocardiograma, as provas de esforço, as dosagens enzimáticas, a cineangiocoronariografias, etc, já foram solicitados muito antes do clínico procurar saber de qualquer componente emocional eventualmente associado ao estado atual do paciente. Está absolutamente certa essa tendência em procurar afastar causas orgânicas para as queixas do paciente, desde que o clínico não acredite, realmente, que a morte por infato do miocárdio seja mais letal que a morte por suicídio.
Além dos esforços práticos inflingidos ao paciente por um extenso itinerário de exames, além do alto custo financeiro ao sistema ou ao paciente que esses exames sofisticados produzem, além do tempo perdido para iniciar o tratamento para um diagnóstico protelado, muitas vezes a distância hermética que muitos clínicos colocam entre os conhecimentos técnicos de sua especialidade e os conhecimentos psíquicos que deveria ter acaba por comprometer sobremaneira o bem estar do paciente.
A mudança de postura no atendimento médico é fundamental, tendo em vista que cardiologistas e clínicos são, geralmente, os primeiros profissionais médicos a atender os pacientes com queixas cardiocirculatórias, ainda que estas sejam reflexo de uma problemática afetiva ou somatização de emocional. A atitude do profissional de primeiro atendimento é de fundamental importância para o encaminhamento correto e tratamento desses pacientes.
São as corriqueiras atitudes como, por exemplo, " - você não tem nada, procure o psiquiatra", sem nenhuma atenção ou explicação diferenciada,causando mais frustração aos pacientes e familiares. Essa atitude acaba favorecendo a angústia do paciente, a dúvida dos familiares e a rotatividade de procura de diversos outros serviços.
A necessidade do médico não especialista em saúde mental ter algum conhecimento nesta área é de fundamental importância para que não se peçam exames desnecessários, para que o paciente não seja submetido a exames desconfortáveis, onerosos, invasivos desnecessariamente e apressadamente.
Quando se diz que as questões emocionais estão atreladas a qualquer outra patologia, não se quer dizer que elas sejam sempre causas de doenças orgânicas, mas que as emoções acompanham as outras doenças; quer como causa, como agravantes ou como conseqüência. Uma simples fratura ortopédica, aparentemente sem nada a ver com a psiquiatria, pode estimular um estado de extrema ansiedade e/ou depressão, tendo em vista seu componente doloroso, as limitações que impõe e mesmo diante de perspectivas pessimistas quanto à recuperação. Isso não significa que a questão emocional causou afratura, mas que ela ocorre paralelamente, talvez agravando o quadro doloroso.
Na cardiologia sabe-se que fatores psicológicos podem predispor e precipitar os seguintes distúrbios:
1 - Transtornos do Ritmo.
Influências emocionais são proeminentes nas arritmias cardíacas mais comuns, tais como a taquicardia sinusal, taquicardia atrial paroxística, batimentos ectópicos atriais e ventriculares, arritmias ventriculares, incluindo fibrilação ventricular. A arritmia cardíaca letal, a fibrilação ou paralisia ventricular são causas possíveis de morte súbita em resposta a um estímulo emocional opressivo ou ao desespero. Assim sendo, a ativação das respostas de estresse, do tipo luta-fuga e conservação-afastamento, pode provocar arritmias letais, especialmente em pessoas com doença coronariana.

2 – Arteriopatia Coronariana.
O estresse pode influenciar no surgimento de arteriosclerose, uma vez que, quando o nível de estresse é alto, há liberação de colesterol, o que pode levar ao "entupimento" de artérias coronarianas e produzir o infarto do miocárdio.

3 - A Hipertensão Arterial.
Notadamente a hipertensão considerada essencial ou idiopática, a elevação da pressão sangüínea sistólica e/ou diastólica acima do limite admitido costuma ser uma perturbação hemodinâmica por múltiplas causas. Estudos têm comprovado o papel de fatores psicossociais ou do estresse no desenvolvimento de alguns tipos de hipertensão essencial. A mobilização do Sistema Nervoso Autônomo, através de um aumento da atividade do sistema simpático e a conseqüente elevação da produção de renina está entre os supostos mecanismos patogênicos da hipertensão arterial. Interações de fatores genéticos, ambientais, de personalidade (Personalidade Tipo A), dietéticos, e comportamentais, certamente conduzem à elevação patológica persistente da pressão sangüínea.
Numa análise de 50 pacientes ambulatoriais de Hipertensão Arterial, 41 deles estabeleceram relação entre um evento particular de vida e aumento da sua pressão, 28 empregam o termo nervoso como explicação. (Tania M. S. Braga, Rachel R. Kerbauy)
Sistema Límbico, onde se inclui o hipotálamo, que coordena as diversas funções neurovegetativas, inclusive as cardiovasculares, é tido como a sede das emoções. Essas funções neurovegetativas implicam na regulação do Sistema Nervoso Autônomo Simpáticoe do Sistema Nervoso Autônomo Parassimpático. Portanto, em essência, compete ao hipotálamo, no Sistema Límbico, atuar sobre os diversos órgãos internos e estruturas orgânicas, estimulando-as ou inibindo-as através do Sistema Nervoso Autônomo.
À todas situações de estresse e ansiedade o organismo reage liberando catecolaminas (adrenalina e noradrenalina) e corticóides, seja por ação direta do sistema simpático, o qual coloca o organismo em estado de alerta, seja por ação indireta do Sistema Nervoso Autônomo sobre as Glândulas Suprarrenais. Essas catecolaminas e os corticóides aumentados no estresse produzem uma vasta série de alterações no organismo (abaixo).
ALGUMAS ALTERAÇÕES DECORRENTES DE CATECOLAMINAS E CORTICÓIDES
* elevação da freqüência cardíaca
* elevação da pressão arterial
* aumento do débito cardíaco
* aumento do consumo de oxigênio
* aumento da excitabilidade cardíaca
* entrada de sódio e saída de potássio e magnésio das células
* lesão endotelial
* aumento da adesividade plaquetária
* vasoconstrição periférica
* retenção de sódio e água
* hemoconcentração
* aumento da coagulação sangüínea
* aumento da glicose e do ácido lático
* aumento dos ácidos graxos e do colesterol

DOENÇA CORONARIANA E DEPRESSÃO 

O ritmo alucinante da vida de hoje, a transitoriedade das coisas, das pessoas e dos valores, a valorização do bem material, o individualismo crescente, a falta de solidariedade e a premência do tempo e do sucesso estão fazendo surgir novos tipos de doenças e entre elas se enquadra a doença coronariana.

Doença Coronariana, produtora do Infarto do Miocárdio, tem sido uma das patologias mais estudadas atualmente, tendo em vista a altíssima incidência em que acomete pessoas dos países mais civilizados. A ciência tem demonstrado uma grande variedade de fatores causais envolvidos no desenvolvimento da doença, sendo os mais freqüentemente referidos a predisposição genética, o tabagismo, a hipertensão arterial, a elevação dos níveis de colesterol, o estresse cotidiano, a vida sedentária do homem moderno, a obesidade e a diabetes.
Alguns estudos consideram a participação de fatores constitucionais um dos elementos mais importantes no desenvolvimento da Doença Coronariana, outros enfatizam a importância prevalente dos fatores ambientais, tais como o aumento do nível de colesterol, o fumo e a hipertensão arterial. Enfim, quanto a ordem de importância desses fatores não há ainda um consenso.
Apesar de todos esses estudos, na década de 1980, alguns estudos (Eliot R S - Stress and cardiovascular disease: mechanisms and measurement - Ann. Clin. Res. no. 19, p.p. 88-95, 1987) constatavam que até cerca da metade dos coronarianos não apresentam os clássicos fatores de risco ambientais atribuídos ao desenvolvimento da Doença Coronariana. Assim sendo, quais seriam os mecanismos responsáveis pelo desenvolvimento da doença nesses pacientes?
Inúmeras pesquisas clínicas e experimentais têm relacionado o estresse com a Doença Coronariana. A quantidade de estresse a que se submete o ser humano moderno é muito grande, talvez maior que a capacidade adaptativa da maioria das pessoas e, como conseqüência, observa-se o aumento da incidência de algumas doenças, entre elas a Doença Coronariana.
Alguns estudos consideram que, além do estresse, seria importante para o desenvolvimento da coronariopatia, uma predisposição pessoal em termos de personalidade, denominada de Personalidade Tipo A. Esse tipo de personalidade caracterizaria as pessoas que procuram fazer mais e mais em menos e menos tempo, são ambiciosas, competitivas, impacientes, necessitam aparentar serem fortes, etc (veja tudo sobre Personalidade Tipo A).
Independente das discussões sobre as possibilidades desse tipo de personalidade ser aprendida (e exigida) no meio cultural ou, ao contrário, ser eminentemente constitucional, todos parecem concordar quanto ao fato desse tipo de perfil psicológico ser bastante prevalente entre os coronarianos.
Do ponto de vista social, o meio urbano, caracterizado pelas grandes aglomerações, pelo excesso de ruídos, insegurança social, necessidade de urgência em tudo, excesso de informações que estimulam o medo, excesso de competição, carência de oportunidade para todos, frustrações pela falta de participação nos processos decisórios, excesso de responsabilidades, falta de solidariedade e de relacionamentos afetivos significativos e excesso de mudanças, força exageradamente as pessoas para contínuas e indispensáveis adaptações (Kaufmann, 2000). As condições fisiológicas para desenvolvimento da doença coronariana são prontamente estimuladas por esse continuado estresse adaptativo.
Do ponto de vista pessoal, a Personalidade Tipo A, os traços pessoais de ansiedade, a atitude competitiva, o estímulo ao sedentarismo, o tabagismo, etilismo e a alimentação irregular ou as dietas incorretas acabam também contribuindo para a extensão e gravidade da Doença Coronariana.
Entre a genética e o ambiente, mais sensato seria considerarmos 2 grupos de pacientes coronarianos: aqueles que portam uma predisposição constitucional à doença e aqueles que não têm essa predisposição. Os primeiros são candidatos a coronariopatia mais cedo na vida, e tanto mais precoce quanto mais expostos forem aos fatores ambientais agravantes. Os segundos estão sujeitos à coronariopatia mais tardiamente.
Da mesma forma, neste segundo grupo a Doença Coronariana se desenvolverá tanto mais tardiamente quanto menos expostos forem aos fatores ambientais agravantes. De um modo geral podemos considerar que quanto mais intensamente cada fator (constitucional ou genético) estiver presente e quanto mais ele for potencializado pela associação com outros fatores, mais agirá no desenvolvimento da doença. Interessa-nos particularmente aqui, as condições intimamente relacionadas ao Estresse e desenvolvimento de coronariopatia.
O Estresse e a Doença Coronariana
Se não há mais necessidade didática de se demonstrar que o estresse influi no desenvolvimento da Doença Coronariana, então vamos nos preocupar com a natureza do estresse nosso de cada dia.

Antes de qualquer coisa, é bom ter em mente que o ambiente competitivo, a responsabilidade, a premência de tempo, instabilidade social e mudanças do cotidiano, embora sejam fatores psicossociais claramente relacionados com Doença Coronariana, eles desempenharão papel mais estressante ou menos estressante nas diversas pessoas. Então podemos dizer que, embora o estresse seja ambientalmente estimulado, ele será variavelmente percebido pelas diferentes pessoas.
Talvez a base do estresse pessoal esteja no conflito e nas frustrações, ou seja, na contra-posição entre o querer, o dever e o conseguir. Sabendo que a existência dos conflitos é universal e fisiológica, a maneira como reagimos à eles é que caracterizará as pessoas; alguns reagem aos seus conflitos com muito mais ansiedade (e estresse) que outros. Portanto, as pessoas reagirão de maneira diferente diante de uma mesma realidade, ou ainda, arriscarão diferentemente a saúde de suas coronárias.
Nossa cultura costuma instigar o indivíduo a conseguir realizar cada vez mais em cada vez menos tempo. No conflito humano esse "conseguir" não diz respeito exclusivamente ao trabalho, mas se refere também às realizações sociais, à adaptação ao convívio com outras pessoas, outros ambientes. Diz respeito também à aquisição e manutenção de bens e do "status", à necessidade de gerar os recursos pessoais e familiares, à necessidade realização pessoal.
A contra-posição ou conflito entre o querer e o conseguir, ou seja, a defasagem entre querer e realizar é que determina o conflito e este, dependendo da pessoa, pode gerar uma situação estressante capaz de consumir internamente o indivíduo e determinar sua doença.
A facilidade social para fumar, beber, ingerir certos alimentos, não praticar exercícios físicos, em contra-posição com aquilo que a pessoa sabe ser o certo (dever) também gera conflito entre o querer e o dever, ou entre o dever e o não conseguir. O estado interno dessas pessoas é de ansiedade, angústia, tensão, frustração, culpa, irritabilidade e até depressão. Esses sentimentos nem sempre são revelados de forma pura, mas sim, dissimulados em alterações psicossomáticas.
Dependendo de sua personalidade, a pessoa conseguirá ou não superar ou viver bem apesar desses conflitos inevitáveis. Se ela vive obsessivamente em busca de realizações e ganhos, tendo essa diretriz como norteadora de toda sua vida, poderá não estar psicologicamente preparada para as frustrações e perdas inevitáveis que a vida oferece. Se biologicamente ela for predisposta ou se, em conseqüência de um determinado estilo de vida estiver muito exposta aos fatores de risco, provavelmente desenvolverá a Doença Coronariana.
A prática médica tem mostrado que as doenças ou mortes de familiares, a perda de emprego ou de prestígio, os conflitos conjugais e a insatisfação profissional estão habitualmente relacionados ao Infarto do Miocárdio ou a crises coronarianas. As adversidades da vida em algumas pessoas (note que sempre se coloca "em algumas pessoas"), podem determinar sentimentos de desilusão, desistência ou desesperança, sentimentos de derrota, culpa ou desencanto suficientes para desenvolver a coronariopatia necessária ao Infarto do Miocárdio.
Vendo o histórico de vida desses pacientes, pode ser que não seja detectado nenhum fator vivencial desencadeante ou diretamente relacionado ao problema das coronárias mas sim, um acúmulo de vários fatores estressantes (para esses pacientes) capazes de gerar intensa sensação de insatisfação, de derrota, culpa, desencanto ou desistência.
Depressão e Doença Coronariana
Os estudos recentes sugerem que a Depressão é um dos principais fatores de risco, não somente para o desenvolvimento da Doença Coronariana, mas também de mortalidade entre os pacientes que tiveram um Infarto do MiocárdioFrasure-Smith e colaboradoresmostraram que entre os pacientes que tinham experimentado um Infarto do Miocárdio, que a Depressão era o principal fator de aumento de risco de morte no ano que seguiu ao infarto.

As conseqüências deletérias da Depressão sobre a saúde, particularmente entre pacientes cardíacos, representam um peso substancial para a saúde pública. Assim, pesquisas adicionais são necessárias para descobrir os relacionamentos entre a Depressão, doença cardíaca e mortalidade.
Os investigadores estão começando a conduzir estudos epidemiológicos mais rigorosos para determinar melhor o grau de risco que a depressão acrescenta, além de outros fatores de risco, tais como fumar e obesidade, no desenvolvimento de coronariopatias. Os estudos procuram determinar os mecanismos precisos através dos quais a depressão aumenta a mortalidade entre os pacientes que experimentam ataques de coração. Entre as propostas inclui-se a possibilidade da Depressão diminuir a aderência dos cardíacos ao tratamento (por desilusão, desesperança ou desinteresse), bem como a possibilidade deles não obedecerem atitudes para a manutenção da saúde própria.
Uma outra possibilidade é que a depressão exerça seus efeitos deletérios através de mecanismos biológicos, tais como a adesividade crescente das plaquetas, tornando os pacientes mais vulneráveis ao desenvolvimento de oclusão arterial e novo Infarto do Miocárdio subseqüente (Wayne Katon) ou ainda, influência do sistema nervoso autônomo sobre a contratura da musculatura lisa das artérias coronárias.
Outro estudo (Wulson, 2000) comparou pacientes com história de sintomas depressivos e pacientes que não tiveram depressão. Depois de criteriosamente avaliados os riscos relativos para o desenvolvimento coronariopatia nos depressivos contra os pacientes que não tinham depressão, concluiu que o risco relativo para que os depressivos desenvolverem doença coronariana é comparável ao risco associado com a obesidade e um pouco mais baixo do que o risco associado com hábito de fumar.
Estes e mais outros tantos resultados sugerem que o diagnóstico e o tratamento eficazes da depressão são essenciais, já que a depressão aumenta o risco de desenvolver doença coronariana. E parece que tanto o diagnostico quanto o tratamento são negligenciados pelos clínicos.
Para ilustrar esse desinteresse da clínica para com a questão emocional, Fulop (2000) avaliou a presença de Depressão entre pacientes idosos com Insuficiência Cardíaca Congestiva. Nesse estudo, no qual observou que 21,7% dos pacientes com alta hospitalar do serviço de cardiologia tinham quadro de Depressão, ressaltou que a presença da Depressão raramente é valorizada pelos médicos que assistem a esses pacientes.
O dado mais surpreendente de Fulop foi a constatação de que nenhum dos pacientes acompanhados pelo seu estudo foi diagnosticado corretamente e nem tratado com os antidepressivos até um período de 7 meses depois da alta hospitalar. São muito numerosos os estudos que mostraram a eficácia dos inibidores seletivos do recaptação da serotonina (ISRS) no tratamento da Depressão, bem como a constatação de que estes medicamentos são bastante seguros para pacientes com doença de coração.
Depressão e Infarto do Miocárdio
Depressão é um forte agravante para a mortalidade no Infarto do Miocárdio. Um paciente que desenvolve uma depressão clínica dentro dos 18 meses depois do Infarto do Miocárdioeleva significativamente o risco de mortalidade. As arritmias ventriculares poderiam ser o principal mecanismo implicado, notadamente as extra-sístoles.

Há maior probabilidade de diagnóstico de depressão entre pacientes que apresentam mais de 10 extra-sístoles ventriculares prematuros por hora que naqueles que apresentam menos de 10 (Frasure-Smith, 1995). Essa questão da presença de depressão em pacientes com extra-sístoles ventriculares foi avaliada mediante o questionário de Beck.
Alguns estudos têm apontado em torno de 66% o número de pacientes com Infarto do Miocárdio que sofrem algum transtorno emocional, principalmente de depressão ou ansiedade (U.S. Department of Health ande Humam Services, 1998). A Depressão Maioresteve presente em aproximadamente 20% dos pacientes que tiveram Infarto do Miocárdio, e a forma menor foi um pouco mais presente (27%). Em contraste, na população geral, a incidência de depressão maior e menor, tem sido de 3% e 5% respectivamente. Mais alarmante ainda é a ocorrência de Depressão pós-ponte coronária (ou outra cirurgia de revascularização), chegando a cifras assustadoras de 68% dos pacientes (Petersom, 1996).
Depressão neste grupo de pacientes reduz as possibilidades de uma retomada das atividades ocupacionais ou sociais, e mais grave ainda, aumenta o risco de futuros eventos cardíacos com maior mortalidade, tais como o re-infarto e a morte súbita. O pior prognóstico da Doença Coronariana tem sido associado tanto à forma "clínica" como à "sub clínica" da Depressão.
Recuperação e Evolução do Paciente Coronariano
Uma série de trabalhos e observações científicas tem constatado que um dos principais fatores de proteção contra o Infarto do Miocárdio, e mesmo como favorecedora da recuperação dessa doença, tem sido o apoio emocional ao paciente (ou à pessoa) oferecido pelos grupos de suporte social (Barefoot, 1996).

Entende-se por grupos de suporte social, toda estrutura grupal que propicia ao indivíduo sentir-se amado e valorizado, cuidado e protegido, sentir-se membro de uma rede de interações e comunicações interpessoais franca, clara e solidária. Inclui-se nesses grupos de suporte social, a família, os ambientes de trabalho, o bairro, a igreja, o clube. Portanto, as situações de isolamento a que as pessoas se submetem ou são submetidas pelo ambiente gregário moderno são fatores agravantes para o desenvolvimento de coronariopatias (Frasure-Smith, 1995).
Outros aspectos importantes a considerar nos estudos dos fatores psicossociais relacionados à Doença Coronariana é o modo pelo qual o coronariano vive sua doença, ou seja, o modo da pessoa representar ou dar significado à sua doença. Trata-se, essa representação íntima da doença, de uma atitude variável de pessoa para pessoa. Normalmente a coronariopatia ou o Infarto do Miocárdio representam uma séria ameaça de perda; perda da vida, dos familiares, do poder social e/ou econômico. Não obstante tais sentimentos são acompanhados de ansiedade, medo, culpa ou raiva, conforme a personalidade ou a história de vida.
Novamente, dependendo da personalidade do paciente, diante de tais sentimentos ele poderá assumir posturas características e próprias, tais como se tornar irritadiço ou agressivo, deprimir-se, desenvolver queixas hipocondríacas, pirraçar ou aceitar, enfrentar ou negar a doença, enfim, é possível até que a mesma pessoa apresente, em momentos diferentes, posturas diferentes. No tocante ao tratamento do coronariano, evidentemente, além das medidas clínicas, são importantes atitudes assertivas e benéficas do médico e da família do paciente. Nesse sentido, sugere-se:
1. A presença efetiva e afetiva do médico e da família, mais disponível possível, junto ao paciente. Júlio de Melo Filho (Psicossomática Hoje) cita trabalhos de Mather e Leigh, fazendo menção de resultados obtidos no tratamento dos pacientes em unidades coronarianas e em residências, mostrando que aqueles tratados em suas casas não diferiam, em termos de complicações ou evolução, daqueles tratados em unidades coronarianas.
2. A necessidade do médico e da família tomarem consciência dos anseios que envolvem o paciente com sua doença e, desse modo, compreender os mecanismos que o mesmo vem utilizando para lidar com ela.
3. A necessidade de se manter o paciente adequadamente informado a respeito de sua enfermidade dentro de uma atmosfera de expectativa otimista.



Doença Coronariana pode desenvolver-se sem expressar sintomas durante vários anos, e quando tais sintomas estão presentes, classicamente começam a aparecer logo da segunda metade da vida. Os processos fisiopatológicos coronarianos de longo prazo se encontram relacionados com a disfunção endotelial e lesões arteroscleróticas, enquanto que os processos fisiopatológicos de curto prazo resultam de complicações agudas, como por exemplo, da ruptura da placa de ateroma e a conseqüente formação de trombos, isquemia miocárdica o desenvolvimento de arritmias ventriculares (Pepine, 1997).
Apesar de controvertidas opiniões nos últimos anos, é cada vez mais consensual que os eventos psíquicos possam modificar, mais cedo ou mais tarde, a historia natural da Doença Coronariana. As investigações experimentais em animais e os estudos epidemiológicos e clínicos em humanos apontam para essa evidencia médica (U.S. Department of Health ande Humam Services, 1998). Hoje, sabe-se que diferentes situações estressantes, agudas ou crônicas, podem precipitar isquemia cardíaca, arritmias, Infarto do Miocárdio e/ou a morte súbita.


É forte a suspeita de que, tanto a irrigação do miocárdio, o ritmo e a variação da freqüência cardíaca, como também a reação das plaquetas poderiam ser modulados pelo eixo hipotálamo–hipofisário–supra-renal, envolvido nas questões emocionais.
De acordo com estudos do The Precursors Study do Departamento de Medicina e a The Prospective Data From the Baltimore ECA Folow-up, do Departamento de Epidemiologia, ambos da Universidade Johns Hopkins (USA), a Depressão é um fator de risco com peso independente para a doença cardíaca, elevando mais de 2 vezes o risco relativo de Doença Coronariana e de Infarto do Miocárdio (Pratt, 1996; Forde,1998). Assim sendo, com a liberação excessiva ou prolongada de catecolaminas e corticóides por causa do estresse ou ansiedade exagerada acaba provocando alterações cardíacas como arritmias, hipertensão arterial, aterosclerose coronária, isquemia ou necrose miocárdica e insuficiência cardíaca.
Alguns trabalhos constatam desenvolvimentos experimentais de arritmias em gatos e macacos submetidos a estresse continuado, assim como mostram situações estressantes desencadeando liberação de catecolaminas e corticosteróides e provocando lesão no miocárdio, aumento do consumo de oxigênio e lesão celular por entrada de Na (sódio) e saída de K (potássio) e Mg (magnésio).
A participação do sistema nervoso na origem da hipertensão arterial foi e tem sido tema de inúmeros trabalhos sendo, hoje em dia, aceito universalmente que o estresse eleva a pressão arterial. Através da ação direta dos nervos simpáticos ou, indiretamente, da estimulação das glândulas suprarrenais, corticóides e catecolaminas são liberadas promovendo aumento do débito cardíaco, a qual, juntamente com a vasoconstricção e retenção de sódio e água elevariam a pressão do sangue.
Normalmente tais modificações são transitórias, havendo o retorno às condições iniciais quando cessa o estresse. Nas pessoas predispostas à hipertensão e nos já hipertensos, essa reação é mais intensa e mais prolongada.

HIPERTENSÃO ARTERIAL E EMOÇÕES
O atual conhecimento médico no que diz respeito às causas da Hipertensão Arterial tem enfatizado seu aspecto multifatorial, resultante de um complexo desequilíbrio no sistema responsável pela manutenção de um fluxo e volume sanguíneo satisfatórios e do tônus da musculatura arterial. Na realidade, apenas 10% dos casos de Hipertensão Arterial têm suas causas específicas detectadas e a expressiva maioria dos casos continua sendo rotulada de Hipertensão Arterial Essencial, ou seja, sem causa orgânica definida.

A necessidade do organismo de manter sempre um fluxo sangüíneo adequado a todos seus órgãos e sistemas, a freqüência do coração, as enzimas, íons, contratura dos vasos e perfusão renal ocorrem integradamente, sob o comando e controle do Sistema Nervoso Central. Nossas necessidades corporais de sangue variam de momento a momento e de região a região do corpo, conforme as influências e solicitações internas e externas, portanto, a regulação da pressão arterial é uma tarefa adaptativa bastante complexa. Detectar nossas necessidades biológicas e situacionais, bem como atuar na regulação da pressão arterial é um dos atributos do Sistema Nervoso Autônomo.
Existe uma linha de pesquisas sobre a origem da Hipertensão Arterial que têm apontado para uma alteração constitucional (genético ou não) na permeabilidade da membrana de algumas células (entre elas as células tubulares renais, as células da musculatura lisa dos vasos sanguíneos e dos neurônios adrenérgicos) que promoveriam maior retenção de sódio intracelular.
Há outra linha de pesquisas que investe na investigação de um defeito constitucional (genético ou não) nos centros neurológicos do bulbo e do hipotálamo, bem como nos pressorreceptores, no sistema nervoso simpático ou no sistema vascular e renal.
O componente genético da Hipertensão Arterial se suspeita tendo em vista a incidência maior de hipertensão em famílias de hipertensos. Segundo alguns autores, a tendência hereditária costuma aparecer em cerca de 45 a 75% de todos os pacientes. Em gêmeos univitelínicos a concordância para Hipertensão Arterial é de 50% e nos bivitelínicos de 23%.
A discrepância de 50% nos gêmeos univitelínicos sugere que o mecanismo genético-constitucional pode não ser o responsável exclusivo para o desenvolvimento da hipertensão, nascendo aí a hipótese de que certos fatores ambientais também pudessem sustentar a pressão arterial elevada.
Observou-se, em muitos trabalhos, que determinadas comunidades que não ingerem sal não desenvolvem Hipertensão Arterial, como ocorre com os índios ianomãmi (Carvalho, 1983). O papel do estresse na elevação da pressão arterial, tanto em homens como em animais, também tem sido pesquisado. Variados experimentos que empregam estímulos ambientais estressantes contribuem para essas hipóteses. Isso tudo acaba por sugerir que, entre outros, pelo menos dois fatores ambientais conhecidos têm se destacado na gênese da Hipertensão Arterial: a ingestão de sal e o estresse. Interessa-nos as questões relacionadas ao estresse.
Juntando-se essas hipóteses com as idéias de Selye sobre a adaptação continuada do organismo através do estresse, vamos entender que, em determinadas circunstâncias, a elevação da pressão arterial faria parte dessa resposta adaptativa. Isso, de certa forma, corrobora a idéia de que, em muitos casos, a hipertensão arterial pode ser incluída nos transtornos da adaptação. Quer dizer que determinado organismo que vive uma situação de estresse e exige uma resposta adaptativa poderá reagir com hipertensão arterial.
Em intensidade e duração discretas, a elevação da pressão arterial durante momentos de estresse pode ser considerada uma resposta perfeitamente fisiológica às solicitações do estresse. No paciente hipertenso, entretanto, observa-se não só intensidade maior da resposta hipertensiva, como também duração maior, sendo que, em alguns casos, os níveis pressóricos se manteriam permanentemente elevados.
Se é fisiológica a resposta hipertensiva diante do estresse, se é constitucional a sensibilidade a desenvolver essa resposta em intensidade e duração exageradas, então nossa preocupação não se detém mais na influência do estresse sobre a pressão arterial, mas sim, na vulnerabilidade da pessoa ao estresse, ou seja, na característica de certas pessoas se manterem estressadas.
Voltamos, então, à questão muito propalada da sensibilidade variável de pessoa a pessoa, ou seja da existência de uma espécie de filtro afetivo por parte de cada indivíduo, no sentido de avaliar e valorizar desta ou daquela maneira as diversas situações vividas e enfrentadas.
Através dos filtros afetivos, os quais constituem o sistema de avaliação através do qual a pessoa sente e valoriza sua existência, as circunstâncias e situações atuais serão julgadas como sendo mais ou menos ameaçadoras, portanto, exigindo maior ou menor esforço de adaptação, exigindo maior ou menor intensidade e duração das respostas adaptativas.
Ainda através dos filtros afetivos, a pessoa valorizará como mais traumático ou menos traumático os seus conflitos íntimos, suas frustrações e sentimentos de perdas. Será também através das lentes da afetividade que o mundo intrapsíquico pode se constituir ou não numa fonte de ameaças e sofrimento. É por causa disso que acabamos por considerar agentes estressores, não apenas as situações ou fatores ambientais e exteriores ao sujeito, mas a estrutura e os conflitos intrapsíquicos, frutos da sua personalidade e de sua história de vida.
Franz Alexander foi um dos primeiros autores a observar e descrever as peculiaridades daquilo que chamava de Personalidade Hipertensiva. Trata-se de pessoas com um núcleo de hostilidade reprimida. Atualmente crê-se que, além desse traço hostil reprimido, o hipertenso pode apresentar também um afeto depressivo, dependência dissimulada, passividade, sentimentos pessimistas e dificuldade para externar emoções.
Depressão representa o transtorno psiquiátrico mais habitual no idoso. As cifras da prevalência da Depressão na população geriátrica oscilam entre o 7,7 (Forsell) e 14,2% (Copelande et al). Quando consideramos freqüência dos transtornos depressivos nos idosos incapacitados por alguma doença somática essas cifras aumentam muito, chegando, segundo Harper, em uma mostra de doentes hospitalizados por doenças físicas, a 51,7.
Gómez-Feria acompanhou 285 pacientes de 60 anos ou mais, atendidos em consulta de psicogeriatria. Um total de 72,6% dos pacientes apresentava depressão. Este diagnóstico estava presente em 74,4% das mulheres e no 67,14% dos homens. A idade média de início da doença depressiva foi de 54,4 anos. Aproximadamente, metade dos pacientes estava incapacitada no funcionamento social, familiar ou nos cuidados pessoais.
Um total de 175 pacientes (84,5%) apresentava fatores ambientais que influíram na origem e manutenção da doença depressiva e 96,1% dos pacientes depressivos apresentava doenças físicas.

ARRITIMIAS CARDÍACAS E EMOÇÕESO estresse emocional pode precipitar arritmias ventriculares e/ou morte súbita, ao estimular vias serotoninérgicas no SNC, as quais afetam fortemente o funcionamento cardiovascular (Jiang, 1996).
A ira ou raiva é o estado emocional que com maior freqüência se associa à isquemia miocárdica e arritmias mais graves. É por isso que se questiona se o surgimento de extra-sístoles no período pós-Infarto do Miocárdio em pacientes depressivos seria conseqüência do efeito disrítmico da Depressão (Frasure-Smith, 1995). Tendo em vista a melhora dessas arritmias cardíacas com bloqueio adrenérgico, reforça-se a noção da influência cardiocirculatória do sistema nervoso simpático.
O estudo da freqüência cardíaca e sua variabilidade estimulam o estudo da atividade simpática e parasimpática. Os resultados, até agora, são surpreendentes e muito curiosos.
Segundo Kleiger (1987), um paciente com freqüência cardíaca média de 80 bpm com variabilidade de ±5 bpm, comparado com outro, cuja freqüência cardíaca média seja a mesma (80 bpm), mas com variabilidade de ± 20 bpm, tem uma variabilidade diminuída e um risco de morte súbita pós Infarto do Miocárdio maior.

Essa diminuição na variação da freqüência cardíaca é notória entre pacientes depressivos, quando comparado com grupos não depressivos (Dalack, 1990). Carney (1995) reafirma esses dados, analisando pacientes com Doença Coronariana confirma, angiograficamente e com eletrocardiografia dinâmica, uma diminuição da variabilidade da freqüência cardíaca significativamente mais comum nos pacientes depressivos que nos não depressivos. Assim sendo, a Depressão aumentaria a incidência das arritmias ventriculares pelo predomínio do Sistema Nervoso Simpático, descarregado através da conexão entre o córtex pré-frontal, a amígdala e o hipotálamo.

COAGULAÇÃO E EMOÇÕESHá tempos se propõe que a depressão possa afetar a coagulação e a trombogênese (Markovitz, 1991). Estes processos seriam centrais para compreender o mecanismo pelo qual a depressão é fator de risco para Doença Coronariana e Infarto do Miocárdio.
As plaquetas têm em suas membranas receptores adrenérgicos, dopaminérgicos e serotoninérgicos. Aventa-se a possibilidade da hiperatividade destes últimos ser uma das causas da combinação entre a Depressão e as doenças cardiovasculares pois, as plaquetas representam um modelo da atividade das vias serotoninérgicas cerebrais, de tal forma que a captação de serotonina e a expressão de seus receptores seja homologada pelo cérebro.
Por algum motivo ainda desconhecido, os receptores serotoninérgicos plaquetários do paciente depressivo são hiper-reativos. Estas plaquetas, digamos, hiper-reativas, detectadas por citometria de fluxo ativado por luz fluorescente aceleram a formação de trombina, a liberação de fatores que induzem a migração leucocitária, a proliferação de células e, por fim, a agregação plaquetária, incrementando assim o risco de doenças cardiovasculares e/ou a morte súbita pós-Infarto do Miocárdio (Musselmam, 1996).
É também sabido que a Hipertensão Arterial, a hipercolesterolemia, o fumo e a idade avançada são fatores que predispõem ao desenvolvimento das doenças cardiovasculares, e todos eles contribuem para a ativação serotoninérgica das plaquetas. Há evidência médica suficiente para suspeitarmos ocorrem alterações do Sistema Nervoso Central, particularmente no Sistema Nervoso Autônomo e na função serotoninérgica plaquetária em pacientes depressivos e que essas são causas fortemente atreladas à doenças cardiovasculares (Owens, 1994).

A DOENÇA CARDÍACA SEGUNDO O PACIENTE
As características da sociedade de hoje, individualista, competitiva, aglomerada e espremida no espaço urbano, sedentária, tabágica, com hábitos alimentares errados, ingestão excessiva de calorias e álcool, fariam da hipertensão arterial uma doença da modernidade e civilização. Além dos elementos sócio-culturais, também existem influências intrapsíquicas, representadas pelos conflitos e pelo modo peculiar da pessoa avaliar e enfrentar situações.

A compreensão das reações emocionais do paciente diante do adoecer deve ser muito valorizada pelo médico, embora, na prática, isso freqüentemente tem sido ignorado. A doença costuma ser estudada e entendida apenas pelo seu lado anatômico, clínico e sintomatológico. O que se pleiteia para o clínico é um enfoque mais generalista, através da compreensão da pessoa que vive sua doença.
A necessidade de uma abordagem psicossocial do cardiopata fez com que se reconhecesse o importante papel da informação sobre a doença na relação médico-paciente e, principalmente, na relação doente-doença, com evidentes benefícios à saúde do paciente. As falhas na educação apropriada repercutem na recuperação do paciente, nos cuidados pessoais, na ausência das necessárias mudanças de hábitos e, conseqüentemente, ficariam aumentadas as chances de resultados terapêuticos insatisfatórios.
Algumas pesquisas (Glória H. Perez, Bellkiss W. Romano - Temas Livres do LII Congresso da SBC) podem apontar que até 57% dos pacientes não sabem o nome da sua cardiopatia corretamente, 37% não sabem defini-la, 43% não sabem as causa genéricas da doença e 35,5% não sabem as causas específicas do seu próprio caso. Esses conhecimentos se relacionam menos com o nível de escolaridade do que com o grau de informação fornecido pelo médico.
O conhecimento da cardiopatia pelo próprio paciente é extremamente acanhado, e não parece haver consciência desta realidade. Detecta-se uma postura absolutamente passiva e de alienação em relação à doença e tratamento por parte do paciente, ignorância esta atribuída exclusivamente à responsabilidade do médico.
Costuma ser desafiante a tarefa de sugerir medidas gerais, de cunho psicossocial, que objetivem prevenir, tratar ou reabilitar um cardiopata. Uma forma abrangente de prevenir a doença coronariana seria:
1. Ampliar o nível de conscientização do indivíduo sobre seu modus vivendi, sobretudo no que diz respeito ao estabelecimento de metas reais alcançáveis, à necessidade de estabelecer prioridades de tal modo que possa fazer uma coisa de cada vez e à percepção de que certos hábitos de vida deterioram sua saúde.
2. Propiciar ao indivíduo (no ambiente de casa, do trabalho, da escola e dos serviços de saúde) suportes sociais que o façam sentir-se amado e valorizado, cuidado e protegido e membro de uma rede de interações e comunicações que funcione de maneira franca e precisa.
3. Conscientizar o indivíduo acerca dos efeitos deletérios do estresse e propor métodos para reduzi-lo.
4. Estimulá-lo a ampliar seu autoconhecimento através de técnicas psicoterápicas.
Informá-lo sobre os fatores de risco da doença, orientando-o e estimulando-o no sentido de combater esses fatores.
Com relação à Hipertensão Arterial, uma série de fatores tem sido aventada como responsáveis pela pequena aderência dos pacientes ao tratamento. Entre elas relacionamos as seguintes:
1. Evolução assintomática da doença.
2. Necessidade de tratamento continuado.
3. Custo e efeitos colaterais dos remédios.
4. Necessidade de fazer dieta.
5. Desinformação em relação à doença.
6. Dificuldade em obter cuidados médicos.
7. Relação médico-paciente insatisfatória.
8. Situações psicossociais estressantes.
9. Falta de suportes sociais.
10. Desmotivação e baixa auto-estima.
11 . Núcleos conflitivos não resolvidos.
12. Utilização da doença como "benefício emocional secundário".
As respostas cardiovasculares ao estresse têm-se relacionado com o desenvolvimento de diversas alterações clínicas importantes, utilizando-se como indicadores das mesmas a reatividade e a recuperação cardíacas. A atividade eletrodérmica é o parâmetro que tem sido utilizado como índice clínico de diversas alterações relacionadas com o estresse.  

A "OPÇÃO" PELO CORAÇÃO
De fato ninguém duvida da repercussão cardíaca do estresse. Entretanto, porque algumas pessoas reagem "cardiacamente" e outras não. De um modo geral e em graus variáveis, sempre há participação do sistema cardiovascular nas situações de estresse. Assim sendo, pode-se dizer que há uma sensibilidade especial do sistema cardiovascular às emoções. A palpitação que sentimos depois de um susto não significa que "sofremos" do coração mas, que nosso coração sofre com os sustos.

Quantitativamente, quanto mais persistente e intensa for o estresse, maior será a repercussão sobre o sistema cardiovascular. A vulnerabilidade que tem certos indivíduos ao comprometimento patológico das emoções sobre o coração, como é o caso das taquiarritmias, hipertensão arterial essencial, coronariopatia, etc., denota a existência prévia de vulnerabilidades constitucionais na estrutura desse sistema. São pessoas que acabam padecendo de cardiopatias em conseqüência do estresse da vida.
Os autores mais psicodinâmicos consideram a somatização, qualquer que seja ela, remanescente de fases mais primitivas do desenvolvimento da personalidade. Desde cedo a criança vivencia situações de estresse e, com certa freqüência, aprendeu a reagir somaticamente a esses estímulos. Depois de adulto, falhando outros meios mais eficazes de enfrentamento, a pessoa volta a lançar mão dos recursos da antiga somatização.
Considerando a hipótese das somatizações servirem como meio de obter atenção ou como forma de autopunição, o coração, tanto quanto ou até mais que outro órgão, poderá ser utilizado com tais objetivos.
Várias queixas funcionais ou distúrbios orgânicos podem estar a serviço das emoções. Diante de algum distúrbio orgânico cardíaco prévio, as razões emocionais atuariam como expressivos agravantes no paciente psicossomático. A tendência à autopunição desses pacientes poderia ser percebida através da atitude da pessoa diante da Doença Coronariana. Vemos essa ocorrência no desleixo ao cumprimento da prescrição médica, nas provocações quase propositais dos sintomas e agravamentos.
Essa tendência autopunitiva é mais evidenciada ainda na atitude da Desistência Depressiva. Aqui o paciente "dá a impressão" de não burlar o tratamento mas, seu desinteresse em curar-se é tão intenso que a resposta aos esforços terapêuticos são em vão. Essa teoria pode explicar porque alguns pacientes acabam falecendo pouco tempo depois da morte do(a) cônjuge.
Há ainda razões emocionais para o desenvolvimento de algumas patologias em relação aos chamados comportamentos aditivos, como é o caso de beber, fumar, trabalhar excessivamente, mesmo quando o paciente é orientado pelo médico para moderar nessas atividades. Freqüentemente o comportamento aditivo (autodestrutivo) está a serviço de íntimas necessidades psicológicas, complexos, conflitos e experiências vividas não totalmente elaboradas. Tais casos costumam estar associados à complexos de culpa.
Pela fisiopatologia psicossomática haveria comprometimento do coração, por descaso e negligência do paciente, a ingestão excessiva de sal e de gordura, a inalação da nicotina e do monóxido de carbono do cigarro, o abuso de álcool ou o estresse e trabalho excessivo.
A identificação é outro dos mecanismos geradores de somatização que podem repercutir no coração. Principalmente em se tratando de reações hipocondríacas (leves ou graves) e que assumem maiores proporções face à importância (até simbólica) do coração na manutenção da vida do indivíduo. Basta saber que alguém morreu do coração e logo o hipocondríaco sente dor precordial. Se ocorre doença cardíaca em algum parente significativo, a probabilidade de queixas hipocondríacas voltadas para o coração é grande. Por fim, considerando todo o simbolismo atribuído ao coração como fonte de vida e sede das emoções, fácil é imaginar a sua utilização como veículo de expressão simbólica.
Tudo isso nos leva a afirmar quão difícil se torna às vezes (ou muitas vezes) afiançar qual desses mecanismos estará presente num dado paciente. Acreditamos inclusive que provavelmente vários deles estarão presentes. É difícil afastar a hipótese de alguma hipersensibilidade ou fragilidade constitucional quando estamos diante de alterações como a hipertensão arterial e a aterosclerose. Mas é difícil afirmar que só a tendência constitucional é responsável pela eclosão das manifestações clínicas. O fator ambiental parece estar comprometido também. Mesmo aqui, poderíamos argüir como fatores contribuintes apenas os ligados à alimentação, ao fumo e ao álcool.
Não obstante, a energização ou potencialização de todos esses fatores (constitucionais e ambientais) parece passar pelo componente psíquico, seja como fonte de avaliações estressantes processadas pelo sistema nervoso central, seja através da participação do sistema cardiovascular na resposta ao estresse, seja pelo estímulo àqueles procedimentos aditivos (que levam o indivíduo a comer demais, beber e fumar demais, trabalhar demais). E se considerarmos os distúrbios funcionais (extremamente freqüentes na prática cardiológica) aí então os mecanismos psíquicos crescem de importância como fatores primários geradores da queixa somática que o paciente nos apresenta.

Referências
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Ballone GJ - Cardiologia e Emoções - in. PsiqWeb, Internet, disponível em www.psiqweb.med.br, atualizado em 2007.

Fonte:http://www.psiqweb.med.br/site/?area=NO/LerNoticia&idNoticia=41

Personalidade Tipo A - Cardiopatas

Dumbar descreveu traços do coronariano; compulsivo, com tendência ao trabalho contínuo, hiperativo, desprezavam as férias e não dividiam responsabilidades. 
Psicossomática |
A Personalidade Tipo é caracterizada por uma luta contínua, crônica e incessante na tentativa de atingir mais em menos tempo, abrigando uma hostilidade dissimulada e constante. O sentido de urgência e a hostilidade dissimulada dão origem a aborrecimentos, irritação, rancor e impaciência que podem levar à doença coronariana.

Não se pretende afirmar que os enfartados tenham, de um modo geral, personalidades idênticas, nem tampouco semelhantes. Nada disso. O que se diz é que pessoas portadoras de alguns traços de personalidade, normalmente de natureza ansiosa, são propensas a problemas coronarianos mais que pessoas sem esses traços.
Também se contesta que a personalidade dessas pessoas seja constitucionalmente do jeito que se descreve. Nada disso. O que há de comum nesse tipo de personalidade definido como A, é a contundente inclinação à ansiedade exagerada. Os tipos de comportamento decorrente da maneira ansiosa de se viver são mais culturais que biológicos. A competitividade, por exemplo, traço marcante de comportamento da Personalidade Tipo A, só é estimulado pela civilização da produção e do sucesso social, portanto, valores culturais.
Infarto do Miocárdio e Personalidade Tipo A
Apesar de sempre se suspeitar de que o estado emocional alterado, a ansiedade excessiva e os conflitos emocionais crônicos estivessem relacionados ao aumento da incidência de enfermidades cardiovasculares, atualmente já se acumulou evidências suficientes para confirmar que o estresse social e o comportamento chamado de Tipo A, aumentaram significativamente os riscos de doença cardiocirculatória, principalmente a doença coronariana do tipo Infarto do Miocárdio.

A associação estresse-doença coronariana foi observada, inicialmente, nos próprios médicos. Já em 1910, Willian Osler enfatizava que um dos aspectos característicos da profissão de médico, qual seja, trabalho contínuo, rotineiro e de extrema responsabilidade, eram os responsáveis pelo aparecimento dos sintomas anginosos referidos pelos médicos que padeciam da doença aterosclerótica.
Na década de 1940, Flanders Dumbar já descrevia algumas características de comportamento do paciente coronariano. Dizia que eles eram considerados pessoas compulsivas, com tendência ao trabalho contínuo, hiperativos, desprezavam as férias e não dividiam responsabilidades. Mais marcante ainda era a tendência dessas pessoas minimizarem seus sintomas, possivelmente temendo afastarem-se do trabalho e, taxativamente, negavam estar eventualmente emocionadas ou depressivas.
A descrição, classificação e denominação de Personalidade Tipo A, contudo, foram conceitos introduzidos na literatura médica por Friedman e Rosenman depois de 195O. De acordo com estes autores, existiria um tipo de personalidade chamada Tipo A, o qual se relacionaria à maior propensão para a cardiopatia isquêmica.
Estava pois, caracterizada a Personalidade Tipo A, como sendo portadora de um marcante traço para a ação e emoção, resultando numa atitude de contínua e vigorosa luta em direção aos objetivos, menosprezo às eventuais circunstâncias adversas e afetação especial para com o aproveitamento laborativo do tempo.
QUADRO 1 - CARACTERÍSTICAS DE COMPORTAMENTO NO TIPO A DE PERSONALIDADE 
1. Tendência para procurar atingir metas não bem definidas ou muito altas;
2. Acentuada impulsão para competir;
3. Desejo contínuo de ser reconhecido e de progredir;
4. Envolvimento em múltiplas funções;
5. Impossibilidade prática (falta de tempo) para terminar alguns empreendimentos;
6. Preocupação física e mental;
7. Incapacidade de relaxamento satisfatório, mesmo em épocas de folga;
8. Insatisfação crônica com as realizações;
9. Grau de ambição está sempre acima do que obtém;
10. Movimentos rápidos do corpo;
11. Tensão facial;
12. Entonação emotiva e explosiva na conversação normal;
13. Mãos e dentes quase sempre apertados
Além disso, a Personalidade Tipo A parece ser um complexo ação/emoção caracterizado por uma luta contínua, crônica e incessante na tentativa de atingir mais em menos tempo, abrigando uma hostilidade dissimulada e constante. O sentido de urgência no tempo e a hostilidade manifesta ou dissimulada dão origem a aborrecimentos, irritação, rancor e impaciência, sentimentos que podem ser considerados os pontos centrais da Personalidade Tipo A.
Atualmente tem-se admitido que a Personalidade Tipo A não é uma personalidade exclusivamente biológica e inata, resultando também, de hábitos e padrões adquiridos na juventude, através de experiências domésticas e externas, carência material, abandono e outras adversidades. Esse tipo de personalidade pode ser encontrado em todas as classes sociais, e é mais bem observada em pessoas com trabalho ativo entre 30 e 50 anos.
Por outro lado, os indivíduos com a chamada Personalidade Tipo B mostram um padrão oposto de comportamento. Eles não apresentam sistematicamente níveis significativos de aborrecimento, de irritação, de rancor ou de impaciência. Normalmente eles se mostram seguros, firmes, sem pressa, têm conhecimento de suas qualidades intrínsecas e sabem fazer bom uso delas. A pessoas Personalidade Tipo B podem ser seguras, tranqüilas, não são competitivas e tem grande capacidade de captar e receber afeições.
Relação Personalidade Tipo A e Coronariopatia
Vários cardiologistas e fisiopatologistas vêm chamando atenção sobre as possíveis inferências que o estado emocional sobre a dinâmica do coração. Esse conhecimento pode ser constatado depois do aparecimento das novas técnicas de investigação cardiocirculatória.

Assim como os níveis de colesterol, de pressão arterial, o consumo de tabaco, café e bebida alcoólica e o sedentarismo, podiam ser relacionadas à incidência das doenças coronarianas, também as características faciais dos pacientes, suas vozes, suas manifestações psicomotoras, e seu comportamento social, ocupacional e emocional passaram a ser importantes.
Após a caracterização das personalidades dos Tipos A e B, observou-se que a incidência da coronariopatia no indivíduo Tipo A era, simplesmente, 7 vezes maior que no Tipo B. Tal observação propiciou a formação, na década de 1970, do "Western Collaborative Study Group" (WCGS) nos Estados Unidos, cuja finalidade era avaliar pessoas com padrão de comportamento A e B e os portadores de coronariopatia.
NECRÓPSIA DE 51CASOS DE FALECIMENTO*
Personalidade
No.
39 a 49 anos
50 a 59 anos
Por cardiopatia
%
A
35
10
12
22
62
B
16
2
1
3
19
*Tabela de 1975 da WCGS. Note-se que a grande maioria dos óbitos de Personalidade Tipo B ocorreu fora da faixa etária dos 39-59 anos e a maioria da Personalidade Tipo A ocorreu nessa faixa mais precoce.
Personalidade Tipo A em Mulheres
Com a participação ativa da mulher na força de trabalho atual, evidentemente ela se tornou também vulnerável a alguns estados patológicos anteriormente exclusivos dos homens e acabou perdendo aspectos importantes de sua vantagem biológica. Com isso a mulher passou a ter também altos índices de mortalidade por problemas coronarianos.

Sabe-se que alguns tipos de ocupação favorecem a manifestação da Personalidade Tipo A, e como a grande maioria das ocupações deixou de ser monopólio masculino, essa Personalidade Tipo A passou a incidir praticamente em igualdade entre os sexos. Assim, observa-se que a ocupação de executivo aumenta o risco de coronariopatia em mulheres.
Não se pretende afirmar que os enfartados tenham, de um modo geral, personalidades idênticas, nem tampouco semelhantes. Nada disso. O que se diz é que pessoas portadoras de alguns traços de personalidade, normalmente de natureza ansiosa, são propensas a problemas coronarianos mais que pessoas sem esses traços.
Também se contesta que a personalidade dessas pessoas seja constitucionalmente do jeito que se descreve. Nada disso. O que há de comum nesse tipo de personalidade definido como A, é a contundente inclinação à ansiedade exagerada. Os tipos de comportamento decorrente da maneira ansiosa de se viver são mais culturais que biológicos. A competitividade, por exemplo, traço marcante de comportamento da Personalidade Tipo A, só é estimulado pela civilização da produção e do sucesso social, portanto, valores culturais.
Infarto do Miocárdio e Personalidade Tipo A
Apesar de sempre se suspeitar de que o estado emocional alterado, a ansiedade excessiva e os conflitos emocionais crônicos estivessem relacionados ao aumento da incidência de enfermidades cardiovasculares, atualmente já se acumulou evidências suficientes para confirmar que o estresse social e o comportamento chamado de Tipo A, aumentaram significativamente os riscos de doença cardiocirculatória, principalmente a doença coronariana do tipo Infarto do Miocárdio.

A associação estresse-doença coronariana foi observada, inicialmente, nos próprios médicos. Já em 1910, Willian Osler enfatizava que um dos aspectos característicos da profissão de médico, qual seja, trabalho contínuo, rotineiro e de extrema responsabilidade, eram os responsáveis pelo aparecimento dos sintomas anginosos referidos pelos médicos que padeciam da doença aterosclerótica.
Na década de 1940, Flanders Dumbar já descrevia algumas características de comportamento do paciente coronariano. Dizia que eles eram considerados pessoas compulsivas, com tendência ao trabalho contínuo, hiperativos, desprezavam as férias e não dividiam responsabilidades. Mais marcante ainda era a tendência dessas pessoas minimizarem seus sintomas, possivelmente temendo afastarem-se do trabalho e, taxativamente, negavam estar eventualmente emocionadas ou depressivas.
A descrição, classificação e denominação de Personalidade Tipo A, contudo, foram conceitos introduzidos na literatura médica por Friedman e Rosenman depois de 195O. De acordo com estes autores, existiria um tipo de personalidade chamada Tipo A, o qual se relacionaria à maior propensão para a cardiopatia isquêmica.
Estava pois, caracterizada a Personalidade Tipo A, como sendo portadora de um marcante traço para a ação e emoção, resultando numa atitude de contínua e vigorosa luta em direção aos objetivos, menosprezo às eventuais circunstâncias adversas e afetação especial para com o aproveitamento laborativo do tempo.
QUADRO 1 - CARACTERÍSTICAS DE COMPORTAMENTO NO TIPO A DE PERSONALIDADE 
1. Tendência para procurar atingir metas não bem definidas ou muito altas;
2. Acentuada impulsão para competir;
3. Desejo contínuo de ser reconhecido e de progredir;
4. Envolvimento em múltiplas funções;
5. Impossibilidade prática (falta de tempo) para terminar alguns empreendimentos;
6. Preocupação física e mental;
7. Incapacidade de relaxamento satisfatório, mesmo em épocas de folga;
8. Insatisfação crônica com as realizações;
9. Grau de ambição está sempre acima do que obtém;
10. Movimentos rápidos do corpo;
11. Tensão facial;
12. Entonação emotiva e explosiva na conversação normal;
13. Mãos e dentes quase sempre apertados
Além disso, a Personalidade Tipo A parece ser um complexo ação/emoção caracterizado por uma luta contínua, crônica e incessante na tentativa de atingir mais em menos tempo, abrigando uma hostilidade dissimulada e constante. O sentido de urgência no tempo e a hostilidade manifesta ou dissimulada dão origem a aborrecimentos, irritação, rancor e impaciência, sentimentos que podem ser considerados os pontos centrais da Personalidade Tipo A.
Atualmente tem-se admitido que a Personalidade Tipo A não é uma personalidade exclusivamente biológica e inata, resultando também, de hábitos e padrões adquiridos na juventude, através de experiências domésticas e externas, carência material, abandono e outras adversidades. Esse tipo de personalidade pode ser encontrado em todas as classes sociais, e é mais bem observada em pessoas com trabalho ativo entre 30 e 50 anos.
Por outro lado, os indivíduos com a chamada Personalidade Tipo B mostram um padrão oposto de comportamento. Eles não apresentam sistematicamente níveis significativos de aborrecimento, de irritação, de rancor ou de impaciência. Normalmente eles se mostram seguros, firmes, sem pressa, têm conhecimento de suas qualidades intrínsecas e sabem fazer bom uso delas. A pessoas Personalidade Tipo B podem ser seguras, tranqüilas, não são competitivas e tem grande capacidade de captar e receber afeições.
Relação Personalidade Tipo A e Coronariopatia
Vários cardiologistas e fisiopatologistas vêm chamando atenção sobre as possíveis inferências que o estado emocional sobre a dinâmica do coração. Esse conhecimento pode ser constatado depois do aparecimento das novas técnicas de investigação cardiocirculatória.

Assim como os níveis de colesterol, de pressão arterial, o consumo de tabaco, café e bebida alcoólica e o sedentarismo, podiam ser relacionadas à incidência das doenças coronarianas, também as características faciais dos pacientes, suas vozes, suas manifestações psicomotoras, e seu comportamento social, ocupacional e emocional passaram a ser importantes.
Após a caracterização das personalidades dos Tipos A e B, observou-se que a incidência da coronariopatia no indivíduo Tipo A era, simplesmente, 7 vezes maior que no Tipo B. Tal observação propiciou a formação, na década de 1970, do "Western Collaborative Study Group" (WCGS) nos Estados Unidos, cuja finalidade era avaliar pessoas com padrão de comportamento A e B e os portadores de coronariopatia.

NECRÓPSIA DE 51CASOS DE FALECIMENTO*
Personalidade
No.
39 a 49 anos
50 a 59 anos
Por cardiopatia
%
A
35
10
12
22
62
B
16
2
1
3
19

*Tabela de 1975 da WCGS. Note-se que a grande maioria dos óbitos de Personalidade Tipo B ocorreu fora da faixa etária dos 39-59 anos e a maioria da Personalidade Tipo A ocorreu nessa faixa mais precoce.
Personalidade Tipo A em Mulheres
Com a participação ativa da mulher na força de trabalho atual, evidentemente ela se tornou também vulnerável a alguns estados patológicos anteriormente exclusivos dos homens e acabou perdendo aspectos importantes de sua vantagem biológica. Com isso a mulher passou a ter também altos índices de mortalidade por problemas coronarianos.

Sabe-se que alguns tipos de ocupação favorecem a manifestação da Personalidade Tipo A, e como a grande maioria das ocupações deixou de ser monopólio masculino, essa Personalidade Tipo A passou a incidir praticamente em igualdade entre os sexos. Assim, observa-se que a ocupação de executivo aumenta o risco de coronariopatia em mulheres.
Uma das curiosidades das pesquisas sobre a Personalidade Tipo A em mulheres mostra que o risco de desenvolvimento da doença coronária em mulheres Tipo A é maior entre mulheres com funções executivas e, simultaneamente, com atribuições de trabalho doméstico do que naquelas com trabalho externo mas não envolvidas no trabalho doméstico. Considerando mulheres Tipo A com trabalho externo e homens Tipo B, também com trabalho externo, também há risco aumentado de doença na mulher Tipo A.
Vários autores têm sugerido que tanto a mulher quanto o homem Tipo A apresentam aumento da atividade do Sistema Nervoso Autônomo do tipo simpaticotônico (com predomínio das atividades adrenérgicas), fato não encontrado nas pessoas tidas como Tipo B. Como conseqüência disso, também se observam, entre os tais Tipos A e B, diferenças importantes na pressão arterial e freqüência cardíaca.
Fisiopatologicamente sabe-se, hoje em dia, da relação entre a maior descarga simpática e o desenvolvimento de aterosclerose. As alterações hemodinâmicas provocam aumento da tensão na superfície das artérias ocasionando lesão endotelial e criando assim a formação da placa ateromatosas.
Esses estudos sugerem que a doença coronariana aterosclerótica, condição principal para o desenvolvimento de infarto do miocárdio, é de etiologia multifatorial, destacando-se entre esses fatores o tabagismo, a dieta gordurosa, a hipertensão arterial, o sedentarismo e, principalmente, a Personalidade Tipo A.
Patologia da Personalidade Tipo A
No final da década de 50 verificou-se que indivíduos com padrão de comportamento Tipo A eram portadores de níveis sanguíneos mais elevados de colesterol e triglicérides e que, quando submetidos ao estresse de competição, no período pós prandial (depois das refeições), apresentavam elevação maior ainda dos níveis séricos destas gorduras.

Este nível elevado de triglicérides, associado a maior tendência de agregação das hemácias, pode ter importante participação no desenvolvimento de fenômenos de trombose, um dos fatores da doença coronária.
Por outro lado, foi demonstrado em ratos quando que a estimulação do hipotálamo por fatores estressantes, favorece alterações no metabolismo do colesterol e triglicérides juntamente com uma diminuição do fluxo sanguíneo na veia porta. Além disso, pacientes do Tipo A envolvidos em estresse agudo podem desenvolver taxas elevadas de hormônio de crescimento, o qual tem papel importante no metabolismo do colesterol. Para o melhor entendimento das reações orgânicas da ansiedade exagerada, podemos conceituar o estresse como um conjunto de reações do organismo, decorrentes da manifestação psíquica ou orgânica capazes de perturbar a homeostase do organismo todo.
Assim sendo, a ansiedade, a reação emocional. a dor física ou a perda de sangue em grandes cirurgias são capazes de desencadear fenômenos de estresse que, quando agudos, após situação de raiva ou medo, podem desencadear o infarto do miocárdio. Indivíduos normais submetidos a estresse agudo também podem apresentar alterações eletrocardiográficas do tipo ST-T e/ou presença de extrassístoles, como por exemplo, saltar de pára-quedas, falar em público etc. Tais ocorrências podem ser abolidas se administradas drogas bloqueadoras dos receptores adrenérgicos.

Resposta Emocional do Paciente de UTI
Unidade de Terapia Intensiva (UTI) se destaca por seus recursos altamente tecnológicos e especializados, tornando-se indispensável na assistência ao cardiopata. Mas o impacto da ameaça à vida faz com que um número crescente de pacientes de UTI necessitem imperiosamente de cuidados psiquiátricos intensivos durante a internação. A internação em UTI promove, quase invariavelmente, um desequilíbrio emocional no paciente.

As respostas de ansiedade e depressão nos pacientes de UTI são facilmente observadas e estão entre os principais diagnósticos psicológicos. Também o delirium, um quadro confusional agudo, pode estar presentes em diferentes tipos de UTI. Após as primeiras 24 h de internação é possível começar a se delinear as reações emocionais desses pacientes, desde que estejam orientados e conscientes sobre a possibilidade de morte.
Segundo algumas pesquisas, nos 2 primeiros dias de internação, o principal diagnóstico é a ansiedade, juntamente com a atitude de recusar o tratamento e solicitações de alta a pedido. A depressão ou desespero costuma aparecer principalmente após o 4º dia de internação, período onde começa decrescer a ansiedade. Esse estado depressivo costuma persistir nos dias subseqüentes.
A ansiedade pode, resposta normal do ser humano ao desconhecido, pode se manifestar como Estado Ansioso, circunstancial e transitório, caracterizada por sentimentos desagradáveis de tensão e apreensão conscientemente, e como Personalidade Ansiosa, quando a pessoa tem um traço arraigado de reagir a situações adversas sempre com ansiedade mais intensa que a média das pessoas.
A Depressão seria a resposta emocional caracterizada pelo abatimento do humor, interesse diminuído, distúrbio do sono, agitação ou lentificação psicomotora, fadiga e perda de energia, sentimento de desvalia ou culpa, diminuição da capacidade de pensar e se concentrar, pensamento recorrente sobre a morte.
Ansiedade e Depressão variam segundo diversos fatores numa situação de internação em UTI. É interessante que o paciente se familiarize com as rotinas da unidade, conheça a equipe e seja orientado quanto a sua situação e procedimentos, o mais rapidamente possível para quer a ansiedade e depressão comece a ceder.
A atenção psicológic adequada faz com que após o 2º ou 3º dia de internação, os pacientes acreditem que sua situação é melhor e a preocupação excessiva diminui. O ideal será oferecer uma atenção psicológica necessária para que os pacientes aceitem a internação como uma boa (ou melhor) forma de restabelecimento da saúde.
Sugestão:
Internação em UTI. Variáveis que Interferem na Resposta Emocional
Maria Alice F. P. Novaes, Bellkiss Wilma Romano, Silvia G. Lage
Instituto do Coração do Hospital das Clínicas - FMUSP, São Paulo, SP
Arquivos Brasileiros de Cardiologia 67(2):, 1996


Ballone GJ - Personalidade Tipo A e Cardiologia - in. PsiqWeb, Internet, - disponível em www.psiqweb.med.br, revisto em 2007.

Fonte:http://www.psiqweb.med.br/site/?area=NO/LerNoticia&idNoticia=37

Problemas emocionais e ambientais, associados à predisposição genética, são gatilhos para doenças cardíacas

Uma forte dor no coração, como se ele rasgasse por dentro, subitamente. A frase parece apenas uma metáfora clichê, sempre acessível para descrever uma mágoa profunda, mas não física. O coração partido, porém, no auge do século 21, deixou de ser muleta dos sofredores e passou a fator de risco para problemas cardíacos. Dor de amor também pode matar.

Depressão e problemas emocionais, associados a uma predisposição genética, estão entre as causas de infartos em pacientes jovens, alerta Marcelo Ferraz Sampaio, cardiologista do Hospital Oswaldo Cruz, chefe do Laboratório de Biologia Molecular do Instituto Dante Pazzanese, em São Paulo 
e especialista no tema.

O médico revela que nos últimos anos, o índice de infartos atípicos no setor de emergência do hospital foi surpreendentemente alto. Além do fator numérico, os pacientes tinham características clínicas semelhantes: jovens, em sua maioria mulheres, saudáveis, mas com incidentes cardíacos severos.
“Observávamos, ao fazer a identificação da artéria, que o coração tinha infartado, mas não havia lesão. Começamos, então, a desvendar como essa artéria poderia ter provocado a restrição de fluxo por mais de 20 minutos, sem ter nenhum comprometimento.”

Ao confrontar os pacientes com pesquisas internacionais, o especialista constatou que essas artérias sofrem um Sistema de Restrição Dinâmica ao Fluxo. A consequência e o processo são semelhantes ao que ocorre em um infarto tradicional, provocado pela conhecida lista de fatores de risco: obesidade, diabetes, hipertensão e cigarro. Neste caso, no entanto, o gatilho é emocional.
Como ocorre
A passagem de sangue é obstruída não pelas placas de gordura, mas por um estreitamento das paredes da artéria, responsável por interromper o fluxo. O mesmo evento é diagnosticado em casos de overdose de drogas como cocaína e crack, ou no uso de anabolizantes.
"Também é possível que as plaquetas do sangue fiquem como se fossem 'tresloucadas', interrompendo o fluxo subitamente, gerando os infartos. Descobrimos que esses pacientes têm alteração da formação das plaquetas”, explica o especialista.
Esse mesmo processo ocorre em pacientes com depressão. “A doença emocional, em tese, não é fator de risco pra doença cardíaca, mas pode ser, em determinadas circunstâncias, o fator principal”, endossa Sampaio.
Coração rasgado

Iris Galetti, física e professora de pintura, sofreu um infarto atípico grave em janeiro de 2008
Guilherme Lara Campos / Fotoarena
Iris Galetti, física e professora de pintura, sofreu um infarto atípico grave em janeiro de 2008

Magra, saudável, ativa e aparentemente feliz. Os três adjetivos costumeiramente usados para definir a professora de física Iris Galetti também a mantinham fora do grupo de risco de mulheres com problemas cardíacos.
Em janeiro de 2008, durante uma reunião no colégio onde trabalhava, primeiro dia após as longas férias de verão, a professora sentiu um mal-estar pungente. Uma forte dor no peito e braços dormentes. A pressão, porém, ao ser medida na enfermaria do local de trabalho, estava normal.
Com náuseas e dores no peito, ao chegar ao hospital, Iris descobriu que tinha infartado. Foram oito dias na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) e mais uma semana no quarto, até receber alta. Aos 49 anos, ela tinha perdido boa parte do coração – o ventrículo esquerdo ficou com o músculo praticamente morto.
“Jamais pensei que eu poderia infartar. Minha família tem histórico de câncer, não de problemas cardíacos. Achei que os médicos estavam errados. Nunca fui hipertensa, sedentária, e tenho uma verdadeira obsessão por alimentação saudável.”

No entanto, há mais de quatro meses Iris tentava digerir, sozinha, uma mágoa muito profunda. Nas palavras da professora, que prefere reservar a história, a decepção foi difícil de suportar. Por meses, o problema emocional ocupou boa parte de sua vida pessoal.
“Depois do infarto eu me dei conta do que tinha ocorrido. Lembro que o médico que me atendeu quando fiz o segundo cateterismo disse que minha artéria tinha rasgado, como se uma lâmina a tivesse cortado, literalmente.”
O estresse da vida profissional e o excesso de responsabilidades, dentro e fora de casa, somados aos conflitos e decepções pessoais, transformaram-se em um coquetel venenoso para um coração normal, sem problema algum.
O fator genético
A literatura médica mundial aponta que 15% dos infartos sem os fatores de risco tradicionais – cigarro, diabetes, obesidade e hipertensão – foram desencadeados por processos que começaram no âmbito psicológico. A matemática, porém, não é simplista e imediata. Para que o coração partido ultrapasse a metáfora é preciso que exista uma série de combinações genéticas e ambientais.
A analogia da chave e da fechadura é a maneira como Sampaio consegue traduzir os preceitos da medicina genética a seus pacientes. Nas palavras do médico, a predisposição dos genes nada mais é do que uma fechadura. “A porta está fechada. A chave é o estresse emocional, e a fechadura sua carga genética. Quando a chave certa encontra a porta certa, a doença aparece.”
O mapeamento genético, porém, não seria uma forma de prevenção. Embora o Projeto Genoma tenha mapeado todos os genes que existem no organismo humano, a medicina ainda não conseguiu antecipar quais combinações entre esses genes são responsáveis por desencadear as mais variadas doenças. A única forma de manter-se longe dos infartos, tradicionais ou atípicos, seria a manutenção da saúde, tanto mental quanto física, defende o médico.
“Hoje os alimentos não são mais saudáveis, passam por agrotóxicos para conservação. Não só comemos mal, como recebemos o alimento em pior estado. A falta de tempo é desculpa para tudo. A pressão do dia a dia faz com que o artifício de relaxamento e prazer seja uma comida calórica, gordurosa. O chocolate nos dá o prazer que não temos no trabalho, na família, na relação sexual. Esse comportamento social do mundo moderno gera pessoas mais expostas.”

A experiência individual não serve apenas de alerta. Para contornar os problemas emocionais, Iris trocou a lousa pelos pincéis – ministra aulas de pintura em faiança para mais de 30 alunos, produz peças para venda e toca o próprio ateliê. O coração bate devagar, quase ao som do new age, música fundo de suas aulas, mas ela se define clinicamente como ótima: controla a alimentação, toma uma taça de vinho nos dias mais agradáveis, pratica atividade física regularmente - uma caminhada leve de 60 minutos - e aposta que ultrapassará a casa dos 100.
Na receita médica, as indicações permanecem universais, e cabe a cada um achar seu componente pessoal: alimentação balanceada, atividade física regular, lazer, tranquilidade e terapia – esvaziar a mente dos problemas e não permitir que eles consumam o organismo – podem ajudar a blindar o coração.


Infarto em adultos não muda comportamento de risco

Homens jovens são os mais negligentes. Entre homens e mulheres, 20% continuam fumando, revela pesquisa


Mauro Carvalho, 67, tem 116 quilos, cinco stents no coração e três infartos acumulados. O acesso direto à informação não foi suficiente para que o jornalista, hoje aposentado, mudasse o estilo de vida e o comportamento em relação à própria saúde depois de sofrer o primeiro infarto, há 11 anos.

“A única coisa errada que eu não fazia era o cigarro. Se eu fumasse, certamente estaria morto, pois somaria todos os fatores de risco.”

Foi somente após o terceiro ataque cardíaco, em junho de 2010, que Mauro reavaliou a alimentação e incluiu caminhas da rotina, agora menos estressante. O processo de recuparação o internou na Unidade de Tratamento Intensiva por mais de um mês e o fez perder 10 quilos.

Depois de sobreviver a três entupimentos de artérias, eliminou das refeições gorduras e frituras, segue uma dieta recomendada pela vizinha – ela é nutricionista –, reconhece que está perdendo peso paulatinamente e percebe as limitações de um coração combalido quando o neto de dois anos exige um pique muito além do que o coração permite.
“Os dois primeiros foram leves. Somente nesse último, em que passei um mês na UTI, achei que não teria volta. Depois que o susto passa, a gente não pensa que vai acontecer novamente.
Milhões em um
O comportamento de Mauro não é isolado. Segundo pesquisa encomendada pela Sociedade Brasileira de Cardiolgia ao Instituto Datafolha e apresentada hoje (14), boa parte dos infartados, além de desconhecer a própria doença, permanece negligente em relação à própria saúde mesmo após um incidente cardíaco.

Foram entrevistadas 610 pessoas que já infartaram anteriormente, a partir dos 30 anos, de todas as classes econômicas, em seis capitais: São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba, Belém, Salvador e Goiânia. Desse grupo, 66% eram homens e 34% mulheres, com idade média de 63 anos.

Mais de 20% dos participantes não abandonaram o cigarro após o incidente cardíaco. Após o ataque cardíaco, apenas 28% incluíram alguma atividade física na rotina diária, 67% mudaram o comportamento alimentar e 53% passaram a tomar os medicamentos preventivos conforme indicado pelos médicos.
Segundo Jorge Ilha, presidente da Sociedade Brasileira de Cardioligia, os dados devem ser ainda mais alarmantes. O comportamento dos infartados tende a mudar nos primeiros seis meses após o problema. Depois desse período, a negligência volta a ser preponderante na maioria dos casos.
Na visão do médico, os dados traduzem a espiral de um problema crônico: o pífio investimento em saúde publica e má qualidade do atendimento médico no País.

“Os médicos pouco informam e orientam os pacientes sobre como proceder para evitar que o incidente se repita. No sistema público de saúde, as consultam são rápidas e não há muito espaço para dúvidas.“
De fato, a pesquisa mostra que o acesso à informação sobre o tema está bem longe dos consultórios: 50% dos entrevistados afirmaram usar a televisão como canal para obter conhecimento sobre saúde em geral e sobre saúde do coração.
“A realidade no SUS é cruel por que o foco é atendimento e não qualidade. Mas não é um problema distante dos grandes centros hospitalares. Muitas vezes, o paciente tem o melhor atendimento, rápido e eficaz, mas deixa o hospital sem saber o que é preciso fazer para evitar a recorrêmcia do problema e até mesmo a morte”, revela Otávio Rizzo, Chefe da Unidade de Cardiologia da Unicamp.


    O que é Infarto?

    Sinônimos: ataque cardíaco, infarto agudo do miocárdio, parada cardíaca
    Um ataque cardíaco ocorre quando o fluxo de sangue que leva ao miocárdio (músculo cardíaco) é bloqueado por um tempo prolongado, de modo que parte do músculo cardíaco seja danificado ou morra. Os médicos chamam isso de infarto do miocárdio.

    Também chamado de infarto agudo do miocárdio ou ataque cardíaco, o infarto pode ser fatal. Com tratamento adequado, é possível evitar danos significativos no músculo cardíaco e isso é primordial para que o paciente possa viver muitos anos sentindo-se bem. Por isso, é crucial chamar a emergência ou correr para o hospital nos primeiros sinais do problema.
    As doenças cardiovasculares são líderes em morte no mundo, sendo responsáveis por quase 30% das mortes no Brasil. Dentre estas, o infarto é uma das principais causas.

    Causas

    O infarto ocorre quando uma ou mais artérias que levam oxigênio ao coração (chamadas artérias coronárias) são obstruídas abruptamente por um coágulo de sangue formado em cima de uma placa de gordura (ateroma) existente na parede interna da artéria.
    A presença de placas de gordura no sangue é chamada de aterosclerose (placa de colesterol). O paciente que possui placas de aterosclerose com algum grau de obstrução na luz de uma artéria tem a chamada DAC – doença arterial coronariana. Conforme a placa de gordura (ateroma) cresce, ela leva à obstrução cada vez maior da coronária e pode levar ao sintoma de dor no peito aos esforços (angina). Em geral, uma pessoa tem sintoma de dor no peito aos esforços quando a obstrução é maior que 70%.
    Antigamente acreditava-se que o infarto agudo do miocárdio ocorria quando estas placas cresciam progressivamente até fechar completamente o vaso. Hoje sabemos que não é isso que ocorre. O fechamento do vaso ocorre devido a uma ruptura na parede da placa de gordura, levando à formação de um coágulo que obstrui abruptamente a artéria e ocasiona o infarto agudo do miocárdio.
    Outra descoberta importante foi que esta ruptura, formação de coágulo e fechamento do vaso pode ocorrer em placas de aterosclerose pequenas que causavam 20% a 30% de obstrução e, por isso, eram assintomáticas.
    Então, é possível que alguém que não sinta nada em caminhadas ou até em corridas possa sofrer um infarto agudo do miocárdio? A resposta é sim! Cerca de 50% a 60% dos infartos ocorrem em pessoas previamente assintomáticas. Por conta disso, o check-up é tão importante.
    Outra causa incomum de infarto são espasmos de uma artéria coronária, que podem ser capazes de interromper o fluxo de sangue a uma parte do músculo cardíaco. Drogas, como a cocaína, podem causar tal espasmo. Um ataque cardíaco também pode ocorrer devido a uma ruptura na artéria do coração, ou coágulos que viajaram de outras partes do corpo pelo sangue. Infarto também pode ocorrer se o fluxo sanguíneo para o coração é severamente diminuído, em situações como a pressão arterial muito baixa (choque).

    Fatores de risco

    Fatores de risco de infarto incluem:

    Fatores de risco

    Fatores de risco de infarto incluem:
    O infarto pode ocorrer a qualquer momento – no trabalho, praticando exercícios ou mesmo descansando. Algumas vezes ele é súbito, em outras leva horas para a pessoa perceber que está com algum problema. Em alguns casos, pode levar dias até que o paciente note uma dor mais forte ou alteração. Mas o que geralmente acontece é que algum sintoma mais leve é ignorado até a piora do quadro, quando paciente procura ajuda médica.
    É muito comum confundir o infarto com uma parada cardíaca – ou seja, dizer que o infarto só acontece quando o coração subitamente para de bater. Parada cardíaca súbita ocorre quando um distúrbio elétrico no coração interrompe sua ação de bombeamento e faz o sangue parar de fluir para o resto do seu corpo. Um infarto pode levar a uma parada cardíaca, mas não são sinônimos.

    Buscando ajuda médica

    Na presença dessas sensações, é de extrema importância procurar ajuda no pronto socorro mais próximo imediatamente. Conforme o tempo passa a dor pode até diminuir, mas o dano torna-se mais extenso e irreversível. Caso você desconfie de um infarto:
    • Ligue para emergência e peça ajuda. Se você suspeita que está sofrendo um infarto, não hesite em ligar para o SAMU ou outro número de emergência. Se você não tiver como fazer essa ligação, peça para alguém levalo até o hospital mais próximo – vá dirigindo apenas em último caso
    • Caso você tenha comprimidos de ácido acetilsalicílico infantil em lugar de fácil acesso, é importante tomar o medicamento. Ele ajuda a dissolver o coágulo de sangue que, junto com placas de gordura, estão obstruindo a artéria. Devem ser administrados três comprimidos de 100mg o mais rápido possível, mastigando antes de engolir, para acelerar a absorção da medicação. No entanto, faça isso depois de ligar para a emergência, de forma a não atrasar sua chegada ao hospital.

    Se você vê alguém tendo um infarto

    • Chame a emergência
    • Deixe a pessoa confortável
    • Dê ácido acetilsalicílico
    • Cheque o nível de consciência da pessoa constantemente
    • Verifique se alguém próximo tem treinamento de atendimento básico de emergência e sabe usar um DEA (desfibrilador automático externo) e verifique se há um disponível. Este aparelho é capaz de salvar vidas durante um episódio de parada cardíaca.

    Massagem cardíaca

    Caso a pessoa esteja desacordada e irresponsiva e não tenha ninguém habilitado que saiba usar um desfibrilador automático externo, inicie os procedimentos de reanimação cardíaca enquanto a emergência não chega. Muitas pessoas deixam de atender pessoas em parada cardíaca pois não querem realizar respiração boca a boca, no entanto, desde 2010 a American Heart Association afirma que socorristas leigos não precisam realizar tal procedimento. Dessa forma, a reanimação cardíaca envolve apenas compressões no peito. Siga o passo a passo:
    • Com as mãos espalmadas e cruzadas, pressione o tórax exatamente no centro do peito, entre os dois mamilos
    • É preciso comprimir forte (5 centímetros de profundidade aproximadamente), rápido e deixar o tórax relaxar entre as compressões. A American Heart Association disponibiliza um vídeo mostrando que é possível sincronizar o intervalo das compressões com a música Stayin' Alive, da banda Bee Gees ou a Marcha Imperial do filme Guerra nas Estrelas (Star Wars)

    Diagnóstico de Infarto

    Se você está tendo um ataque cardíaco, ele normalmente será diagnosticado em um cenário de emergência e não em uma consulta médica. Caso você esteja acordado, será solicitado a descrever seus sintomas e vai ter a sua pressão arterial, pulso e temperatura marcada. Você vai ser ligado a um monitor cardíaco e vai começar quase que imediatamente fazer testes para confirmar o infarto.
    A equipe médica vai ouvir o seu coração e pulmão usando um estetoscópio. Você será questionado sobre seu histórico de saúde e histórico familiar de doença cardíaca. Os testes vão ajudar a verificar se os seus sinais e sintomas, como dor no peito, são sinal de um ataque cardíaco ou outra condição. Estes exames incluem:
    • Eletrocardiograma (ECG)
    • Exames de sangue.
    Você também pode passar por esses exames adicionais:
    • Radiografia do tórax
    • Ecocardiograma
    • Cateterização coronariana (angiografia)
    • Teste ergométrico, após o quadro estar estabilizado
    • Cintilografia do miocardio
    • Tomografia computadorizada (TC) ou ressonância magnética.

    Anote perguntas para fazer ao médico

    Após o quadro de infarto se estabilizar e você quiser saber mais sobre o seu problema, pode fazer algumas perguntas básicas ao médico:
    • Que tipos de testes que eu preciso para determinar a saúde atual do meu coração?
    • Quais alimentos devo comer ou evitar?
    • Qual é o nível adequado de atividade física?
    • Com que frequência devo fazer exames de rastreamento?
    • Tenho outras condições de saúde. Como posso gerenciar melhor essas condições juntas?
    • Há algum livro ou material impresso que eu posso levar para casa comigo?
    • Quais sites você recomenda visitar para obter mais informações?
    Além das questões que você preparou, não hesite em fazer perguntas adicionais que podem surgir durante a sua consulta.

    Tratamento de Infarto

    O tratamento de infarto em um hospital varia de acordo com a situação. Você pode ser tratado com medicamentos, ser submetido a um procedimento invasivo ou ambos - dependendo da gravidade do seu estado e da quantidade de danos ao seu coração.

    Tratamento de Infarto

    O tratamento de infarto em um hospital varia de acordo com a situação. Você pode ser tratado com medicamentos, ser submetido a um procedimento invasivo ou ambos - dependendo da gravidade do seu estado e da quantidade de danos ao seu coração.

    Medicamentos

    Medicamentos indicados para tratar um ataque cardíaco incluem:
    • Ácido acetilsalicílico
    • Trombolíticos
    • Medicamentos semelhantes ao ácido acetilsalicílico para ajudar a prevenir a formação de coágulos novos, incluem clopidogrel e outros, chamados inibidores da agregação plaquetária
    • Outros medicamentos para afinar o sangue
    • Analgésicos
    • Nitroglicerina
    • Betabloqueadores
    • Inibidores de ECA
    • Medicamentos para baixar o colesterol.

    Procedimentos

    Além de medicamentos, você pode passar por um dos seguintes procedimentos para o tratamento de seu ataque cardíaco:
    • Angioplastia coronária com implante de stent
    • Cirurgia de revascularização miocárdica.

    Medicamentos para Infarto

    Os medicamentos mais usados para o tratamento e prevenção de infarto são:
    Somente um médico pode dizer qual o medicamento mais indicado para o seu caso, bem como a dosagem correta e a duração do tratamento. Siga sempre à risca as orientações do seu médico e NUNCA se automedique. Não interrompa o uso do medicamento sem consultar um médico antes e, se tomá-lo mais de uma vez ou em quantidades muito maiores do que a prescrita, siga as instruções na bula.

    Convivendo/ Prognóstico

    Seus hábitos de vida influenciam na saúde do seu coração. Seguir as orientações corretamente pode evitar que você tenha um novo infarto e ajuda na recuperação do episódio anterior. Ter sofrido um infarto aumenta em 5x as chances de um novo infarto. Portanto você deve seguir as seguintes recomendações:
    • Não fume
    • Controle a pressão arterial e o colesterol
    • Evite o fumo passivo
    • Faça check-ups médicos regulares
    • Faça exercícios regularmente
    • Mantenha o peso ideal
    • Tenha uma dieta saudável
    • Controle o diabetes
    • Controle o estresse
    • Não ingira álcool em excesso.

    Complicações possíveis

    • Arritmia cardíaca
    • Insuficiência cardíaca
    • Ruptura do músculo cardíaco, que pode ser fatal
    • Problema nas válvulas cardíacas

    Prevenção

    Nunca é tarde demais para tomar medidas para prevenir um infarto - mesmo se você já teve um. Tomar medicamentos pode reduzir o risco de um ataque cardíaco subsequente e ajudar a sua função cardíaca danificada melhor. Mudanças no estilo de vida também desempenham um papel fundamental na prevenção e recuperação de coração ataque.

    Medicamentos

    Os médicos geralmente prescrevem terapia medicamentosa para as pessoas que já tiveram um ataque cardíaco ou que estão em alto risco de ter um. Medicamentos que ajudam o funcionamento do coração de forma mais eficaz ou reduzir o risco de ataque cardíaco são semelhantes ao comentados no tratamento do infarto, apenas continuados com doses que podem ser mantidas a longo prazo.

    Mudanças no estilo de vida

    Além de medicamentos, as mesmas mudanças de estilo de vida que podem ajudar você a se recuperar de um ataque cardíaco também pode ajudar a prevenir futuros ataques cardíacos. Estes incluem:
    • Não fumar
    • Controlar a pressão arterial e o colesterol
    • Evitar o fumo passivo
    • Fazer check-ups médicos regulares
    • Fazer exercícios regularmente
    • Manter o peso ideal
    • Ter uma dieta saudável
    • Controlar o diabetes
    • Controlar o estresse
    • Não ingerir álcool em excesso.
    Fontes e Referência:

    • Bruno Valdigem, cardiologista especialista do Portal Minha Vida - CRM 118535
    • Revisado por: Rafael Munerato, cardiologista e diretor médico do Lavoisier Medicina Diagnóstica - CRM 101547
    • Ministério da Saúde
    • Sociedade Brasileira de Cardiologia
    • Fonte:http://www.minhavida.com.br/saude/temas/infarto

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